Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Saúde

Foto: Heitor Iglesias Somente em janeiro, o HGP contabilizou 199 atendimentos a acidentados, com 152 envolvendo motocicleta Somente em janeiro, o HGP contabilizou 199 atendimentos a acidentados, com 152 envolvendo motocicleta
  • Maria Francisca sofreu acidente e há dois meses faz fisioterapia no Centro Estadual de Reabilitação

A imprudência e a violência no trânsito vêm impactando diretamente as unidades hospitalares do Estado do Tocantins. Esse tem sido um dos fatores que mais contribuem para a superlotação e sobrecarga dos profissionais do Hospital Geral de Palmas (HGP), já que as vítimas de acidentes de trânsito geralmente passam mais tempo internadas e os leitos permanecem ocupados, não havendo rotatividade.

Nos últimos anos, o número de atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito no HGP tem crescido gradativamente, principalmente aqueles que envolvem motocicletas. Em 2012, foram 1.432 atendimentos, sendo mais de 1.042 de moto; já a soma de 2013 foi de 1.894, uma média de 1.216 de moto. No ano de 2014 o levantamento apontou 2.457 atendimentos a vítimas de acidentes, destes 1.711 estavam associados ao uso de motocicleta. Somente em janeiro deste ano, os indicadores totalizam 199 atendimentos a acidentados, com 152 envolvendo motocicleta, superando os números do mesmo mês do ano anterior que teve 125 atendidos, sendo 64 acidentados de moto.

Essa situação tem transformado o cenário dos hospitais do Estado, no HGP, por exemplo, tem refletido diretamente na especialidade da ortopedia, já que o paciente vítima de acidente de trânsito, na maioria das vezes chega politraumatizado recebendo atendimento prioritário no pronto socorro e passando por cirurgias.

Segundo o médico ortopedista e traumatologista do HGP, Elton Stecca Santana, tem-se observado um aumento intenso, tanto na quantidade como na gravidade dos pacientes que chegam ao hospital vítimas de acidentes. "Muitas vezes esses pacientes necessitam de um tratamento mais intensivo, com a intervenção de várias especialidades, e mesmo com tratamento ofertado, existem aqueles que, infelizmente, acabam ficando com sequelas", explica.

O secretário de Estado da Saúde, Samuel Bonilha, destaca que a grande quantidade de acidentes contribuem para o aumento da demanda nas unidades hospitalares. “Além de sobrecarregar os hospitais, essas vítimas passam muito tempo ocupando os leitos o que dificulta a rotatividade”, lembra. 

Custos

De acordo com a diretora do Hospital Geral de Palmas, Renata Duran, por conta dos politraumas, as vítimas de acidente de trânsito acabam sobrecarregando o serviço hospitalar,  principalmente por conta do tempo de permanência e do custo maior. “São pacientes que num único atendimento poderão ser assistidos por vários profissionais, como cirurgião vascular, neurocirurgião, cirurgião geral, ortopedista,infectologista e cirurgião plástico.  E na maioria das vezes  ficam internados durante vários dias ou até meses nos leitos que poderiam ser utilizados pelos pacientes que necessitam de cirurgias eletivas ", relata.

O paciente politraumatizado, aquele que tem várias fraturas, o que é comum em acidentes envolvendo motocicleta, tem gasto R$ 2.000 a R$ 2.500 a cada três dias de internação normal. Quando necessita de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e de Centro Cirúrgico o custo sobe para R$ 3.600 a R$ 4.000 pelo mesmo período.

Números aumentam

Despreparo do condutor, embriaguez, velocidade, uso irregular ou ausência do cinto de segurança ou capacete por parte do motociclista são algumas das causas de acidentes. Só no Estado,  conforme o Departamento de Trânsito do Tocantins (Detran), de janeiro a dezembro de 2013 (últimos dados registrados) foram 12.109 acidentes,  sendo 302 com vítimas fatais e  4.602  envolvendo motocicletas.

A Gerência de Doenças Não Transmissíveis, por meio da Comissão de Dados do Projeto Vida no Trânsito, que faz o monitoramento de acidentes envolvendo o consumo de bebidas alcoólicas, registra que de janeiro a setembro de 2014 (dados parciais) ocorreram 238 acidentes graves e fatais em Palmas, desses um total de 35% teve o álcool como fator de risco que mais contribuiu para o acidente. Os dados também apontam que os condutores de motocicletas lideram as estatísticas dos acidentes graves e fatais com 167 vítimas, sendo responsáveis por 70% desses acidentes.

Processo de Reabilitação

Quem sofreu um acidente sabe bem da dificuldade que é a recuperação. A moradora de Lajeado, Maria Francisca de Oliveira, sofreu acidente de moto e passou 13 dias internada no HGP. Há dois meses ela faz fisioterapia no Centro Estadual de Reabilitação (CER). “É muito difícil caminhar bem e depois depender de moleta, ter que aprender andar tudo de novo. Por isso, eu deixo um recado às pessoas, que ao andar de moto tenham muito cuidado e usem sempre capacete”,  ressaltou.

Quase todas as vítimas de acidentes de trânsito sofrem fraturas nos membros inferiores. Por isso, esses pacientes utilizam os serviços da ortopedia, cirurgia geral, e em alguns casos, os da neurocirurgia. Além disso, esses pacientes recebem o atendimento pós-cirúrgico, como é o caso de Thiago Silva Sousa, morador de Barrolândia que também sofreu um acidente de moto. O acidente aconteceu há um ano e nove meses, ele foi internado no HGP, passou por cirurgia e teve que ir para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).  “A equipe médica me deu 1% de vida. Com hemorragia interna passei por uma cirurgia na cabeça e estou há mais de um ano na reabilitação. Quando cheguei aqui estava de cadeira de rodas e com seis meses comecei a andar e falar. A primeira palavra que falei foi o nome da minha mãe”, contou emocionado. (Ascom Sesau)