Cerca de 9.500 km² das principais hidrovias navegáveis da região amazônica serão mapeadas neste ano. Para tanto, serão produzidas ou atualizadas 19 cartas náuticas em 2014, sendo que sete foram finalizadas até maio desse ano. O objetivo é ampliar a segurança da navegação nos rios dos estados do Amapá, Amazonas, parte do Acre, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Roraima. As cartas são elaboradas por uma parceria, desde 2008, entre Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e Marinha do Brasil, dentro do Projeto Cartografia da Amazônia, que também elabora cartas geológicas e terrestres. Ao todo, 55 mil km² já foram cartografados, correspondendo a 90 cartas produzidas ou atualizadas até 2013.
As cartas náuticas, em papel ou eletrônicas, são produzidas a partir de seis navios de pequeno porte, os avisos hidroceanográficos fluviais. Quatro deles foram construídos com recursos do Projeto Cartografia da Amazônia e entregues, em 2012 e 2013, pelo Censipam à Marinha. Os avisos possuem acoplados a si um sensor, o batímetro, capaz de emitir ondas eletromagnéticas para mensurar a profundidade dos rios. “Na Amazônia, os rios apresentam elevada dinâmica de sedimentação devido ao regime de cheias e vazantes. Os sedimentos vão sendo depositados em determinados trechos alterando a profundidade do rio, o que pode comprometer a navegação”, esclareceu Péricles Cardim, diretor de Produtos do Censipam.
“Nesse contexto de dinâmica dos rios amazônicos, as cartas náuticas assumem papel fundamental para garantir, de forma segura e eficiente, o transporte de pessoas e cargas da região”, disse o superintendente de Segurança da Navegação do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), Capitão-de-Fragata, Sebastião Simões Oliveira. Com as cartas é possível verificar a profundidade dos rios, existência de bancos de areia, pedras submersas, ou outros obstáculos, e altitudes e pontos notáveis à navegação. O auxílio aos navegantes pode ser feito com faróis, faroletes, boias, balizas, luzes de alinhamento e radiofaróis.
Mais de 95% de todo o transporte comercial da região ocorre por meio dos rios. Além disso, o transporte fluvial de passageiros movimenta anualmente 8,9 milhões de pessoas. “Nossa parceria com a Marinha contribui com o aumento da capacidade de coleta de dados e, portanto, produção ou atualização mais célere das cartas náuticas”, afirmou Cardim. Dessa forma evita-se a ocorrência de acidentes, com possíveis perdas econômicas, ambientais e de vidas humanas.
“As cartas náuticas assumem importante papel no planejamento de estudos de viabilidade econômica nos projetos para crescimento da região”, complementou o superintendente da CMH. A segurança de navegação interfere no cálculo do seguro do frete comercial, influenciando diretamente no preço dos produtos transportados e afetando toda a economia da região.
Em 2014 já foram produzidas seis novas cartas náuticas do Rio Tocantins, de Tucuruí até a foz do rio (junto ao Rio Pará) e atualizada a carta de Porto de Belém. Até o final do ano planeja-se a elaboração de três novas cartas do Rio Jari, uma carta náutica eletrônica do Porto de Manaus, três de áreas de atracação do Porto de Manaus e uma do Rio do Jari. Serão atualizadas uma carta de Porto de Manaus, uma de Barra Norte do Rio Amazonas e duas do Rio Pará, de Mosqueiro à Ilha da Conceição. Está prevista, ainda, para o ano de 2014, a entrega de mais um navio hidroceanográfico pelo Censipam, com recursos do Projeto da Cartografia.
O Projeto Cartografia da Amazônia, lançado em 2008, é coordenado pelo Censipam e tem como executores a Marinha, Exército, Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).