Correndo o risco de não poder assumir o mandato para qual foi reeleito por ter seu registro de candidatura negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o prefeito de Santa Fé do Araguaia (TO), Valtenis Lino da Silva (PMDB), contesta a facilidade com que conquistou mais quatro anos na prefeitura no último dia 5 de outubro. Ele foi o único candidato na cidade, em uma coligação que reuniu 14 partidos e colocou, lado a lado, aliados e a oposição ao seu governo.
Para ele, uma candidatura única traz muitos questionamentos e é vista com ressalva pela população, que suspeita dos acordos feitos para garantir a chapa única e não tem como "barganhar" as promessas de campanha entre os candidatos. "Se tiver que disputar mais dez eleições, eu prefiro que tenha mais candidatos. É muito melhor concorrer com mais candidatos, a candidatura única é a mais difícil, porque é muito questionada", afirma.
Ele explica que a decisão de chapa única foi costurada em reuniões com os vereadores da cidade e representou a confiança em seu trabalho. No entanto, até mesmo seus aliados contestaram a decisão. "Os próprios companheiros achavam que deveria ter concorrentes para [a candidatura] ter mais valor", disse Valtenis.
Inelegível
Apesar de não precisar disputar a vaga - ele teve 3.420 dos 4.502 votos da cidade -, o peemedebista agora corre contra o tempo para reverter a decisão da Justiça Eleitoral que o impossibilita de assumir em 2009. Ele afirma que seus advogados ingressaram hoje com agravo regimental sobre a decisão da última quarta-feira (12).
Na decisão, o ministro Fernando Gonçalves entendeu que o candidato é inelegível em virtude da rejeição de suas contas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), referentes a convênio firmado pelo município com o Fundo Nacional de Saúde, quando Valtenis exercia o cargo de prefeito de 1993 a 1996.
Ele afirma que a decisão foi injusta e que já cansou de provar que é inocente no caso. "O próprio TCU já emitiu um relatório em que declara que é [a irregularidade apontada] sanável", afirma.
Campanha
Mesmo não enfrentando adversários, Valtenis conta ter gasto cerca de R$ 17 mil em sua campanha. O maior gasto, segundo ele, foi com combustível para participar de reuniões.
"Não preguei um adesivo na cidade, não pichei um muro, não comprei um voto, não contratei transporte para buscar eleitores", afirmou, referindo-se a práticas que diz ter visto em outros municípios.
Questionado como a população soube que ele era o candidato, admitiu mais um gasto: "Coloquei um Gol com uma caixa de som pela cidade."
Fonte: Folha Online