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Opinião

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

O Estado do Tocantins está ficando pior, não sei se pior ou muito pior do que a situação política eleitoral do País. Conchavos, cooptações, negócios nos bastidores e na calada da noite é que definem os candidatos e coligações. Não há mais ideologia, apesar dos estatutos dos partidos.

O grande circo está armado onde já se encontram os palhaços cheios de truques, que fazem rir, são aplaudidos e inspiram confiança. Também há os malabaristas que fazem acrobacias que deixam todos de boca aberta. No início e final de cada espetáculo estão os animadores que, com suas palavras em alto tom e som querem fazer crer na veracidade de todo o espetáculo.

Quanta ilusão e enganação. Se fosse apenas como um circo de verdade, serviria apenas para momentos de descontração e alegria de crianças e adultos, mas em se tratando de campanha eleitoral a coisa é mais séria, pois traçará o futuro e o rumo político, social, econômico e cultural de todo um povo.

De um lado vemos o candidato do governo mobilizando a sua reeleição, agregando um grande número de partidos que, inclusive, estatutariamente se contradizem, com um lema: A mudança já começou. Pergunto: que mudança? A troca apenas ocorreu na mudança física do velho governante que renunciou para um bem mais jovem alçado para o cargo da noite para o dia. No restante nada mudou, a não ser o investimento em publicidade enganosa.

O velho saiu porque não conseguiu sequer dar conta de instalar as cisternas prometidas para o povo sedento do sudeste do Estado, depois de quase dois anos depositados em pátios nos municípios, com recursos do Governo Federal. O que se diz novo, seu sucessor, instalou apenas uma dezena delas e mostra em imagens belíssimas na TV a riqueza da água jorrando na casa de todos os necessitados do sudeste.

O velho não deu conta de sequer iniciar a construção e ampliação dos hospitais prometidos, e chega o sucessor que promete obras concluídas em pouco tempo. Enquanto isso, continuam faltando remédios, insumos e os problemas da saúde continuam.

Mas o lema é: A mudança já começou.

Que mudança é esta onde os atores que acompanhavam a política do velho continuam os mesmos e agindo da mesma forma?

O que se apresenta de novo não é política, mas politicagem, isto quer dizer, fazer política mesquinha, que tem por objetivo atender aos interesses pessoais ou trocar favores particulares em benefício próprio. Até o prefeito da capital do Tocantins se rendeu aos caprichos circenses, alegando ganho para a sociedade palmense. Será? 

Se esta foi a negociação, é a mais clara demonstração de politicagem. Imaginem, partindo daquele que dizia que veio para acabar com a velha política. 

O PT, que por muitos anos lutava e brandia a bandeira da ética, abre mão de candidatura própria, mesmo sendo o maior e mais poderoso partido do Brasil, para postular uma candidatura de suplente de uma senadora, defensora do agro-negócio e inimiga dos petistas no Tocantins. Dá para entender uma coisa destas? Nunca. 

Fico a imaginar aqueles militantes petistas, sérios, mas inocentes, que por tantos anos sofreram exatamente na mão destes, que hoje são candidatos na chapa majoritária. Se coligar com o PMDB é perfeitamente compreensível, mas apoiar a senadora Kátia Abreu para a reeleição dá um nó total na cabeça daqueles que ainda tem ideologia, ética e espírito de justiça, além de lutar por ética na política. 

O eleitor tocantinense que, efetivamente, luta por uma mudança, não esta que está aí proposta, terá que fazer uma garimpagem em meio aos candidatos que estão postulando diversos cargos. A garimpagem será difícil, pois a maior parte dos que estão aí, são meros palhaços e enganadores. 

Bem, a campanha está começando, fiquemos espertos, pois as imagens televisivas e os programas radiofônicos são belíssimos, cheios de frases de impacto, deixando todos de boca aberta. 

Que o espírito das manifestações de 20 de junho de 2013 se concretize nas eleições de outubro de 2014. 

*Wolfgang Teske 

é catarinense de Blumenau-SC, nascido em 1957. É jornalista, educador e teólogo, pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Mestre em Ciências do Ambiente/Cultura e Meio Ambiente. Reside em Palmas-TO, desde 1992, onde implantou o Complexo Educacional da Universidade Luterana do Brasil, sendo o seu primeiro diretor. Foi diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da Escola Técnica Federal de Palmas, hoje IFTO, na sua implantação. Atualmente, é professor e pesquisador da Universidade Federal do Tocantins. Autor dos livros A Roda de São Gonçalo; Cultura Quilombola; co-autor do Fotolivro Roda de São Gonçalo e diretor de produção do Filme A Promessa. É Cidadão Palmense e Membro da Academia Palmense de Letras - cadeira nº 17. Wolfgang Teske ainda escreve semanalmente em seu blog Alfarrábio Pensar.