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Opinião

Alguns dias atrás eu estive numa capacitação oferecida pela Secretaria Estadual de Saúde da Bahia onde foram abordados incrementos no tratamento da Tuberculose (TB). Fiquei abismado com os dados apresentados. Estes revelam que o diagnóstico e o tratamento da TB estão deixando a desejar. Tanto é que a doença está fora de controle no mundo. No Brasil, os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo estão em situação de extrema preocupação pela Vigilância Epidemiológica do Governo Federal.

Prá se ter uma idéia do que está ocorrendo hoje no Brasil e no mundo faremos algumas citações de dados científicos compilados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS) do Brasil.

No mundo 2 bilhões de pessoas albergam o bacilo de Koch, germe causador da doença TB. Cerca de 100 milhões de pessoas se infectam ao ano ou seja temos esse número enorme de casos novos. Dessas, 8% adoecem, e 25% dos doentes vão a óbito. Dos mortos, 18% são motivados pela AIDS.

É preocupante notar a ascensão da doença TB com o advento da AIDS. Quase 20% dos óbitos creditados a AIDS têm como causa de morte TB.

Além de mostrar os dados, essa reunião teve como objetivo apresentar a preocupação das esferas governamentais com a conduta medicamentosa, bem como com as estratégias que deverão ser implementadas, além das que já existem, para ter-se êxito na cura da TB.

Com relação ao tratamento com antimicrobianos veio à tona aquela minha apreensão antiga com a resistência microbiana. Tenho 2 artigos já noticiados em jornais, sites, portais, blogs, e revistas mostrando minha preocupação com o uso indiscriminado, e não protocolar dos quimioterápicos. E também demonstrando minha ansiedade pelos prescritores darem pouca ou nenhuma importância ao uso adequado dos antibióticos. Este hoje, talvez seja o maior gargalo apresentado no evento relativo às condutas terapêuticas com os portadores de TB.

Apesar das muitas estratégias mostradas para o tratamento, farei referência apenas ao DOTS (Directly Observed Treatment Strategy). Penso que o idealizador teve aquele clique divino no momento que pensou nesta ferramenta magnífica. Aqui o paciente, de alguma maneira, vai ser tratado no dia e hora planejados. Alguém (Familiar, amigo, alguém da igreja, vizinho, etc.) vai oferecer, e observar o paciente tomar a medicação diariamente. Assim não haverá falha, e a cura chegará próximo dos 100%.

Não obstante as dificuldades com a investigação e diagnóstico, o tratamento está sendo hoje uma das maiores preocupações da OMS e do MS por causa das bactérias multirresistentes. Isso devido a condutas evitáveis como o tratamento irregular, abandono de tratamento, tratamento incompleto, diagnóstico inconclusivo, etc.

Trago este tema a tona para que os governos passem a se preocupar mais com esta pleonástica pandemia global. Construir estradas, escolas, esgotos, manter serviços são importantes para o povo, e necessário se faz. Mas uma doença como TB, tratável e curável em quase 100% dos casos, não deveria ser negligenciada. Nem tão pouco o dinheiro para o seu combate deveria ser diminuído.

Apresento aqui algumas reflexões. Cada um procure e tente arrancar as respostas de dentro si. Até quando reservar verbas públicas para emendas parlamentares em ano eleitoral? Amealhar dinheiro em paletós, bolsas, meias e cuecas? Comprar votos para se eleger? Destinar verbas oficiais para doar “panetone” às crianças pobres? Adquirir jóias de ouro com dinheiro do povo? Desviar o dinheiro da merenda escolar? Roubar dinheiro de edificações em saúde? Entre outras travessuras políticas. Faz vergonha estas atitudes se perpetuarem, e serem mostradas diariamente na televisão enquanto milhares de pessoas estão adoecendo e morrendo por TB devido a falta de recursos. Atos como esses deveriam ser transformados em crimes hediondos inclusive no Código Penal.

Mister se faz encarar com veemência o problema TB. Tratá-lo com a seriedade, e a responsabilidade que o caso exige. Vejam os números. Analise-os. Deve-se atuar urgente, eficaz, e contundente no tema TB. As tragédias haitiana e a TB são semelhantes, e naturalmente tratadas de modos diferentes pela exigência dos momentos históricos. Espero que após o socorro aos haitianos a TB passe a ser a bola da vez.

Arimatéia Macêdo

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