O advogado da coligação União do Tocantins - UT, Juvenal Kleiber, acompanhou na tarde desta quarta-feira, 30, na Polícia Federal, os depoimentos de duas lideranças comunitárias que revelaram estar sendo cooptadas por pessoas ligadas ao governo estadual e “conseqüentemente ligadas à candidata Nilmar (Nilmar Ruiz - DEM)”, disse Kleiber, mediante vantagens para que apóiem a candidata da Aliança da Vitória. O advogado afirmou que estas pessoas são do primeiro escalão do governo Marcelo Miranda (PMDB).
Kleiber disse que a coligação recebeu a denúncia há alguns dias, de que várias lideranças que vinham trabalhando para o candidato da UT, Marcelo Lelis (PV), vinham sendo cooptadas. “Nós primeiramente ouvimos as pessoas para após comunicar o Ministério Público Eleitoral a ocorrência desta tentativa”. Segundo o advogado esta tentativa é uma prática que “infelizmente já vem ocorrendo no estado há algum tempo” e atinge o Estado Democrático de Direito e desequilibra as eleições, “porque há funcionários públicos do Estado que estão nos bairros tentando “comprar as lideranças que estão apoiando Marcelo Lelis”, disse Kleiber.
O advogado disse que mediante tão grave denúncia procurou o Ministério Público e este remeteu as testemunhas à Polícia Federal para que tomasse os depoimentos que devem ser entregues ao Ministério Público Eleitoral, para abertura de inquérito ou ação competente contra as pessoas envolvidas.
Kleiber não quis adiantar o nome das pessoas do Estado citadas pelas testemunhas Valtônia - líder comunitária do Setor Taquari e Creomildo Cavalhedo Leite, porque segundo ele, isto poderia atrapalhar as investigações “e nós não queremos de forma alguma antecipar os fatos”, disse . Kleiber, entretanto, adiantou que os nomes constam nos depoimentos fornecidos ao delegado da Polícia Federal, inclusive os detalhes da cooptação. Ele disse que as testemunhas se dispuseram a ter o sigilo telefônico quebrado para comprovar os autores das propostas e os diálogos das conversas.
A partir de agora o advogado disse que irá acompanhar o caso e espera que as autoridades competentes possam agir e, de forma rápida, fazer com que estas “atitudes que vem sendo tomadas” acabem para que a pessoa que for eleita seja eleita pelo voto e não por “artifícios ilegais”, arrematou.
O Conexão Tocantins tentou falar com Creomildo, mas este informou que a orientação do advogado é para que não adiante nada no momento. Descobrimos então que ele foi nomeado através do Decreto Administrativo Nº 199/2005 para exercer o cargo em comissão oficial no gabinete da presidência da Assembléia a partir de 1º de fevereiro de 2007.
Segundo uma fonte que não quis se identificar a nomeação ocorreu a pedido de Marcelo Lelis, que teria direito a tal indicação. Antes, Creomildo foi contratado do governo em 2006 como Assessor Especial, DAS-3, da Secretaria da Administração, redistribuído para a Secretaria do Governo a partir de 10 de abril de 2006.
Creomildo também foi secretário da Ação Comunitária na gestão Nilmar Ruiz em 2004 à frente do executivo da capital. O Conexão Tocantins falou também com a assessoria de imprensa de Nilmar e foi informado que a candidata desconhece o assunto levado à Polícia Federal.
Polêmica
Não é a primeira vez que Nilmar se vê envolvida em acontecimentos desta natureza. Durante toda sua gestão à frente da prefeitura de Palmas (2001-2004) ela esteve às voltas com a acusação de compra de votos feita pelo atual prefeito licenciado da capital e candidato à reeleição, Raul Filho (PT), que costuma dizer que “aquela foi uma eleição que ganhamos mas não levamos”. Naquela oportunidade a então prefeita Nilmar, conseguiu através de sucessivos recursos judiciais se manter à frente da administração até o fim do mandato.
Umberto Salvador Coelho