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Turismo & Lazer

Foto: Ademir dos Anjos

A Araguanã de hoje, que se transformou em um dos destinos certo no mapa do turismo do Tocantins e um dos 34 municípios que contam com estrutura montada pelo Governo do Estado e parceiros na temporada de praias 2013, teve origem na exploração de garimpos, como ocorreu com vários outros no território tocantinense. No caso de Araguanã trata-se mais precisamente o quartzo ou cristal de rocha, que foi imprescindível como matéria-prima na 2ª Guerra Mundial.

O cristal extraído no apogeu dos anos 1.940 e 50 era direcionado a Minas Gerais e Rio de Janeiro, dando origem à vila de Araguanã, que se deduz da junção do peixe aruanã, da ave jaçanã, e óbvio o Araguaia, rio do período cenozóico, mas de muitas lendas e estórias. O garimpo chegou a contar com quatro a cinco mil homens.

A antiga Araguanã, que ficava a alguns quilômetros rio acima, teve seu ciclo ceifado com a grande enchente de 1.957. Localizada numa faixa de terra mais baixa, restou aos ribeirinhos de então se dispersarem.

História

O garimpeiro João Moreno, hoje com 62 anos, foi um dos 13 moradores da “velha Araguanã” que, em maio de 1969, resolveram iniciar a formação da nova Araguanã, emancipada de Araguaína, já após a criação do Tocantins. Veio de Floriano (PI) com 19 anos, solteiro, para o pioneiro garimpo do Rebojo, em companhia de amigos. Chegou ao local como ocorria na época: no faro das notícias dos garimpos que “estouravam”.

Atuou nos dois outros também famosos garimpos da área: Lamparina e Axixá. Mas era o Rebojo o que mais produzia, destacando-se a catra do Fedoca. A produção seguia para o vizinho Xambioá, também de garimpo. Dali para Carolina e, de avião, era remetida para Curvelo, Governador Valadares (MG) e Rio de Janeiro.

O veterano garimpeiro conta que no auge da extração muitos melhoram de vida. Há três anos deixou de garimpar, mas junto com outros parceiros negocia pedras de menor valor, na casa e quintal com muitas pedras do minério, em que reside em Araguanã, com filhas e netos. “Existe no setor mineral um grande potencial ainda sem ser explorado”, diz, embora afirme que o processo teria que ser mecanizado com equipamentos e mais tecnologia.

No antigo garimpo

A equipe de reportagem da Agência Tocantinense de Notícias (ATN) visitou parte da área da mina do Rebojo antes seco, sequer com uma cacimba, e hoje de exuberante vegetação, açaizal nativo e mangueiras plantadas pelos garimpeiros, e agora, como num passe de mágica, um grande lago perene em meio a mata, cortada por uma trilha, se formou. Bem diferente de quando os trabalhadores no garimpo precisavam levar água do arraial para os afazeres vários em vasilhames nas costas ou em lombos de burro.

No local, de solo fértil e várias frutíferas, moram duas famílias. A de Pedro Coêlho de Araújo, 72 anos, mas que devido a complicações de saúde pensa em mudar-se para a cidade para ficar mais perto de tratamento médico. Contudo, com forte intuição, já combinou com o proprietário atual da área para cuidar de um filão, que acredita estar por ali mesmo.

O outro histórico garimpeiro é Francisco Chagas, o Chaguinha, viúvo, também com mais de 70 anos. Ele mora com os dois filhos. Na calmaria do verdadeiro bosque em que vive há mais de cinco décadas tem, de comunicação, o rádio como companheiros de todas as horas. Além da companhia inseparável das pedras de cristal amontoadas cultivam plantação de banana, milho e outros víveres. “Trabalho e gosto muito daqui”, resume ele.   (ATN)