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Polí­tica

O deputado estadual Manoel Queiroz mesmo tendo sido expulso do PT na segunda-feira, 13, por ter contrariado resolução partidária, continua tratando o PT como “o meu partido”. Em entrevista exclusiva ao Conexão Tocantins nesta terça-feira, 14, Queiroz fez questão de frisar que continua respeitando a sigla. “Eu gosto do PT é um partido que eu fui para ele a convite dos meus companheiros do Bico do Papagaio, eu não tenho nenhum problema com meu partido”, disse.

Queiroz lamentou por existir pessoas no partido que não pensam no desenvolvimento do Estado. Segundo ele, pessoas que defendem a si próprio, “eles tem interesse próprio para eles, eu continuo defendendo o partido, a identidade do presidente Lula, a identidade do povo pobre. Tem pessoas no PT que pensam na vida própria, no seu patrimônio próprio”, alfinetou.

O deputado evitou citar nomes, mas disse que com certeza todo conselho de ética que votou em sua expulsão faria parte das pessoas que estariam defendendo interesses próprios. Segundo ele na decisão não tem nada de ética, “existe é interesse próprio, porque eles estão de olho é no meu mandato, não é fidelidade partidária. Eu me filiei no partido a convite do povo do Bico do Papagaio e o PT do Bico não aprova esta decisão”, argumentou.

Queiroz é filiado no partido desde 2005. Sobre o que pretende fazer a partir de agora, o deputado disse que vai ficar tranquilo “eu tenho certeza que não feri o conselho de ética, não feri o meu partido, eu não feri nada. Para eles tomarem esta decisão eles tinham que comunicar a minha região, aos meus prefeitos, meus amigos, aos companheiros vereadores, aos companheiros vice-prefeitos, a quem me fez o convite (para se filiar ao PT).

Segundo Queiroz, sua expulsão é fruto de meia dúzia de pessoas que ficam no ar condicionado 24 horas “maquiando, fazendo coisas horríveis”, diferente dele que ficaria “24 horas no sol quente [sic], nos assentamentos olhando para as pessoas pobres que não tem onde morar, que não tem nem o que comer. Eu fico diariamente ao lado destas famílias”. O deputado disse que vai ficar com muita saudade do PT, “eu estou no PT por convicção minha, o PT faz a linha do povo pobre, eu gosto da pobreza, lamento a decisão do presidente, a mente pequena do Conselho de Ética".

Ainda nesta terça-feira a direção estadual do PT, segundo Queiroz, protocolou não só a sua expulsão, como também a requisição do mandato no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO). Caso venha se confirmar na justiça a retomada do mandato, quem assume a vaga de Queiroz é Amália Santana (PT), atualmente vereadora em Colinas do Tocantins. Queiroz, entretanto, disse acreditar que a justiça não vai dar este direito para o PT. “O povo do Bico do Papagaio não vai querer Amália de Colinas não. Manoel Queiroz foi quem esteve aqui diuturnamente apoiando os vereadores do PT os prefeitos do PT, o povo”, afirmou.

Eleição de Augustinópolis

Sobre os acontecimentos em Augustinópolis durante a última semana de campanha para a eleição suplementar que aconteceu no último domingo, 12, no que se refere às acusações dos aliados da prefeita eleita Dona Carmem (PMDB) de que o deputado estaria tentando comprar votos para a adversária, o deputado disse: “fui candidato em 2002, 2004 e 2006 e não comprei voto nem para mim”. Questionado sobre os 46 cartões bancários encontrados em posse de dois de seus assessores que acabaram presos, Queiroz disse que tem conta em 6 bancos “e os bancos mandam cartão para a gente toda semana, mas não é porque os bancos mandam os cartões que vão ser usados”. Segundo ele os cartões pertencem a ele, sua esposa e dois assessores e já teriam inclusive sido liberados da apreensão pela justiça nesta terça-feira.

Queiroz fez questão de destacar ao Conexão Tocantins que não existiu compra de votos e sim perseguição à sua pessoa. “Existiu uma perseguição porque eu não pude nem me manifestar. Eu votei na candidatura democrata mas não fiz campanha, não subi em palanque, não fiz caminhada, nada disto. Eu sou um cidadão brasileiro e tenho o direito de escolher meu candidato, eu votei na dona Deja (Dejanira de Almeida Pereira (DEM))”.

Sobre a emboscada que teria armado para o prefeito em exercício de Augustinópolis, o presidente da Câmara Municipal, vereador Francisco Martins de Almeida (PT), Queiroz disse que foi o contrário. “Eles armaram pra mim, eu nunca fui em delegacia nem para registrar uma queixa, hoje é vergonhoso para mim, eu me sinto um inútil em saber que fui eleito pelo voto do povo, em saber que tem o Estado do Tocantins, que sou representante, o povo da minha cidade, toda a região do Bico do Papagaio e toda a mídia, o Brasil todo me vendo nesta condição, por uma pessoa que eu ajudei a eleger. Este cara que fez isto comigo se for contar os dias que ele já passou preso dá mais que os dias que ele já assumiu a prefeitura”, disse.

O deputado ainda afirmou que pagou até mesmo o processo de Francisco Martins para ele poder ser candidato. “Foi eu que convidei para ele se filiar ao PT, foi eu que banquei a campanha dele para ser vereador, dei toda a estrutura. Mas infelizmente o poder subiu para a cabeça”, concluiu.

(Umberto Salvador Coelho)