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Esportes

Foto: Dornil Sobrinho

Um público de aproximadamente mil pessoas acompanhou a chegada de cerca de cem indígenas das etnias Karajá, da Ilha do Bananal, localizada ao Sul do Tocantins; Terena, de Mato Grosso Sul (MS) e Nhandéwa, de Mato Grosso (MT) na noite dessa sexta-feira, 4, para participação nos jogos indígenas. Cerca de 50 mil pessoas nos oito dias de evento. Os indígenas saíram da Ilha de Porto Real em direção à pira olímpica, que foi instalada no Largo da Catedral Nossa Senhora das Mercês, no Centro Histórico de Porto Nacional. Caciques, Pajés, autoridades municipais, estaduais e federais, comunidade local e veículos de comunicação do País acompanharam de perto, os rituais para o Acendimento do Fogo Ancestral Indígena.

Em frente ao local em que estava a pira olímpica, os indígenas das etnias Karajá apresentaram a Dança dos Espíritos e os Terena, a Dança da Ema. As coreografias representavam o início das comemorações. Em seguida, foi feito pelos indígenas Terena, o ritual de acendimento do fogo. Para eles há o mito que conta a história de Yurikovuvakái, um herói civilizador que tirou o povo do fundo da terra e lhes deu o fogo.

Na sequência o indígena Karajá, IwaruKarhjá, pegou a tocha, já acesa e levou até o alto das escadarias do Largo da Catedral, onde foi acesa a pira. Estavam abertos os XI Jogos dos Povos Indígenas.

Para Marcos Terena, líder indígena brasileiro, diretor do Comitê Intertribal e idealizador dos Jogos, a cultura indígena, existe há 500 anos e a preservação é inquestionável. “É um desafio reunirmos tantos indígenas em um só lugar. Eles tem um tipo de vida tradicional. Muitos deles, inclusive, nunca tinham saído de suas aldeias”, disse.

Questionado sobre a sustentabilidade nos Jogos, Terena disse que “é preciso agregar o valor ecológico”. Ele ainda destacou que a capacidade física dos indígenas do país também será mostrada. Finalizando, Marcos Terena enfatizou que não existe futuro sem os valores indígenas. “Sonhamos para o Brasil, o respeito pelas pessoas”, disse.

O Comitê Intertribal definiu que o desenho das medalhas fosse desenhado por um indígena do Tocantins como forma de valorizar o Estado. Deste modo, um membro do Povo Xerente foi contemplado para fazer o trabalho. Todos os participantes ganharão medalhas.

Antropólogos, estudiosos e pesquisadores de universidades do País, participam da organização do evento como voluntários. As competições tem cobertura da mídia nacional. Mais de cem profissionais foram credenciados para a cobertura, sendo dez deles, da imprensa internacional.

Abertura Oficial

A 11a Edição dos Jogos dos Povos Indígenas iniciará oficialmente, neste sábado, 5, às 17 horas, na Ilha Porto Real. As competições serão realizadas na Ilha, no Estádio General Sampaio e no Centro de Treinamento Nego Júnior, e seguem até o próximo sábado, dia 12.

Participarão da solenidade de abertura a prefeita de Porto Nacional, Teresa Martins; os ministros do Esporte, Aldo Rebelo; da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Cultura, Ana de Holanda; as secretárias de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário; de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Luiza Helena Bairros; das Relações Institucionais, Ideli Salvatti; o governador do Estado, José Wilson Siqueira Campos; o presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM) e prefeito de Tocantínia, Manoel Silvino Gomes Neto; o Senador da República, Vicentinho Alves; o deputado Estadual, Toinho Andrade; autoridades municipais e estaduais, e demais representantes dos ministérios do Esporte, Cultura, Saúde e Justiça.

Jogos

Levantando a bandeira da sustentabilidade do resgate das culturas indígenas tradicionais, os oito dias de Jogos terão uma programação rica em competições e apresentações. A corrida de tora, arco e flecha, e futebol masculino e feminino estão entre as diversas modalidades esportivas a serem disputadas.

Os 1.300 indígenas, de 38 etnias, de todas as regiões do Brasil já estão no município. Os Jogos contarão também com a presença de lideranças e observadores indígenas de países como Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Equador, EUA, Guiana Francesa, Peru e Venezuela.

O Tocantins conta com sete Povos, destes, seis participarão dos Jogos. São elas: Karajá, Javaé, Xambioá, Apinajé, Krahô e Xerente. Cada povo terá 40 participantes, exceto o Xambioá, que terá apenas 30, totalizando 230 indígenas do Estado.

As 30 ocas que foram construídas formando uma “aldeia olímpica” hospedam os atletas. Aproximadamente 8 mil pessoas poderão acompanhar de perto as atrações. Foi montada uma mega estrutura de arquibancadas para receber os visitantes.

A Polícia Federal - força de segurança que tem domínio sobre os indígenas – fará a segurança dos participantes, da comunidade e de autoridades junto com as Polícias Militar e Civil, bem como, a Guarda Municipal. Será proibida a venda e o consumo de bebidas alcoólicas.

Para participar do evento, um dos critérios adotados pela organização é a força cultural das etnias, considerando as tradições como a língua, a dança, os rituais, os cantos, as pinturas corporais, o artesanato e os esportes tradicionais.

Inovação

Entre as novidades dessa edição, está a divisão do evento em duas temáticas: A primeira, voltada para o Fórum Social Indígena e a Rio+20, abordará a Conferência Internacional do Meio Ambiente e discutirá a economia verde, bem como, temas focados na sustentabilidade e na preservação das tradições indígenas.

O segundo tema terá como objetivo o intercâmbio esportivo e cultural entre as etnias, além de propor um debate sobre a inclusão indígena como legado da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

Os Jogos, que foram idealizados pelo Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) está sendo patrocinado pelo Ministério do Esporte, Governo do Tocantins, por meio da Secretaria Estadual da Juventude e dos Esportes, em parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Nacional. (Assessoria de Imprensa ATM)