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Opinião

O discurso dos Katistas e integrantes do DEM-TO é sempre o mesmo; manutenção da Aliança da Vitória que reelegeu Marcelo Miranda (PMDB) governador. Nesta retórica demo, está claro que o alvo principal do flerte são os peemedebistas, integrantes do maior partido do estado.

O problema é que eles parecem não se enganar com o canto da sereia e alardeiam a boca pequena que, caso se concretize a ambição da senadora Kátia Abreu (DEM) de ser governadora do Tocantins em 2010, ela acabaria com o PMDB. Hoje na maior parte dos municípios tocantinenses o principal adversário do partido para o escrutínio de outubro são os demos.

Esta constatação corrobora a visão do presidente do PT tocantinense, Donizeti Nogueira, para o qual a Aliança da Vitória nasce e termina com a eleição de Marcelo Miranda, e por outro lado, explica a aproximação cada vez maior entre petistas e peemedebistas, aliados no estado desde 1992.

Para fazer valer suas pretensões, os demos lançam mão de todas as estratégias e principalmente usam os veículos de comunicação conservadores e alinhados à causa ideológica do partido também conservador. Tem até jornalista katista buscando gestos semânticos profundos no plantio de girassol em Palmas feito pela prefeitura. Argumentam que isto seria um sinal da aproximação de Raul Filho (PT) e Siqueira Campos (PSDB) - O girassol é um símbolo siqueirista desde a implantação da capital. Vale lembrar que o mesmo veículo “derrubou” no dia 1º de abril o secretário de finanças da prefeitura, Adjair de Lima, que ficou descontente com a aproximação entre Siqueira e Raul.

A estratégia é ladina. Sabedores de que, boa parte da derrota Siqueirista se credita ao sentimento anti-siqueira primeiramente incorporado por Raul, desde que romperam, os demos tentam colar nele a falta de coerência, atitude pouco tolerada pelos eleitores mais atentos. Por outro lado pretendem, com isto, vender ao governador Marcelo Miranda a idéia de que Raul não é confiável, oxigenando desta forma a pré candidatura à prefeitura, de Nilmar Ruiz (DEM), que anda com boa intenção de votos, mas que sofre com o desgaste de uma aliança natimorta.

Kátia se esforça com seu grupo para não ficarem isolados, lutam contra a correnteza, mas a lógica política conspira contra. Os peemedebistas já identificaram o principal adversário, principalmente nos municípios e desconfiados movem as peças planejando afastar a rainha do tabuleiro, tornando o jogo mais suave e sem os sobressaltos que a senadora, assim como as rainhas, impõe no jogo de xadrez.

Para o PMDB, aliar-se ao DEM será dormir com o inimigo, por outro lado uma aliança com o PT trará acomodação vantajosa para vários atores do jogo. Restará então ao partido superar suas quizilas internas, a começar pelas atitudes e iniciativas concorrentes tomadas pelos dois principais caciques, deputado federal e presidente do partido, Osvaldo Reis e Moisés Avelino, deputado federal e ex-governador. Briga entre os dois não interessa a nenhum dos lados, mas pacto de cavalheiros sim.

Fazendo-se uma análise de cenário para 2010 influenciado pelos resultados de outubro, poderíamos ter a seguinte conjuntura. Considerando-se que PMDB e PT saiam mais encorpados, Reis e Avelino seriam dois fortes pretendentes a cargos Majoritários. Lá na frente poderiam acordar amigavelmente quem concorreria a que, um ao governo e outro ao senado, fazendo companhia ao governador Marcelo Miranda. Por outro lado abrir-se-iam duas vagas para deputados federais, uma delas para ser ocupada por Carlos Henrique Gaguim (PMDB), presidente da Assembléia Legislativa e que não esconde de ninguém a intenção de alçar vôos mais altos.

Nesta conjuntura Raul e o PT seriam importantes aliados e o titular do executivo da capital alcançando o sucesso no próximo pleito poderia ser um ótimo vice-governador abrindo espaço para o vice-prefeito do PMDB governar por dois anos e meio a capital. Para Raul também seria bom, pois ganharia mais experiência no currículo para tentar futuramente a cadeira do executivo estadual.

Todas estas conjecturas, entretanto, dependem de uma série de negociações e desapego às egocentricidades. Este final de semana a imprensa conservadora do estado propagou aos quatro cantos a fala do presidente Lula, que disse, segundo o Jornalista Ricardo Noblat, que o PMDB poderia se aliar a quem ele quisesse. Em são Paulo se juntou ao DEM. Um capricho do ex-governador Orestes Quércia fazendo birra ao presidente nacional do partido, Michel Temer. Se bem que, Quércia há muito anda no ostracismo e pouca diferença faz. A grande verdade é que na maioria dos municípios do Tocantins e Brasil afora o grande concorrente do PMDB é o demo e as vaidades pessoais. É esperar para ver.

 

Umberto Salvador Coelho