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Campo

Foto: Divulgação

A produção de peixes no Tocantins cresceu em torno de 500% em dez anos e tende a aumentar, por vários motivos, entre os quais, clima tropical favorável, alto valor comercial de diversas espécies de peixes nativos da região amazônica, chegada de novos frigoríficos e eficiência da assistência técnica. Além de todos estes fatores positivos, está sendo instalada no Tocantins a sede da Embrapa Aquicultura e Pesca, instituição nacional de pesquisas nesta área.

Uma produção que cresce também pela imensidão e qualidade dos recursos hídricos do Estado, que se potencializa com a formação de grandes lagos que facilitam a instalação de criatórios em tanques-rede. No Tocantins a piscicultura comercial tem o seu modelo produtivo baseado nas espécies introduzidas e nativas, dentre as quais podemos destacar o Tambaqui, o Pirarucu e a Cachara.

De acordo com a subsecretária de Aquicultura e Pesca da Secretaria da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, Miyuki Hyashida fatores naturais contribuem com a excelente aptidão do Estado em relação à aquicultura e colaboram com o crescimento da piscicultura. “Temperaturas médias anuais que variam de 26 °C a 28 ºC, dependendo da região, com máximas que não ultrapassam 38 °C, e mínimas de pode atingir 15 °C por curtos períodos de tempo”, pontua.

Investimento

A subsecretária, Miyuki ressalta que o Tocantins possui uma iniciativa privada forte e dinâmica, que unida a um Governo atuante se destaca por ter mais de mil produtores de peixes para abate, nove produtores de alevinos e quatro unidades para processamento de pescado com SIF – Sistema de Inspeção Federal e SIE – Sistema de Inspeção Estadual em fase final. A junção de todos estes fatores é a razão principal do crescimento da produção de peixes nativos. “Em 1996, a produção anual era de 306 toneladas e em 2011 estima-se que vá ultrapassar as 7.500 t. Este fato coloca o Tocantins entre os estados brasileiros que mais produzem peixes de espécies nativas”, acrescenta.

Ainda segundo a subsecretária a maior dificuldade para o produtor, permanece sendo a dificuldade na implantação das leis. “Já existe todo um programa dentro do Estado, inclusive já com as adequações do Coema – Conselho Estadual do Meio Ambiente. Participamos do comitê consultivo na construção destes documentos de adequação da legislação e será em cima deste documento do Coema que faremos o desenvolvimento da piscicultura, equiparando a nossa legislação com outros estados da Região Norte”.

Miyuki cita como exemplo a ser seguido, a legislação aplicada nos estados do Acre, Roraima e Rondônia. “Pertencemos a mesma bacia hidrográfica, por isso estamos nos equiparando a eles, que já possuem um programa definido de Estado, elencando a aquicultura como alavanca para o desenvolvimento do estado. Estes estados já possuem a legislação pronta, já é executada”. A subsecretária diz que com a regulamentação já poderá ser liberada as licenças. “Temos as indústrias e unidades de produção com sistemas de inspeção, mas as mercadorias para serem comercializadas necessitam do licenciamento. Sem o licenciamento ninguém comercializa nada. Por isso a necessidade urgente da regulamentação, senão estas indústrias vão fechar”, argumenta.

Potencial

A produção anual no Tocantins é de 7.500 toneladas. Com boa logística e infraestrutura já inserida, o Estado ainda detém diversas áreas aptas à implantação de viveiros e barragens para piscicultura, somadas, ultrapassa facilmente os 25.000,00 hectares, e ainda tem instalado grandes barramentos que perfazem um total de 150.205 hectares de lâmina d’água, o que possibilita multiplicar por muitas vezes a produção atual do pescado tocantinense.

Produzir espécies nativas que detém excelentes índices zootécnicos, demonstra respeito ao meio ambiente e trás vantagens estratégicas de mercados, pois diminui a competição com as commodities e também possibilita a captação de novos nichos. O produtor Kay Schwabacher, da Piscicultura Caranha, instalada na Fazenda Sambaiba, município de Porto Nacional, iniciou as atividades há 17 anos, possui hoje quatro hectares de lâmina d’água com viveiros e produz aproximadamente 450.000 alevinos e 700.000 larvas.

Schwabacher produz no sistema de tanques, onde possui mais de 900 matrizes de espécies nativas como, pirarucu, surubim, caranha, tambaqui e piau. O produtor é um dos nove criadores de alevinos que vende para o estado do Tocantins, Pará, Mato Grosso, Maranhão e Goiás. “A venda dos alevinos é hoje a nossa principal atividade. Os custos para o produtor são variados, mas o básico pode ser definido como: compra dos alevinos, ração, frigorífico, mão de obra, equipamentos e acompanhamento técnico. O custo de produção vai de R$ 2 a R$ 4,00”, informa.

Mercado

Já com relação ao mercado (comercialização interna e externa) Schwabacher exporta para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, e o excedente da produção vai para o mercado interno, com o preço de venda que vai de R$ 4 até R$ 10,00 o quilo. Segundo o produtor além da temperatura favorável, a topografia é excelente para piscicultura com no máximo 5% de declividade em pelo menos 20 % da área total do Estado que é de 277.620,914 km² e o PH natural das águas, que gira em torno de 7,0.

“Além disso, ainda temos: insolação que ultrapassa 2.500 horas em 210 dias; mais de 6.400 mil km² de rios e lagos; altitude média que varia entre 300m e 600m e mais de 80% são terras de cerrado e precipitação média anual variando entre 1.300 e 2.100mm/ano”, completa Schwabacher. (Ascom Seagro)