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Opinião

Sinceramente, os números de todas as pesquisas de intenções de votos realizados em Palmas nos últimos cinco dias indicam que não dá mais para a candidata da Aliança da Vitória, Nilmar Ruiz. A disputa pela Prefeitura de Palmas, a Capital do Estado, será mesmo entre o atual prefeito Raul Filho (PT) e o jovem candidato do Partido Verde, Marcelo Lélis.

“Para ganhar a eleição no Tocantins, eu tive que ensinar o candidato falar e andar”, disse o poderoso marqueteiro Marcus Vinícius, em um congresso da categoria, no final de 2006. “Eu tenho a minha equipe, e não aceito palpites. Assumo o ônus e o bônus da campanha”, disse o poderoso marqueteiro ao desembarcar em Palmas para dirigir a campanha de Nilmar Ruiz.

O bônus ele vai levar. Mas o ônus ficará com quem o contratou, pois esta derrota será politicamente creditada ao governador Marcelo Miranda. Se quiser e achar comprador, Marcus Vinícius poderá escrever um livro de “como perder uma eleição”, pois pegou uma candidata líder de aceitação e entregou líder de rejeição. Com medo de melindrar o governador, entregaram toda a direção da campanha ao presunçoso marqueteiro. E deu no que deu.

O prefeito-candidato fez as melhores articulações para a montagem da chapa. Raul Filho tirou das mãos do Governo a base de sustentação para a sua campanha. De cara puxou três vereadores, o vice-prefeito Derval de Paiva e o “ético” Eli Borges. Depois das convenções, Raul provocou mais baixas na base governista e ainda arrebatou um monte de siqueiristas.

A campanha de vídeo do candidato Raul Filho deu um verdadeiro show na abordagem dos temas e mostrou o candidato distante dos problemas, fazendo prestações de contas e novas propostas. Já a sua campanha de rua enfrentou tropeços. Foi bem na montagem dos palanques, mas não conseguiu cumprir o organograma financeiro, o que provocou descontentamento nos operários e devolução de cheques sem fundo. O candidato petista também foi visivelmente favorecido pelos tropeços das pesquisas Ibope e do Serpes, que o colocou em patamares onde nunca teve. O Ibope levantou a moral do grupo de Raul Filho e provocou um estrago na campanha da candidata governista, Nilmar Ruiz. Como a candidata não teve coragem de denunciar os erros do Ibope, acabou sem chances de esboçar uma reação forte, apesar das emocionantes e gigantescas carreatas e caminhadas que fez.

O beneficiário desta briga acabou sendo o jovem Marcelo Lelis, que fez uma campanha de pé no chão, com poucos recursos, mas com uma ousadia de gente grande. E deu provas de maturidade quando corrigiu erros da campanha. E Marcelo ainda mostrou que não vai ser cabresteado, pois colocou e tirou Siqueira na campanha a hora que bem quis.

Matematicamente, o candidato do PT, Raul Filho, tem mais chances de ganhar esta eleição, pois está à frente de seus concorrentes. Politicamente, entretanto, a situação não é bem esta. Ocorre que a política não é uma linha reta e nem sempre dois mais dois são quatro.

O candidato Raul Filho fez uma campanha de ataques violentos contra a candidata Nilmar Ruiz e o governador Marcelo Miranda. Ataques em todos os sentidos, desde discursos raivosos e provocadores, até o investimento contra a base familiar, expondo Maria Helena Brito Miranda contra o irmão e o sobrinho. Mais do que político, foi um ato de crueldade para quem estava, até então convivendo pacificamente e trocando convênios.

Abatidos, os eleitores de Nilmar Ruiz estão, no momento, pensando qual é o mal menor em termos políticos: perder a eleição para Raul Filho ou Marcelo Lelis? A vitória de Marcelo Lelis significa perder para o novo, mas é sem dúvida abrir espaço para uma tentativa de retorno do velho (Siqueira). Não é um bom negócio, mas é um adversário conhecido e já abatido, sem mito.

Por outro lado, a vitória do prefeito Raul Filho significa entregar o controle político do Estado nas mãos do grupo petista e da base governista que abandonou Marcelo Miranda. Eleito prefeito, Raul Filho estará com a sua estrada pavimentada para uma corrida ao Palácio Araguaia.

Trata-se de uma decisão difícil, principalmente porque a cúpula governista não poderá pedir para os seus aliados deixarem de votar na candidata Nilmar Ruiz e escolher outro. Esta é uma decisão que os eleitores de Palmas e aliados políticos do governador Marcelo Miranda vão ter de tomar sozinhos. É a escolha do voto útil. É deixar ou tirar Palmas do vermelho.

Bom voto para todos e todas.

É, pois é. É isso aí.

 

Salomão Wenceslau

Jornalista

 

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