Com a chegada da Ferrovia Norte-Sul e da Hidrovia Tocantins, que surgem como alternativas vantajosas à rodovia BR-153, ligando o Estado às regiões brasileiras e ampliando as oportunidades de exportações, o Tocantins está prestes a ser cortado pela “espinha dorsal” do transporte de cargas no Brasil.
Localizado no centro do país, o Tocantins vai contar com um modal triplo de transporte de cargas: rodovia, trilhos de ferro e o leito navegável do rio Tocantins, que irão ligar diferentes regiões brasileiras, se integrando e oferecendo alternativas de frete mais baratos para quem é investidor.
Esta mudança está batendo à porta. A Ferrovia Norte-Sul já corta o Estado, de Aguiarnópolis a Guaraí, com vistas a entrar em operação até 2010. E a Hidrovia Tocantins conta com os primeiros 420 km já aptos à navegação de barcos cargueiros, condição esta que será mostrada numa viagem experimental, nesta sexta-feira, 16, de Pedro Afonso a Aguiarnópolis.
A expedição no rio Tocantins deve durar três dias, promovida pelo governo do Estado e pelo governo federal, através, respectivamente, da Secretaria de Representação do Tocantins e da Ahitar - Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia.
Atestando a real navegabilidade do rio, a expedição – considerada um evento histórico - trará uma confirmação positiva: a redução nos custos e no tempo do transporte de cargas. A hidrovia, segundo a Secretaria de Representação do Tocantins, está pronta, sendo necessárias, apenas, algumas obras pontuais de pequeno porte nas áreas de balizamento e sinalização e a construção de portos em Miracema, Pedro Afonso e Aguiarnópolis.
“Agora nós vamos comprovar que o rio é navegável. Precisamos dessa comprovação, deste fato, para que possamos trazer investidores para o Estado”, diz Paulo Martorelli, coordenador técnico do Estado em Brasília e consultor de portos, navios e hidrovias. Sobre investidores, ele se refere, essencialmente, aos empresários do ramo do transporte fluvial.
Comércio
Com a facilidade no transporte, o Tocantins será mais que um corredor de passagem para as cargas que vêm de fora. Se tornará muito mais lucrativo investir no próprio Estado, sobretudo na industrialização dos produtos agropecuários daqui. A partir da perspectiva de industrializar para exportar, o Tocantins já atrai investidores, ganhando indústrias de biodiesel, etanol e abatedouros de animais, entre outros.
Hoje, via BR-153, a produção de soja de Pedro Afonso e região percorre 600 km de estradas até chegar a Porto Franco (MA), de onde segue em trem de ferro rumo ao mercado externo. Com a conclusão dos novos modais, o percurso das cargas será reduzido para 420 km, pela Hidrovia Tocantins, até chegar em Aguiarnópolis e pegar os trilhos da Norte-Sul, rumo ao Porto de Itaqui (MA).
Economia
O administrador da Coapa - Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso, Vanderlei de Souza, diz que a maior vantagem da Hidrovia não é a redução no trajeto, mas sim a utilização de um modal de transporte bem mais barata. Segundo cálculos iniciais, disse, o frete para tonelada de carga será reduzido de R$ 40,00 para R$ 18,00. “Para o transporte de 800 toneladas, hoje nós precisamos colocar 22 motores de caminhões em funcionamento. Com a Hidrovia, serão necessários apenas dois motores de barcaça”, exemplifica.
Além da vantagem financeira, Souza cita os benefícios sociais da Hidrovia, comparada ao transporte rodoviário, como a grande redução da poluição e dos acidentes no tráfego.
Eclusas
Iniciada a navegação no rio Tocantins, o Estado espera partir rumo à consolidação de outros resultados, como as obras finais no primeiro trecho da Hidrovia e para a construção de portos e eclusas.
Com a eclusa de Lajeado, na Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, poderá entrar em operação o segundo trecho da Hidrovia Tocantins, de 280km, entre os municípios de Peixe e Miracema. Já com a eclusa da Hidrelétrica de Estreito, a Hidrovia Tocantins atinge sua plenitude, chegando até o Porto de Vila do Conde (PA), que abre uma outra rota estratégica para as exportações do Estado.
São os lagos formados pelas hidrelétricas que regularizam o fluxo de água do rio Tocantins, tornando possível a navegação de barcos cargueiros durante todas as épocas do ano. Mas, sem a eclusa destas mesmas hidrelétricas, as hidrovias não podem atingir todo seu potencial.
Fonte: Secom