A circulação do espetáculo contemporâneo “Foi a ausência que transformou os macacos em humanos” retorna a Palmas e promete provocar o público com uma experiência teatral intensa, poética e profundamente reflexiva. A apresentação acontece na sexta-feira, 12 de dezembro de 2025, às 20 horas, na Universidade Federal do Tocantins (UFT), no Complexo Laboratorial de Teatro HÔÔXWA – Sala de Encenação.
Com entrada gratuita, o espetáculo é uma realização do Coletivo Íntimo Bar e conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC) e da Secretaria de Estado da Cultura do Tocantins (Secult-TO), por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Os ingressos podem ser retirados antecipadamente pelo Sympla. A obra é acessível em Libras e possui classificação indicativa de 18 anos.
Foto: Giovelli FlowersSegundo o diretor Marcial Azevedo, a montagem convida o público a refletir sobre a criação, as imperfeições humanas, o desejo, o prazer e o fracasso, sem oferecer respostas prontas e obra nasce justamente do que falta: “Este trabalho é uma obra sem efeitos, um espetáculo cru, sem desvios, que potencializa o silêncio e a poesia. Ele fala da jornada humana, advinda de divindades tortas, para nos lembrar que temos potência para sermos maiores e melhores, mas não conseguimos. Por isso ele é contemporâneo: porque fala das falhas, das ausências, do que não conseguimos, do quase”.
Ainda de acordo com o artista, o espetáculo provoca inquietações ao invés de certezas, criando lacunas que exigem do público uma participação ativa na construção de sentidos. “Essa proposta dialoga com o pensamento da filósofa e psicanalista Viviane Mosé, que defende a criação de ‘buracos’ narrativos como forma de libertar o espectador do excesso de valores morais e certezas. Assim, a plateia é convidada a experimentar o desconforto produtivo de perder o chão e preencher a obra com suas próprias percepções e afetos.”
Acessibilidade
Um dos grandes destaques da montagem é a forma como a acessibilidade está integrada à cena. O ator e intérprete de Libras, Venicius Linden, atua não apenas como tradutor, mas como parte essencial da dramaturgia, fazendo da Língua Brasileira de Sinais um elemento estético e narrativo do espetáculo.
Para Marcial Azevedo, a acessibilidade vai além do recurso técnico. “A acessibilidade principal, antes de tudo, é o acesso à estética. Ao jogo teatral como lugar de ressignificação das linguagens. É o acesso ao poder dos gestos e dos silêncios, à língua de sinais como ação dramática que impulsiona a narrativa e lhe dá densidade, substanciando a ausência até o grito final”.
Processo de criação e referências artísticas
O espetáculo foi construído a partir de um processo coletivo de criação, iniciado com a escolha de poemas de Paulo Leminski, que serviram de ponto de partida para improvisações individuais e coletivas dos atores. A partir desse material, a direção estruturou o eixo narrativo e estético da montagem.
A trilha sonora dialoga com a obra de Caetano Veloso, com três canções estrategicamente inseridas ao longo da peça. A encenação se apoia fortemente no teatro físico, onde o corpo dos atores é central para a narrativa, e nas referências teóricas de Bertolt Brecht e Jerzy Grotowski. O distanciamento brechtiano estimula um olhar crítico do público, enquanto a influência de Grotowski se manifesta na relação direta entre ator e plateia, com poucos elementos cênicos e iluminação contínua.
Contrapartida social: oficina gratuita de teatro
Como parte das contrapartidas sociais do projeto, o Coletivo Íntimo Bar realizou também uma oficina de teatro baseada nas obras de Caetano Veloso e Paulo Leminski, também no Complexo Laboratorial de Teatro HÔÔXWA, na UFT. A atividade é gratuita e voltada para estudantes, artistas e interessados em processos criativos contemporâneos.



