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Cultura

Foto: Marcus Mesquita

Normalmente, na cultura dos sebos, é muito comum a negociação referente à troca de livros, ao barateamento do valor inicialmente proposto de outros pelo vendedor e, também, a necessidade de se ter paciência para se garimpar em meio ao grande montante de obras disponibilizadas, isto a fim de se encontrar alguma preciosidade como prêmio pelo esforço. Não à toa, a Estação Sebo é um dos grandes sucessos da Feira Literária Internacional do Tocantins (Flit), que desde o último dia 25 de julho ocupa grande parte da Praça dos Girassóis, em Palmas, com diversas atividades literárias-culturais.

Até mesmo para que não tem o hábito de frequentar espaços do gênero, mesmo por falta de oportunidade, como é o caso de Adriane Reis, de 17 anos, disse que pegou gosto pela literatura a partir de um ícone nacional do ramo. “Machado de Assis foi quem fez nascer em mim um gosto mais forte pela leitura. Quando li uma coletânea de contos dele eu me encantei; a partir daí eu comecei a me dedicar mais à vida de leitora, por isto estou aqui no Sebo, já que, infelizmente, por falta de outros na cidade, eu não posso freqüentar. Tem muita obra boa aqui; pelo que estou vendo, acho que vou sair satisfeita”, falou a moradora da região Norte de Palmas, que vai prestar vestibular para medicina.

Com mais de nove mil livros na biblioteca que tem em casa, Joaquim Laurindo de Sousa Neto, paraibano de 56 anos morador do município de Ponte Alta do Bom Jesus, é um exemplo oposto ao apresentado antes: uma verdadeira “traça de sebos”, onde procura novos exemplares para enriquecer a coleção particular. “Adquiri o hábito da leitura depois que concluí o Ensino Médio, pois a metodologia da minha época era a da imposição da leitura, daí eu criava resistência. Após superar isto e ver o quanto os livros são companhias para todas as horas, o quanto eles nos fazem crescer, eu não parei mais de ler e, atualmente, leio cerca de seis livros de aproximadamente 300 páginas por mês e vivo comprando livros em sebos, que são ótimos lugares a serem freqüentados por colecionadores. Até o momento, eu já comprei dez livros aqui na Estação Sebo e outros dez no Salão do Livro; os preços e a variedade de obras estão me agradando muito”, ressaltou Pepê, como é conhecido o leitor-compulsivo, que revelou, ainda, que o primeiro livro que se lembra de ter lido por busca própria e que o fez se apaixonar pela literatura de vez foi o “O caso dos dez negrinhos”, de Agatha Christie.

Livros e artesanato

Além das obras que podem ser compradas ou trocadas pelos visitantes, a Estação Sebo possui também um espaço para o artesanato criado a partir de material reciclado coletado pela Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do Tocantins (Cooperan), uma das responsáveis pelo local. Segundo Ilma de França, artesã e integrante da Cooperan há quatro anos, a biblioteca que possuem foi criada a partir de doações e até mesmo de livros que são jogados fora, enquanto os artesanatos são produções próprias feitas a partir dos materiais que recolhem. “Nós já temos cerca de três mil livros na nossa biblioteca, e são estes os livros que trouxemos, e a maioria está quase novo. Todos estão em ótima condição, tanto os que foram doados como os que já encontramos em meio a materiais que recolhemos, por isto estamos tendo tanto sucesso nas vendas e nas trocas. E os nossos artesanatos têm chamado a atenção do público também, pois são simples mas bem bonitos”, explicou a artesã, destacando, também, que os valores do livros variam de R$ 5,00 a R$ 20,00, e a Estação Sebo funciona todos os dias das 17 às 22 horas. (Ascom Seduc)