O senador João Costa (PPL/TO) realizou na tarde desta terça, 06, um pronunciamento na tribuna do Senado onde manifesta apoio às ações da presidente Dilma Rousseff na campanha de redução das taxas de juros no Brasil – na opinião do senador, “uma das mais altas taxas de juros do mundo”.
João Costa relembrou em seu pronunciamento que mesmo com os cortes de juros que vêm sendo realizados pelo Banco Central desde 31 de agosto de 2011, o Brasil figura entre os países com os maiores juros reais do mundo.
“A taxa real dos juros básicos – assim considerada, a taxa de juros básica, descontada a inflação – está hoje em 1,75% a.a., enquanto a média internacional é negativa; está em menos 0,4% a.a. Mas, enquanto a taxa de juros básica real está abaixo de 2% a.a., a taxa média de juros reais do crédito para pessoas físicas e jurídicas alcançou 23,2% a.a. em setembro (29,9% em termos nominais!). Esse nível altíssimo reflete principalmente um elevadíssimo spread bancário real de 16,3% a.a. (22,3% a.a. em termos nominais)”, pontuou o senador.
O spread é considerando como o valor que atesta a diferença estabelecida entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o quanto esse mesmo banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro. “Mesmo com a redução do spread bancário, observada desde abril, a economia brasileira opera com o mais elevado spread bancário do mundo, o que penaliza gravemente e de forma injustificável os investimentos produtivos, reduzindo, por conseguinte, a taxa de crescimento da economia brasileira”, afirmou João Costa.
O senador ainda afirmou em seu pronunciamento o compromisso do PPL com o Governo Dilma Rousseff apontando que a sigla, desde janeiro de 2011, tem alertado a presidente dos riscos relacionados aos consecutivos aumentos de juros, cabendo, neste momento, alertá-la para a desnacionalização e a desindustrialização das empresas.
O senador João Costa informou em seu pronunciamento que em recente relatório divulgado pela consultoria KPMG revela que – até o final de setembro – 247 empresas nacionais foram adquiridas por fundos, bancos ou outras empresas estrangeiras: número recorde de empresas nacionais compradas por capital estrangeiro no período. Este total, garante o parlamentar, “é mais do que o número de empresas brasileiras desnacionalizadas em qualquer ano anterior, apesar desta ser uma comparação entre nove meses de 2012 com os 12 meses dos anos anteriores”, disse.
O senador afirmou ainda que o risco de uma “tragédia” não pode ser desconsiderado, pois – de janeiro de 2011 a setembro de 2012 – foram desnacionalizadas 455 empresas. “De 2004 pra cá, foram 1.247 as empresas desnacionalizadas. E, obviamente, não são as empresas menores e de menor importância as que são compradas pelo capital estrangeiro, embora, é bom que se diga, a desnacionalização já atinge até mesmo redes de lanchonetes”, disse João Costa.
Para o senador, as consequências desse processo de desnacionalização são amplas e graves. A desindustrialização é o primeiro aspecto desse efeito.
“As filiais de multinacionais são empresas importadoras. Assim, na medida em que avança a desnacionalização, uma série de empresas brasileiras fornecedoras de componentes ou insumos é substituída por importações desses produtos... (...) ...Com isso, filiais de multinacionais que já eram apenas montadoras, passam agora a ser apenas, crescentemente, balcões de vendas de produtos importados”, garantiu.
O senador finalizou considerando em seu pronunciamento que não se posiciona contra a existência de capital estrangeiro dentro do País, “desde que nossos interesses – porque o País é nosso – sejam contemplados. Empresas estrangeiras podem ser importantes como acessórias ao desenvolvimento nacional. O que elas não podem é ser, elas próprias, o desenvolvimento nacional”, concluiu.