Durante entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, 16, na sede da Polícia Federal, foi anunciada a prisão de três pessoas envolvidas em uma tentativa de fraude no vestibular para medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Olavo Vieira de Macedo seria o mentor da fraude, responsável pela contratação dos dois “pilotos” que realizaram a prova no lugar de dois candidatos inscritos.
Pessoas de elevada capacidade intelectual com grandes chances de serem aprovados, os estudantes de medicina da Universidade Federal do Ceará, Anderson Carlos Brasil Vasconcelos e Lyanderson Andrade Arruda, “pilotos”, residem em Fortaleza (CE), assim como os dois candidatos inscritos que seriam beneficiados.
Olavo, o mentor, estava matriculado no curso de medicina da UFT, cujo ingresso, realizado com intenção de realizar fraudes, também teria sido obtido através de fraude. Participaram da entrevista o procurador da República Victor Mariz, os delegados da Polícia Federal, Rodrigo Onofre e Ronaldo Guilherme e o reitor da UFT, Alan Barbiero.
Segundo o procurador Victor Mariz, todos os envolvidos, inclusive os dois candidatos inscritos que já estão sendo investigados, devem responder pelo crime de estelionato, que prevê pena de prisão de um a cinco anos, com acréscimo de um terço pelo agravante de ser cometido contra instituição pública. Eles também vão responder pelo crime de falsidade documental, que prevê pena de dois a seis anos. “É importante frisar que os demais candidatos que participaram normalmente da prova não devem ter nenhum receio de anulação do vestibular”, disse.
Os fraudadores foram monitorados por cerca de três meses, após terem sido obtidas evidências de que estaria sendo realizada fraude para ingresso ilícito de candidatos no curso de medicina, parte da ação de uma quadrilha que já teria cometido o mesmo crime em outros estados.
Após o trabalho de inteligência e de campo, as prisões foram realizadas depois das realizações das provas, quando também foi constatado que os documentos apresentados eram falsos e obtida a confissão dos dois pilotos. O exame papiloscópico (das impressões digitais) é feito nas provas para o curso de medicina, um dos que apresenta maior incidência de tentativas de fraude, e comprovou que as pessoas que fizeram a prova não eram as mesmas que haviam feito a inscrição. Pequena quantidade de cocaína foi encontrada com um deles, que deve responder também por uso de substância entorpecente ilícita.
Valores da fraude
Segundo foi apurado com os dois pilotos no ato da prisão, os valores pagos para ingresso na universidade por meio desta fraude varia de 20 a 70 mil reais. Neste caso, os dois pilotos receberiam, além de passagens e estadia, pagamento após a divulgação de resultado favorável na prova no valor de 12 mil reais para Anderson e 15 mil reais para Lyanderson.
Método
Com os acusados foram encontrados um ponto eletrônico (com Olavo Macedo) e duas trouxinhas de cocaína (com Anderson Vasconcelos). Os três estão detidos na Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPA).
Punições
O procurador Victor Mariz, disse que ainda vai receber o relatório da Polícia Federal sobre o caso, mas adiantou que os envolvidos - inclusive os que contrataram - estão incorrendo em três crimes: o de estelionato, que pode gerar pena de um a cinco anos de prisão, com aumento de até um terço por ter sido contra uma entidade pública; uso de documento público falsificado (no caso a CNH), que pode demandar de dois a seis anos; e ainda por transporte de droga, que neste caso geraria penas que vão de advertência a serviços comunitários ou participação em cursos educativos.
Segundo o procurador, os verdadeiros candidatos - os que teriam contratado os “serviços” de Macedo, poderão ser indicados nos mesmos crimes, podendo receber as mesmas penas. "Cópia dos autor deverão ser enviadas à universidade Federal do Ceará que poderá gerar, por sua vez, um procedimento administrativo de exclusão deles", disse.
Da redação com informações Assessoria de Imprensa MPF-TO