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Estado

O novo sistema de gerenciamento de empréstimos consignados do Estado é motivo de descontentamento de vários servidores e principalmente correspondentes bancários que trabalham na operação de vários bancos do Estado. Um grupo de representantes de correspondentes bancários que trabalham com empréstimos consignados procurou o Conexão Tocantins para apontar uma série de dificuldades que os servidores tem passado, segundo eles, em razão da inoperância do novo sistema. Temendo retaliação os representantes preferiram não se identificar na reportagem.

Um dos correspondentes argumentou que o atual sistema dificulta a venda da dívida com os empréstimos para renegociação. “Além da taxa de juros alta nesse novo sistema o servidor não pode juntar as parcelas de linhas de crédito o que impede o cliente de juntar dívida”, frisou um representante da Max Cred que integrava o grupo. Eles compararam com o sistema anterior. “No Siconsig se a pessoa  tinha cinco empréstimos, por exemplo, podia juntar numa parcela só e nesse não pode, tem que renovar um por um por cada linha de crédito porque eles (sistema GRConsig do Instituto Brasil Cidades (IBC)) ganham por linha de empréstimo”, reafirmou.

Outro ponto questionado pelo grupo é o fato da margem de crédito não poder mais ser visualizada no contracheque do servidor. “Qual o segredo de omitir para o servidor a sua visualização de imagem no contracheque?”, questionou um deles.

O sistema anterior, Siconsig, que era administrado pela própria Secretaria Estadual da Administração (Secad), era mais eficiente em alguns pontos, segundo alega o grupo. “O Siconsig era um dos melhores do Brasil, trazia mais confiança para o servidor e esse GRConsig só veio para atrapalhar o servidor em todos os sentidos além de aumentar a taxa de juros”, frisou.

Outro ponto citado como prejuízo para o servidor é a demora para disponibilizar o saldo devedor e o boleto para que o servidor possa vender sua dívida para outro banco. Antes esse serviço era feito online pelo sistema o que facilitava e diminuía a espera do servidor que precisa da renegociação da dívida para conseguir outro dinheiro. “Se sistema não está funcionando porque não volta o antigo? Porque manter um sistema que não está funcionando e quem sai lesado é o servidor?”, indagou um integrante do grupo.

O Instituto Brasil Cidades foi contratado pelo governo no dia 3 de maio de 2013 para gerenciar e desenvolver o software para gerenciamento de empréstimos consignados em folha dos servidores públicos do Estado do Tocantins. Segundo informações de fontes da Secad o sistema anterior já estava com a atualização pronta quando veio a informação de que um novo sistema seria contratado.

Juros e taxas

Atualmente a menor taxa de juros para o servidor é em torno de 2,25%. Além da taxa os bancos têm que repassar 6% para o sistema por cada linha de empréstimo o que acaba sendo repassado para o servidor. Se o servidor pega um empréstimo de R$ 10 mil, por exemplo, R$ 600 vai para o sistema e mais R$ 2 por cada linha de crédito. 

Com os 6% que tem que repassar para o sistema os bancos acabam subindo as taxas e o impacto maior será para o servidor.

Já que as taxas aumentaram com o novo sistema outro questionamento é a falta de assistência e até de informações por parte da gerenciadora do sistema. “Se recebem todas essas taxas deveriam ao menos dar suporte ou ter uma estrutura física no Tocantins”, disse um dos correspondentes. Logo que mudou o sistema o espaço físico era na própria Secad.

Os custos operacionais ou taxa de administração do SiConsig era de 1% por operação de crédito.

Sisepe discorda

O presidente do Sisepe, Cleiton Pinheiro não concordou com as reclamações dos correspondentes e apontou uma briga entre os bancos. “Tem bancos que não querem adequar à legislação federal e se o cara não baixar a taxa o sistema não libera para operar. Esse novo sistema obriga os bancos a cumprir a lei”, rebateu sobre a alegação de que o sistema estaria dificultando a renegociação para venda de dívida.

Ele ressaltou também que o Sisepe não recebeu nenhuma reclação sobre a questão dos consignados. “Tem banco querendo usar o servidor para se beneficiar”, disse. Ele disse também que o Sindicato está aberto para os bancos que quiserem conversar sobre o sistema de empréstimos consignados.

Após as alegações de Pinheiro os correspondentes chegaram a insinuar que o Sindicato estaria fazendo vista grossa para o impasse.

Secad e IBC

A Secad foi procurada para comentar os questionamentos mas informou que o sistema é terceirizado e apenas os responsáveis pela empresa falam sobre o assunto.

O diretor técnico do Instituto Brasil Cidades que administra o Sistema SR Consig, Alcides Moreira, rebateu os argumentos dos correspondentes ao Conexão Tocantins. A primeira informação que eles contestaram foi a de que a taxa de adesão dos bancos ao Sistema é de 6%. “Isso não existe essa taxa de 6%. Os bancos receberam um comunicado falando da taxa de 2%. Isso foi plantado desde o início da nossa implantação e eles insistem em falar em 6%”, frisou.

Segundo Moreira os correspondentes não podem culpar o sistema pelos problemas com os bancos. Com relação ao fato do  sistema não permitir juntar as várias linhas de crédito numa única parcela, como alegaram os correspondentes, o diretor também contestou a informação. “Isso é outra inverdade. Quando implantamos o sistema deixamos essa opção desabilitada mas hoje funciona normalmente”, frisou.

Conforme o diretor o ganho do Instituto sobre o sistema é de 2% na assinatura do contrato mais R$ 2  sobre o valor líquido de cada operação. Questionado sobre o aumento dos juros para o servidor em razão dessas taxas cobradas do banco o diretor alegou que essas  tarifas cobradas das instituições financeiras é uma prática de mercado e não tem nada a ver com o servidor nem com o Estado.

Analisando os questionamentos com relação ao sistema o diretor atribuiu a um suposto boicote que teria, segundo ele, sido plantado por um banco da capital que estaria incentivando  uma reação ao sistema.

Bloqueio

Sobre  a polêmica de que só o Banco Daycovall estaria operando o diretor explicou que o sistema começou a operar no dia 3 de outubro do ano passado e todos os bancos receberam um termo de uso até assinarem o contrato (que cobra 2% das operações de cada instituição financeira). No dia seis deste mês todos os bancos foram bloqueados no sistema para assinarem o contrato e a taxa começar a ser cobrada. “Não ganhamos nada desde a implantação do sistema até o bloqueio”, frisou.

Atualmente na versão do Instituto estão operando o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Daycoval e Panamericano que já assinaram contrato. O BMG, que tem a segunda maior carteira de empréstimos, deve começar a operar assim que aderir ao contrato.

Sobre o fato de não ter um escritório ou local para atendimento sobre o sistema o diretor informou que no próximo mês  eles terão uma estrutura no Tocantins para atender o servidor. “Atualmente temos um local provisório na Secad”, informou.

O sistema é operado pela empresa R2A que está ligada ao Instituto IBC que é de São Paulo mas tem representantes em todo o País. O SRConsig foi escolhido pelo governo dentre outras empresas que também se habilitaram para operar o sistema de empréstimo. “ Fomos escolhidos porque temos um serviço diferenciado”, alegou o diretor.