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Polí­tica

Foto: Divulgação

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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (15), durante a posse da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) como presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que a parceria com a parlamentar “está apenas começando”. Kátia Abreu foi convidada por Dilma para assumir o cargo de ministra da Agricultura no segundo mandato da presidente, segundo informou o Blog do Camarotti. A escolha ainda não foi confirmada oficialmente pelo Palácio do Planalto.

“Quando estive aqui em agosto, no encontro dos presidenciáveis, falei do meu orgulho de ter dialogado com o setor agroecopecuário. Hoje, Kátia Abreu, quero dizer que nossa parceria está apenas começando, temos quatro anos pela frente”, afirmou a presidente. "Quero a CNA ao meu lado, preservada a sua autonomia e independência", declarou Dilma.

Segundo ela, no segundo mandato, o produtor rural não será "apenas ouvido e consultado". "Proponho mais que isso. Quero o produtor rural tomando decisões junto comigo, participando do governo e atuando diretamente na definição de novas políticas", declarou.

No novo mandato que se inicia, o produtor rural não será apenas ouvido e consultado. Proponho mais que isso. Quero o produtor rural tomando decisões junto comigo, participando do governo e atuando diretamente na definição de novas políticas."

Dilma iniciou e encerrou o discurso com elogios a Kátia Abreu, destacando que compareceu pessoalmente à posse para homenagear “uma mulher que se distinguiu na direção da CNA e que honra o país”. “[Kátia Abreu] honra as mulheres desse país pela sua capacidade de trabalho e por ser uma lutadora incansável por esse segmento que é muito importante para o nosso país”, disse.

Segundo a presidente, diferenças políticas e ideológicas não podem impedir que todos trabalhem pelo objetivo comum de desenvolver o país e o agronegócio.

“As bandeiras da produtividade e preservação estão nas mãos de todos. Por isso, eu digo que nós temos um imenso conjunto, aqui representado, dos empresários do agronegócio, dos trabalhadores rurais, dos ambientalistas, e de todos eles, sem exceção, sem considerar diferenças políticas ou ideológicas.”

Em sua fala, Dilma procurou reforçar que está disposta a ampliar o diálogo com o setor agropecuário e citou investimentos públicos em produção agrícola.

“Desde 2011, participo das reuniões que minha equipe elabora para concluir e propor o Plano Safra. Em todos os anos, a CNA foi ouvida, suas sugestões foram quase todas elas acatadas e seus pleitos sempre foram levados em consideração”, disse.

Segundo a presidente, o governo sempre tentou atender os pleitos dos produtores rurais. “Meu governo zelou por isso e posso dizer tranquilamente: buscamos garantir especial atenção a alguns elos da cadeira produtiva por serem prioritárias ou porque até então não tinham recebido apoio suficiente do Estado”, disse.

Dilma afirmou também considerar possível ampliar a produção agrícola sem descuidar da preservação do meio ambiente. “O sucesso do nosso plano agrícola é fácil de ser mensurado. Na safra de 2001-2002, produzimos 96,8 milhões de toneladas, em 40,2 milhões de hectares. Na safra deste ano, devemos ultrapassar 200 milhões de toneladas, em 58 milhões de hectares, ou seja, mais que dobramos a produção. Cito estes dados porque estamos dando as melhores respostas a um dos maiores desafios, alimentar o mundo sem destruir o planeta."

Indicação polêmica

A possível indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura é criticada por ambientalistas, líderes de movimentos sociais e pequenos produtores rurais.

Ainda nesta terça, após reunião com a presidente Dilma, o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Alexandre Conceição afirmou que a possível nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura seria uma medida “equivocada”.

Segundo ele, a presidente da CNA representa “mais veneno na mesa, mais trabalho escravo e mais repressão a indígenas e quilombolas.”

Na semana passada, após reunião com Dilma, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, classificou como "péssima" a possibilidade de Kátia Abreu assumir o comando do ministério.

Paradigmas da esquerda

No discurso de posse, Kátia Abreu defendeu superar “paradigmas” da esquerda e da direita, como forma de garantir o desenvolvimento do país, sobretudo na área agropecuária.

Algumas horas antes da cerimônia, cerca de 70 manifestantes ligados ao Movimento Brasileiro dos Sem Terra (MBST), à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer) derrubaram a grade da sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em protesto contra a possibilidade de a senadora assumir o Ministério da Agricultura.

Eles tentaram invadir o prédio, mas foram impedidos pela segurança. “Temos que superar paradigmas de grupos da esquerda e da direita que desservem ao país. Como o [grupo] de hoje que, de forma desrespeitosa, invadiu este prédio”, disse Kátia Abreu.

A senadora destacou que a agricultura brasileira impulsiona a geração de empregos e, diante de Dilma, disse que, apesar dos avanços, os investimentos públicos ainda são aquém do esperado. Ela afirmou ainda que as diferenças partidárias não podem influenciar as entidades representativas dos agricultores, como a CNA.

“A CNA não é uma casa partidária. A disputa ideológica, legítima, necessária se exerce nos partidos políticos. Nossa entidade deve continuar sendo uma reunião de homens e mulheres que colocam a nação brasileira acima de tudo”, disse.

'Especulações'

Após a cerimônia na CNA, Kátia Abreu afirmou a jornalistas, durante coquetel, que são "especulações" as notícias de que será nomeada ministra da Agricultura. Segundo ela, não houve convite da presidente.

Ao ser questionada sobre a fala em que a presidente afirmou que a "parceria" com ela está "apenas começando", Kátia Abreu disse que nos últimos quatro anos houve proximidade "bastante interessante" entre a CNA e o governo e que Dilma tem "confiança" na entidade.

"Com certeza estaremos mais próximas, eu como presidente da CNA e como uma pessoa que aprendeu a admirá-la justamente pela vontade dela de aprender e atender as demandas do setor. Por isso, essa reciprocidade, essa afinidade. [...] Isso [indicação para o ministério] são só especulações, apenas especulações. Eu continuo senadora e presidente da CNA", disse.

Fonte: G1 Brasília