O ex-secretário estadual de Assuntos Estratégicos, Paulo Mourão (PT), reuniu-se na manhã desta terça-feira, dia 27, no auditório do Turim Palace Hotel, em Palmas, com professores e articuladores do programa Territórios da Cidadania que estão discutindo a criação e o fortalecimento da Rede Educação no Campo. A reunião, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA/Tocantins, reuniu representantes de 42 municípios que integram os Territórios da Cidadania e Territórios Rurais de Identidade, programa do Governo Federal criado para promover desenvolvimento econômico nas regiões que mais precisam, especialmente no meio rural. “O Territórios da Cidadania é um dos maiores programas sociais do mundo, com o compromisso de inclusao social e com a visao estratégica de produzir cidadãos economicamente ativos” declarou Mourão, que como secretário de Assuntos Estratégicos contribuiu na implantação do programa no Tocanitns.
Paulo Mourão destacou como a universalização do ensino reflete na melhoria das condições de vida das pessoas. “A educação é a base estruturante de uma sociedade” , começou dizendo para logo em seguida colocar que o País não avançou durante muito tempo porque confundiu crescimento econômico com o desenvolvimento sustentável. “Investiu-se em infra-estrutura, mas não investiu-se em educação”, pontuou.
Ele fez um relato da história da educação no Brasil, comparando com outros países atualmente mais desenvolvidos porque investiram em educação. “No Brasil a universalização do ensino só veio ocorrer a partir de 1997, o Brasil não se preparou para o processo de tecnologia, ao contrário de países como os Finlância, Estados Unidos , Japão e Canadá”, declarou. Mourão lembrou que o reflexo disso foi o aumento da criminalidade e a favelizaçao das grandes cidades.
Para uma platéia atenta às suas informações, Paulo Mourão apresentou dados da década de 60, quando de cada 10 crianças, de 7 a 14 anos, 6 não estavam na sala de aula, porque a educação não era prioridade, sendo que hoje o Brasil atinge um percentual de 97,3% de crianças nessa faixa etária no ensino fundamental. Essa falta de investimento na educação gerou um alto indice anafabetos, que os exclui do mercado de trabalho por falta de qualificação. “o índice de analfabetos no Brasil que estão ocupando vagas de trabalho é de 56%, se compararmos os que têm curso superior o percentual é de 76% e com pós-graduação 87% estão empregados”, enumerou. Mourão esclareceu que por conta desse atraso nos investimentos em educação, que só se intensificaram nos governos do Presidente Lula. “ Hoje no Brasil apenas 30% da população com idade entre 25 e 54 anos concluiu o ensino médio, enquanto que países como Chile atingem 50% da população e na Argentina 32% da população tem o ensino médio concluído. Nos Estados Unidos 88,5% da população concluiu o ensino médio”.
Para Mourão, os gestores precisam começar a dar a verdadeira importância que a educação tem em relação ao desenvolvimento econômico sustentável, associando-o à ciência e tecnologia e ao meio ambiente. Ele aproveitou para testemunhar a experiência bem sucedida que Porto Nacional teve durante sua gestão, quando houve liberdade dos professores para participar do processo educacional; houve a criação do Plano de Cargos Carreiras e Salários; houve a implantação das escolas de formação integral; e ainda a criação da Escola de Alternância do Campo Chico Mendes, que foi uma nova filosofia implantada para atender às crianças e aos adolescentes da zona rural, melhorando a qualidade do ensino oferecido. A Escola Chico Mendes oferece laboratório de inclusão digital, incetiva a ciência e tecnologia, dispõe de biblioteca e ainda oferece práticas agricultáveis às crianças, além de xadrez, inglês, esporte e lazer.
Segundo ele, com boa vontade é possível sim, aos gestores, melhorar a qualidade do ensino, se for priorizada a educação, desde salário dos professores, passando pelas condições de trabalho e estrutura das escolas. Mourão enfatizou que a fórmula para o desenvolvimento econômico sustentável passa pelo fortalecimento do processo produtivo-educativo, com ciência e tecnologia, atenção ao campo sem devastação ao meio ambiente, a partir da discussão de um projeto de gestão da educação, com prioridade ao ensino básico, para não comprometer a educação como um todo. “Não vejo desenvolvimento econômico sem investimentos em educação, pode haver crescimento, mas desenvolvimento não há, porque isso só ocorre quando o cidadão experimenta uma melhoria nas suas condições de vida”, sintetizou. Após a palestra, Paulo Mourão respondeu às perguntas dos participantes.
A professora Cléa Rego Barros, de Porto Nacional, aproveitou o momento para falar da sua experiência como professora durante a gestão que denominou “democrática do gestor Paulo Mourão”, a qual, segundo ela, além de todas as obras e ações conquistadas, trouxe uma nova mentalidade aos professores que aprenderam a reivindicar seus direitos.