A Procuradoria da República no Tocantins recebe, entre os dias 8 e 23 de maio, a exposição Pedro Jorge: um mártir da Justiça Brasileira, que aborda a vida e a atuação profissional do procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva, assassinado em março de 1982 por denunciar o caso conhecido nacionalmente como o Escândalo da Mandioca.
A mostra conta com acervo de objetos pessoais cedidos pela família, documentos como a certidão de nascimento e certificado de aprovação da Ordem dos Advogados do Brasil, além de cópias de proposições de ações, fotografias e painéis que contam a história de vida do procurador até sua morte, aos 35 anos. A exposição acontece na Biblioteca da PR/TO, que é aberta ao público. A entrada é franca.
O alagoano Pedro Jorge de Melo e Silva foi o autor das denúncias do Escândalo da Mandioca enquanto atuava como procurador da República no Estado de Pernambuco. Depois da proposição das ações penais contra 19 acusados, passou a receber as ameaças de morte, efetivamente cumpridas.
O esquema de desvio de recursos públicos funcionou entre os anos de 1979 e 1981. Atualizados, os valores desviados alcançariam a soma de R$ 20 milhões, que deveriam ter sido destinados a empréstimos para o plantio de mandioca por pequenos produtores, objetivando minimizar os efeitos da miséria causada pela seca na região. No entanto, servia para construção de mansões e compra de carros. O esquema envolvia políticos influentes, policiais militares, o gerente e alguns servidores da agência do Banco do Brasil da cidade de Floresta (PE). Foram mais de 300 financiamentos irregulares para o plantio de mandioca.
Pedro Jorge apresentou a denúncia em 6 de janeiro de 1982. No dia 3 de março, menos de três meses depois, foi morto, com três tiros. Aconselhado a abandonar o caso por integrantes do próprio Ministério Público, afirmou que não se afastaria da denúncia por dois motivos: o combate à impunidade e que não seria ele a transferir as ameaças a um outro colega, conforme carta a um amigo revelada por sua mãe, Heloísa de Melo e Silva.
O processo criminal relativo ao Escândalo da Mandioca durou 18 anos para chegar ao julgamento de 24 acusados. A Justiça condenou 22 dos réus. Os 14 mil hectares de terras sequestradas dos envolvidos no caso foram destinados à reforma agrária.
A criação da mostra itinerante é iniciativa da Fundação Pedro Jorge de Melo e Silva, que realiza ações voltadas ao meio ambiente e cidadania inspiradas pela trajetória do procurador. Para conhecer mais o trabalho realizado pela fundação visite o site: http://fundacaopedrojorge.org.br.