O município de Caseara, a 258 quilômetros de Palmas, já se mobiliza depois da visita da equipe responsável pela criação do projeto de pesca esportiva na região do Parque Estadual do Cantão, ação desenvolvida pelo Governo do Estado, através da Adtur – Agência de Desenvolvimento Turístico.
Com cerca de 4.600 habitantes, a cidade tem visto nos últimos anos a economia aquecida durante a temporada das praias, no mês de julho, um movimento que proporciona benefícios imediatos para comerciantes, ambulantes e tantos outros.
Com o objetivo de fomentar o desenvolvimento local, a Adtur em parceria com a Anepe – Associação Nacional de Ecologia e Pesca Esportiva, iniciou estudos para a elaboração do projeto de pesca esportiva, aproveitando, de forma sustentável, o que a região tem em abundância: riquezas naturais.
A primeira reunião na cidade, realizada no último dia 26, envolveu cerca de 40 pessoas, incluindo barqueiros, pescadores e empresários. Muitos demonstraram entusiasmo com a iniciativa do Governo e acreditam que o projeto pode fazer diferença na realidade de Caseara, não só para quem trabalha diretamente com turismo, mas para toda a comunidade.
O proprietário da empresa de turismo CCTrekking Adventure, Leonardo Azevedo, conta que acredita tanto no potencial da região, que há 4 anos se mudou de Palmas para a cidade e investiu no setor. Preocupado em atender bem os turistas, o empresário e turismólogo participa de contínuas capacitações e tem o cuidado de manter sempre a documentação da empresa em dia. “Já participei de várias feiras fora do Estado e conheço o potencial da região para pesca esportiva”, afirmou.
Apesar disso, segundo Azevedo, de 100 passeios realizados pela CCTrekking em 2012, apenas três foram relacionados à pesca esportiva. “Nós também trabalhamos com observação de pássaros, expedições pela floresta alagada e acampamentos em praias desertas. Esses são atrativos que podem complementar a pesca esportiva. É preciso estudar um meio legal de poder explorar, de modo sustentável e voltado ao turismo, as lagoas do Cantão”, lembrou.
Para Djangro Ribeiro de Alcântara, filho de pescadores e gerente da Pousada Sonho Meu, “o projeto chegou em boa hora, porque o peixe está acabando e precisamos preservar essa riqueza”. Ele lembrou que a pesca esportiva já foi um atrativo da região e que há muito está esquecido. “Os últimos clientes que tivemos na pousada foram recebidos em julho. Com a escassez de peixe, nossa cidade só vive da temporada de praias”, desabafou.
O presidente da Adtur, Paulo Massuia, quer que a ação transforme a realidade da região e garanta também o desenvolvimento humano. “Nosso objetivo é exatamente esse, dar oportunidade de renda para essa comunidade, não só durante o mês de julho, mas ao longo do ano”.
Entre os principais focos do projeto, está a conscientização dos moradores locais, objetivo este que os próprios pescadores encaram como prioridade. O senhor Antônio Miranda, conhecido como Peninha, é pioneiro da pesca esportiva na região, trabalha no ramo há mais de 30 anos e sabe das vantagens da modalidade. “Já aconteceu de pescarmos o mesmo peixe várias vezes no mesmo dia, são muitas histórias de gente que pescou mais de 50 peixes na mesma pescaria e soltou todos, isso é muito bom”, comemora o pescador e guia informal.
Essa é a principal ideia do projeto para a região: mostrar o valor que o peixe pode ter. “Precisamos fazer com que eles entendam que o peixe vale muito mais vivo do que morto”, disse durante uma palestra à comunidade o presidente da Anepe, Hélcio Honda.