O Núcleo
de Defesa da Saúde (NUSA) da Defensoria Pública do Tocantins protocolou
na manhã da última quinta-feira, 11, na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau)
a Recomendação que pede a substituição do medicamento Eutropin do fármaco
Somatropina fornecido para o tratamento de crianças e adolescentes com
quadro clínico de deficiência de hormônio de crescimento.
O
medicamento Eutropin, atualmente disponibilizado pela Sesau aos pacientes
em tratamento, tem causado várias reações adversas, sendo comum os
relatos de efeitos colaterais – dor de cabeça intensa, ardor no local da
aplicação – e com isso a rejeição por quem é usuário. A Defensoria Pública
ressalta que o direito à saúde compreende não apenas o fornecimento ou
prestação do serviço, mas, sobretudo, a qualidade de vida do paciente.
Nesse sentido, apesar do medicamento ser fornecido a menor preço, a justificativa
orçamentária não pode se sobrepor a qualidade de vida daqueles que
necessitam do tratamento, além disso, foi verificado um desperdício da
medicação e do dinheiro público, pois as crianças e adolescente que usam
o Eutropin 4UI só podem realizar uma aplicação, de forma imediata, a
sobra das ampolas não pode ser reaproveitada e devem ser descartada.
As
reclamações no uso do referido medicamento foram registradas também nos Estados
de São Paulo, Rio Grande do Norte, Goiás e Espírito Santo, nesse último,
inclusive, já existe decisão judicial favorável para a substituição do
medicamento levando em consideração a qualidade de vida dos pacientes.
Diante
da situação apresentada, o pedido do Nusa é que o Secretário de Saúde
realize a substituição do medicamento Eutropin por outro similar, de preferência,
pelo Hormotrop, que vinha sendo utilizado sem reclamações de males,
dores e ardores sentidos pelas crianças, a ser entregue aos pacientes
que apresentarem laudo médico prescrevendo a necessidade da substituição,
diante das reações adversas e prejudicialidade do tratamento devido a
não adaptação ao Eutropin, observadas as exigências legais e técnicas,
além do precedente judicial do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e
das informações fáticas colhidas diretamente de quem faz uso da referida
medicação.
O outro lado
A Aspen Pharma, farmacêutica detentora da marca Eutropin (Registro MS:1.0556.0001) e responsável pela comercialização do mesmo, informou que não há qualquer problema com a substância Somatropina, utilizada no medicamento em questão.
A empresa informou que o hormônio de crescimento Eutropin passou por análise rigorosa recentemente para verificação da possível relação do mesmo com episódios de dor, durante aplicação em pacientes de 8 a 14 anos, e nada foi constatado contra o medicamento. A Aspen Pharma, que atua no mercado farmacêutico brasileiro desde 2009, garante a segurança e confiabilidade do produto.
Sobre os episódios de dor, relatados por alguns pacientes, a empresa afirma que tal reação adversa é prevista em bula. Além disso, especialistas asseguram que é fundamental levar em consideração a idade do paciente em casos de queixas de dor durante aplicação de injeções e vacinas. Há pessoas mais suscetíveis a dor do que outras.
Outro fator que pode explicar o que torna as injeções doloridas, segundo especialistas, é que a pressão osmótica - força que o líquido aplica para atravessar as membranas do organismo -, da solução injetada é maior que a dos fluidos biológicos do organismo. Autoridades no assunto explicam que a pressão é maior porque todo medicamento precisa romper as barreiras de proteção do organismo, que são feitas geralmente por membranas, para alcançar a corrente sanguínea. Por isso, quanto maior o volume de medicamento, maior a pressão sobre os músculos para penetrar em tais membranas.
Embora haja explicações científicas que comprovem a eficácia e segurança do medicamento, a Aspen Pharma se coloca à disposição para auxiliar hospitais, enfermeiros e familiares na melhor administração do medicamento a fim de que qualquer desconforto seja amenizado.