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Saúde

Foto: Talita Melz Equipe do Ambbar com a primeira paciente Equipe do Ambbar com a primeira paciente

A confeiteira Maria de Fátima Fonseca foi a primeira paciente a ser atendida pelo Ambulatório de Bariátrica (Ambbar), um programa de extensão ligado ao Curso de Nutrição da Universidade Federal do Tocantins (UFT) que realiza atendimento nutricional para quem fez ou vai fazer cirurgia bariátrica. Fátima foi diagnosticada com obesidade mórbida aos 32 anos, começou tratamentos para emagrecer, mas mesmo assim não conseguiu o resultado ideal. "Eu emagrecia e depois voltava a engordar", lembra. 

Foi durante um de seus tratamentos que Maria de Fátima conheceu a professora Sônia Pinto, coordenadora do Ambbar, e começou a participar do programa. Com a orientação, fez os exames necessários e depois a cirurgia. Oito meses depois, está 45 quilos mais magra e continua frequentando o Ambbar. "Nesses oito meses após a cirurgia bariátrica eu voltei a viver, tudo mudou na minha vida, tenho outra perspectiva", afirma.

Segundo a paciente seu peso antes da cirurgia era de 135 Kg, "e hoje estou pesando 90 Kg", conta Fátima. Para ela, as consultas mensais no ambulatório são importantes porque ajudam a manter uma dieta saudável, já que seus hábitos alimentares mudaram totalmente. "Eu tive que apagar tudo o que aprendi a comer porque, infelizmente, temos hábitos muito errados", analisa ela, que com o acompanhamento nutricional conseguiu reduzir drasticamente as gorduras e a glicose da dieta. "Antes eu usava 30 quilos de açúcar por mês, hoje só uso dois. Gastava 10 litros de óleo por mês, hoje gasto só um", comemora. 

Boa cozinheira, ela aprendeu a desenvolver alimentos saudáveis e saborosos com poucas calorias. "Com isso não só eu emagreci, mas toda a minha família. Meu filho perdeu 13 Kg só com a minha reeducação alimentar", conta.

O programa de extensão da UFT também incentivou Fátima a se engajar e ajudar outras pessoas que sofrem com o excesso de peso. "Com esse projeto da Sônia eu também abracei a causa e agora estamos abrindo uma associação de combate à obesidade". A ideia é dar apoio a pessoas que fazem a cirurgia e também às famílias desses pacientes, já que muitos enfrentam dificuldades antes, durante ou após o procedimento. 

Ambbar

Em funcionamento desde setembro de 2013, inicialmente como projeto de extensão, atualmente o programa atende 70 pacientes no período pré ou pós-operatório, sendo que 40% não residem em Palmas. Uma das pacientes viaja cerca de 500 km, de Araguaçu à capital, para as consultas mensais. Com dois ambulatórios de atendimento, localizados no Laboratório de Nutrição da UFT no Câmpus de Palmas, são atendidas cerca de 20 pessoas por semana. 

Segundo a coordenadora do Ambbar, Sônia Pinto, além de prestar assistência à população, o programa tem como objetivo oferecer ao acadêmico de Nutrição a possibilidade de conhecer a prática clínica ambulatorial. O programa conta atualmente com quatro alunas, três delas bolsistas.

O programa atua em parceria com o Hospital Geral de Palmas (HGP), que encaminha os pacientes para a UFT. Os atendimentos, que incluem aferição das medidas antropométricas (peso, altura, circunferência da cintura), avaliação de hábitos alimentares, orientação nutricional e acompanhamento clínico, são realizados de segunda à sexta-feira e podem ser agendados em horário comercial pelo telefone. Mais informações também podem ser obtidas pelo e-mail ambbar@gmail.com.

Cirurgia Bariátrica

A cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago, tem como objetivo principal o tratamento da obesidade grave e de doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. O procedimento é destinado a pessoas com obesidade mórbida, ou seja, aqueles que possuem o IMC acima de 40 que não tiveram sucesso com outros tipos de tratamento. A cirurgia bariátrica é classificada em duas categorias: restritiva, que diminui a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de comportar, e disabsortiva, que reduz a capacidade de absorção do intestino.

Quem faz a cirurgia bariátrica precisa ser constantemente assistido. "O acompanhamento é continuo, o pós-operatório deve ser pelo resto da vida. É importante verificar se o paciente está bem, se atingiu o peso estipulado pelos médicos, se está se alimentando corretamente, se não está com deficiência nutricional", alerta a professora.

Inicialmente, até o paciente começar a dieta normal, a frequência das consultas é de 15 em 15 dias, depois de mês em mês. Passado um ano ou dois da cirurgia, dependendo da evolução do caso, as consultas podem ocorrer a cada três ou quatro meses. Já o acompanhamento pré-operatório não possui um tempo mínimo estipulado. No Ambbar os pacientes são acompanhados por pelo menos três meses ou cinco consultas antes de passar pelo procedimento cirúrgico.