A histórica praça da árvore de Palmas, onde ocorreu uma reunião em uma antiga sede de fazenda que havia no local, visando a criação da capital, se transformou em um lugar sinistro. Apesar dos esforços da prefeitura revitalizando a área, o espaço que poderia ser um ambiente de lazer e descontração para os habitantes de Palmas tem sido palco de estupros, tráfico de drogas e morte suspeita.
Na última quarta-feira, 21, foi encontrado a poucos metros da praça, na área verde que a compõe, um cadáver imerso no córrego Sussuapara que a margeia. O homem, que estava apenas com a roupa íntima, apresentava um corte acima do supercílio direito e segundo relatos da perícia que esteve no local, a morte teria ocorrido durante a madrugada ou mesmo na manhã da quarta-feira.
No local foram encontradas junto a uma mochila, uma carteira de trabalho e uma identidade em nome de Damião Santana de Brito, 47 anos, que se supõe sejam da vítima. O setor de papiloscopia do Instituto de Identificação recolheu as impressões digitais do cadáver e está trabalhando para verificar se pertencem a mesma pessoa.
Até a manhã desta sexta-feira, 23, o cadáver ainda se encontrava no IML à espera de parentes e o laudo da causa da morte ainda estava inconcluso. Sabe-se apenas que a morte se deu por causa externa – asfixia mecânica por afogamento – segundo o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Eduardo Braga.
Ainda segundo Braga, caso não apareça nenhum parente para reclamar o corpo, o IML tomará as medidas para sepultamento. O diretor lembrou que o corpo não poderá ser doado a faculdades de medicina, como prevê a lei 8502/91 que normatiza procedimentos de cadáver ignorado com prazos de até 30 dias. É que, segundo ele, o corpo apresenta evidências de morte não natural.
Evidências
O Conexão Tocantins foi até o local do ocorrido, que fica em pleno centro da cidade aproximadamente a 100 metros de uma das quadras residenciais mais antigas da capital, a ARNE 12, atual 106 norte e descobriu algumas evidências que não foram recolhidas pela perícia e ainda se encontram no local, como três camisas e uma calça.
A profundidade do córrego pelo que pudemos constatar não passa de 1 metro de profundidade e a água é bastante poluída.
Segundo José Ribamar Ferreira Noleto, perito que esteve no local, a polícia recolheu os pertences que se encontravam próximos ao corpo e os levou para a delegacia. Ainda segundo ele, estas roupas podem ser de terceiros que passam pelo local.
Especulação Imobiliária
A especulação imobiliária pode estar contribuindo para o aumento da violência na praça. É que além da área verde que faz parte da praça, do outro lado do córrego Sussuapara, no sentido norte, se encontra a quadra 304 Norte que é um imenso vazio demográfico composto por aproximadamente 60 hectares de vegetação de cerrado e que serve de esconderijo e rota de fuga para marginais que agem nas imediações do centro da cidade. Na quadra sequer existem ruas traçadas, isto a aproximadamente 1 km do palácio Araguaia.
Umberto Salvador Coelho