A disputa pela Prefeitura de Palmas, ao contrário de todas as outras eleições anteriores, não será polarizada em apenas dois candidatos. Estarão na luta pelo cargo o prefeito Raul Filho (PT), a deputada federal Nilmar Ruiz (DEM) e o deputado Marcello Lelis (PV). Mas até o dia 5 de julho, data para o registro das candidaturas, a expectativa é de que muitos conchavos vão acontecer. Esta eleição não será fácil para nenhum dos três candidatos. Dados de uma pesquisa recente, que está guardada debaixo de sete capas, apontam os seguintes dados: Nilmar na frente, com 25 por cento; Raul em segundo, com 24 por cento, e Lelis, em terceiro, com 19 por cento.
Cada um dos três candidatos tem a sua fatia do eleitorado palmense e nenhum deve menosprezar o potencial do outro. A decisão do pleito vai depender do comportamento durante a campanha eleitoral, das propostas apresentadas e dos debates no palanque eletrônico. E é nesse particular que o prefeito Raul espera "detonar" a candidata Nilmar, porque vai fazer uma campanha comparativa. Até sexta-feira, 27, o que se especulava nos bastidores era o apoio do PR do senador João Ribeiro à reeleição de Raul, dada a aliança dos republicanos com o PT em nível nacional.
Outro aspecto que pode influenciar no êxito da reeleição do prefeito Raul é o possível apoio do deputado Eli Borges (PMDB), que foi derrotado no diretório na sua postulação de ser candidato. O PT acredita que a vereadora Edna Agnolin (PDT), devido ao seu trabalho social na cidade, pode contribuir sobremaneira para puxar votos. O certo é que a Aliança da Vitória ficou dividida nesta disputa. Uma ala vai acompanhar Nilmar e a outra, Raul Filho.
Nilmar chegou conversar na quinta-feira, 26, com o ex-pré-candidato pelo PMDB Eli Borges. Ela procurou Eli para tentar convencê-lo a participar de sua candidatura. Mas, pelo jeito, Eli ainda está ressentido do "golpe" que sofreu. O governador Marcelo Miranda pode convencê-lo a compor com Nilmar.
O PT, que conta com o apoio Frente de Esquerda (PSB, PDT, PC do B, PRB, PDT e PPS), a exemplo do DEM, realiza sua convenção na segunda-feira, 30, com os candidatos a vice já definidos. Raul terá como vice a vereadora Edna Agnolin, do PDT, e Nilmar, o vereador e presidente licenciado da União dos Vereadores do Tocantins (UVT), Evandro Gomes (PMDB). Os partidos que compõem a União do Tocantins realizariam suas convenções no sábado, 28. A deputada Luana Ribeiro (PR) era cogitada para ser a candidata a vice de Marcello Lelis, mas o quadro poderia sofrer um revés, uma vez que o PR acenava com a possibilidade de seguir com Raul.
Evandro Gomes disse que ficou muito feliz com a escolha. Ele havia lançado a sua pré-candidatura a prefeito da capital, mas retirou em nome da unidade do PMDB, cuja candidatura do deputado Eli Borges fora abortada durante a convenção do partido, realizada no dia 22. "Agora quero sentar com Nilmar para formatarmos um plano de administração para Palmas que viverá um novo tempo, após nossa eleição", diz Gomes.
O governador Marcelo Miranda (PMDB) só definiu na terça-feira, 24, o apoio público à candidatura da deputada Nilmar à Prefeitura de Palmas. Nilmar administrou a cidade de 2001 a 2004, mas foi derrotada por Raul Filho (PT) quando tentou a reeleição.
O ex-deputado estadual José Augusto Pugliese foi considerado dentro do PMDB como principal articulador pela coligação do partido com o DEM. Ele acredita que o apoio do governador a uma candidata de partido adversário do presidente Lula não vai prejudicar a relação da administração estadual com o Palácio do Planalto. Pugliese disse que Lula não está interferindo nas eleições municipais, ao citar o exemplo da Bahia, onde um ministro é contrário ao candidato do PT em Salvador.
Oposição
Os desentendimentos não ocorreram somente na base aliada do governo. A oposição também viveu dias angustiantes na semana passada, quando a Executiva Nacional do PSDB emitiu uma resolução proibindo o partido em Palmas de se aliar ao DEM, da deputada Nilmar. A ação visou neutralizar a intenção de integrantes do diretório municipal tucano que pretendiam levar a legenda para a coligação Aliança da Vitória, o que alteraria o quadro político da capital, colocando juntos dois adversários políticos do momento: o ex-governador Siqueira Campos (PSDB) e o governador Marcelo Miranda (PMDB).
O deputado federal Eduardo Gomes (PSDB) garantiu que os tucanos vão respaldar Lelis na disputa eleitoral deste ano. Com isso, o diretório regional tucano resolveu dissolver o diretório municipal e nomeou o suplente de deputado federal Freire Júnior como presidente da Comissão Provisória. O presidente do metropolitano era o tenente Célio, que pretendia uma aproximação com a Aliança da Vitória. Na luta de rasteiras dos coronéis, quem levou o golpe final foi o tenente.
Fonte: Jornal Opção
Gilson Cavalcante