A Polícia Federal do Tocantins realizou na manhã desta terça-feira, 17, a Operação "Desvio de Conduta", voltada à repressão do tráfico interestadual de drogas e associação para fins de tráfico. Estão sendo executados 09 mandados de prisão preventiva e 05 mandados de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Criminal desta Capital.
Os mandados estão sendo cumpridos em Palmas, Paraíso do Tocantins, Cariri, Gurupi e Goiânia/GO, sendo empregados aproximadamente 35 policiais federais das Superintendências de Tocantins e Goiás.
As investigações revelaram que a organização criminosa era responsável por abastecer usuários da capital tocantinense bem como das cidades circunvizinhas. Além disso, os membros da organização criminosa possuíam nesta capital um laboratório clandestino destinado a transformar a "pasta base" em "cocaína" e também em "crack". Nesse laboratório clandestino, a cocaína também era "batizada", ou seja, à ela eram acrescentados diversos produtos para o aumento de sua quantidade e, consequentemente, do lucro obtido pelos criminosos. A cocaína "batizada" é ainda mais prejudicial a saúde dos usuários.
A Operação "Desvio de Conduta" recebeu esse nome em função da conduta praticada por um dos membros da organização criminosa, o qual trabalha na farmácia do Hospital Geral Público de Palmas (HGP). Ele era responsável por desviar diversos produtos químicos, destinados à cura dos pacientes daquele hospital, e repassá-los aos traficantes da referida organização criminosa, responsáveis por transformar a "pasta base" em cocaína e crack, além de "batizá-la", causando ainda mais danos a saúde das pessoas dependentes dessas substâncias entorpecentes.
Fazem parte dessa organização criminosa pessoas que estão presas em presídios dos estados do Tocantins e de Goiás e que, de dentro deles, continuam traficando com a ajuda dos integrantes que estão em liberdade.
Durante as investigações, foram realizados dois flagrantes por tráfico interestadual de drogas e duas pessoas foram presas, uma portando aproximadamente 3 quilos de pasta base de cocaína e outra aproximadamente 2 quilos da mesma substância. Segundo informações dos próprios presos, essa droga seria transformada em cocaína e crack na cidade de Palmas e em seguida "batizada", o que aumenta a quantidade da droga em até duas vezes. Cada quilo de pasta base poderia ser transformado em até 3 quilos de cocaína e/ou crack.
Os envolvidos estão sendo indiciados pelos crimes de tráfico interestadual de drogas e associação para fins de tráfico (arts.33 caput, 33 parágrafo 1º inciso I e 35 c/c 40, inciso V, da Lei nº 11.343/06, c/c artigo 69 do Código Penal Brasileiro). Se condenados, as penas por estes crimes variam, no mínimo, de 9 anos e 4 meses até o máximo de 41 anos e 8 meses.
HGP
Durante a deflagração da Operação uma das equipes da Polícia Federal dirigiu-se ao Hospital Geral Público de Palmas (HGP) para prender A.M.S., de 27 anos de idade, servidor na farmácia do hospital. Ao ser revistada sua mochila foram encontrados diversos medicamentos, tendo o preso inicialmente informado aos policiais que os havia retirado da farmácia para uso de seus familiares e que é costume a retirada de remédios por funcionários sempre que precisavam.
Na residência de A.M.S. foram encontrados outros medicamentos, cujo origem não foi revelada pelo preso. Foram ouvidos outros servidores lotados na farmácia do HGP e todos informaram que A.M.S. não tinha autorização para se apropriar dos medicamentos. Ainda segundo os servidores, já havia desconfiança contra o funcionário, posto que logo após seus plantões era detectada a ausência de alguns remédios.
Foram apreendidos rolos de esparadrapo e de fita cirúrgica e medicamentos como Rifamicina SV sódica, Nistatina, Clexane, Duzimicin, Nimesulida, Acebrofilina e Hipoglos.
Em seu interrogatório o preso negou-se a responder às perguntas formuladas pela Autoridade Policial. O preso deverá responder pelo crime de peculato, com pena que varia de 2 a 12 anos de reclusão. (Ascom Polícia Federal)