Depois do envolvimento dos brasileiros com a Copa do Mundo, ficam os questionamentos sobre o legado que o megaevento deixa para o País. Estádios modernos, aeroportos ampliados e algumas obras de mobilidade urbana são benfeitorias pontuais que permanecerão. Mas existe outro legado, mais abstrato, que exige planejamento a longo prazo e visão de futuro, algo não muito comum em nossas terras tropicais.
A prática esportiva nas escolas é um exemplo positivo de como as nações mais desenvolvidas – como Estados Unidos, Alemanha e França – trabalham suas crianças e adolescentes com a cultura do esporte. Quem nunca assistiu a um filme no qual estudantes se esforçam ao máximo para entrar no time de basquete ou de futebol americano da high school (equivalente a nosso ensino médio)? E como são vistos de maneira especial por toda a escola? Quem nunca viu nos filmes de Hollywood uma cena comum, com treinadores incutindo espírito competitivo e vencedor nesses jovens? Será por acaso que esses países estão entre as maiores potências olímpicas e se destacam em praticamente todos os esportes? Infelizmente, ainda temos um percurso longo a percorrer nesta área, mesmo com a organização da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.
A prática esportiva nas escolas reforça aspectos pedagógicos como disciplina, respeito ao próximo, hierarquia e trabalho em equipe. Desperta o senso de cooperação, o entendimento, o respeito às regras e a organização do tempo. Fundamentos que tornam os jovens competitivos até mesmo para o mercado de trabalho, já que muitas empresas procuram, nos processos seletivos, muitas dessas características, ainda raras em nossos estudantes.
Há também os benefícios à saúde, à melhoria da coordenação motora e ao desenvolvimento físico e mental, o que ajuda na aprendizagem e afasta dos malefícios da sociedade, como as drogas e as más companhias. A prática desde cedo nas escolas também revela talentos, que podem se tornar os futuros heróis do esporte, como Neymar, Müller, Messi, Robben, James Rodrigues e tantos outros atletas na Copa de 2014.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.