O advogado de um dos proprietários da boate Kiss em Santa Maria (301 km de Porto Alegre), Jader Marques, confirmou na manhã desta segunda-feira (28) o cumprimento de mandado de prisão contra o cliente – o empresário Elissandro Callegaro Spohr, internado desde ontem (27) em um hospital de Cruz Alta. De acordo com Marques, "Kiko", como Spohr é conhecido, teve de ser hospitalizado devido à inalação de fumaça e está sob custódia policial.
Segundo o jornal "Zero Hora", também foram presos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate Kiss e fez uso da pirotecnia que deu início ao fogo no local. Os músios foram presos nos municípios gaúchos de Mata e São Pedro do Sul. Uma quarta pessoa, conforme o jornal, estaria sendo procurada.
De acordo com o advogado, o empresário passa por desintoxicação da fumaça inalada no incêndio. "Estou indo até ele, pois a informação que recebi foi a da prisão", disse. Indagado se vai recorrer da medida, o advogado resumiu: "Tenho que analisar ainda, pois o Judiciário no Estado só funciona a partir do meio dia", justificou.
Ontem de madrugada, um incêndio no interior da boate causou a morte de mais de 230 jovens --a maioria, entre 16 e 20 anos.
MP quer prisões
Hoje de manhã, em entrevista à rádio Gaúcha em Santa Maria, a promotora responsável pela 3ª Vara Criminal de Santa Maria, Waleska Flores Agostini, afirmou que o Ministério Público pediria a prisão preventiva de responsáveis pelo incêndio ainda esta semana.
"Isso [pedir preliminarmente a prisão de responsáveis pela tragédia] é possível", disse a promotora, que confirmou ainda pedidos de mandados de busca e apreensão obtidos na Justiça, pelo Ministério Público, nas casas dos proprietários da boate.
Por outro lado, a promotora preferiu não especificar os alvos dos pedidos de prisão --se dos donos da boate, de integrantes da banda Gurizada Fandangueira e ou de outros envolvidos no caso.
Na entrevista, a promotora informou ainda que ontem mesmo o MP já obteve resposta favorável da Justiça a medidas cautelares que pediram busca e apreensão nas casas dos proprietários da boate. Também à rádio, o advogado de um dos sócios da empresa, Jader Marques, confirmou o cumprimento do mandado na residência do cliente.
"O procurador-geral de Justiça do Estado designou promotores para acompanhar essa investigação", disse a promotora, que citou os depoimentos colhidos pela Polícia Civil e "algumas providências do MP" como importantes para os passos seguintes. "Ainda é prematuro dizer o que houve e o tipo de responsabilidade de quem. Como se trata de uma investigação criminal, dependemos de alguns passos que serão tomados ainda esta semana", concluiu.