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Estado

Foto: Divulgação

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A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lançará oficialmente a região agrícola do Matopiba em Palmas (TO), às 9h, no auditório do Tribunal de Justiça do Tocantins. Formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a região é uma das principais áreas do mundo em expansão na produção de grãos. O projeto foi autorizado pela presidente da República, Dilma Roussef, na semana passada, com a assinatura do decreto que delimitou o Matopiba e era uma das ações defendidas pela ministra Kátia Abreu desde o ano passado, ainda como Senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Palmas é a primeira das quatro cidades que a ministra pretende visitar para apresentar o potencial do Matopiba a produtores, associações rurais, políticos e pesquisadores. No último dia 6, a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que formaliza a abrangência territorial da região.

O Matopiba, cujo nome é um acrônimo formado com as iniciais dos estados que o formam, é considerado a última fronteira agrícola do mundo e atualmente representa 10% da produção de grãos no Brasil. É estratégico para a ascensão social dos pequenos produtores locais e para o incremento da produção e da exportação agropecuária do país.

Durante o evento, em Palmas, a ministra também anunciará a doação de 20 tratores para municípios tocantinenses e a aquisição pelo Mapa de uma perfuratriz e de um caminhão, que ficarão à disposição da Superintendência Federal de Agricultura do Tocantins.

Além disso, prefeitos de municípios da região assinarão um termo de adesão às metas que comporão o programa nacional voltado para ampliação e fortalecimento da classe média do campo. Entre as metas, está buscar ativamente produtores rurais e garantir assistência técnica e extensão rural.

Segundo Kátia Abreu, o governo federal pretende apoiar o crescimento sustentável dos produtores locais do Matopiba com investimento em tecnologia e assistência técnica.

“O governo está tendo a chance de acompanhar esse crescimento e promover verdadeiramente o desenvolvimento regional. No passado, produtores experientes ocuparam nossas áreas agrícolas, mas a população local ficou ao largo assistindo. Com o Matopiba, queremos reverter esse histórico”, afirmou Kátia Abreu.

Uma das medidas que deverá impulsionar os agricultores da região é a criação de uma agência de desenvolvimento voltada para tecnologia com forte investimento em capacitação, inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica. O formato da futura agência tem sido discutido entre o ministério e representantes dos estados, da iniciativa privada e de instituições de pesquisa e de ensino.

Conheça mais sobre o Matopiba- O Matopiba abrange 337 municípios e 31 microrregiões num total de 73 milhões de hectares, com 5,9 milhões de habitantes. O principal critério de delimitação territorial foi embasado nas áreas de cerrados existentes nos quatro estados. O segundo critério foram os dados socioeconômicos.

O Maranhão ocupa 32,77% de todo o território do Matopiba, com 23,9 milhões de hectares em 135 municípios. O Tocantins tem 37,95% da área, 27,7 milhões de hectares e 139 municípios. Já o Piauí representa 11,21%, tem 8,2 milhões de hectares e 33 municípios e a Bahia ocupa 18,06% da área, com 13,2 milhões de hectares e 30 municípios. A proposta de delimitação foi feita pelo Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE), da Embrapa

Agricultura

O território do Matopiba apresenta a expansão de uma fronteira agrícola baseada em tecnologias modernas de alta produtividade. Hoje, o principal grão destinado à exportação é a soja, mas outras culturas começam despontar na região como o algodão e o milho.

O clima favorável, o perfil dos produtores e a legalidade de novas áreas a serem abertas trazem boas perspectivas para a região. Assim, a totalidade dos quatro estados deverá apresentar aumento de 7,9% na produção de grãos na safra 2015/2016.

No caso da soja, por exemplo, os quatro estados aumentaram significadamente sua produção na safra de 2014/2015 em relação à 2013/2014. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Bahia teve crescimento de 20,3% (produção total de 3,979 milhões de toneladas), o Piauí, 18,6% (1,766 milhões de toneladas), o Maranhão, 16,4% (2,123 milhões de toneladas) e o Tocantins, 13,5% (2,335 milhões de toneladas).

Entre 1973 e 2011, a produção de soja passou de 670 mil toneladas para mais de 7 milhões. E a de grãos saltou de 2,5 milhões de toneladas para mais de 12,5 milhões no mesmo período.  O total produzido de soja deverá saltar de 18.623 milhões de toneladas da safra 2013/2014 para 22.607 milhões de toneladas em 2023/2024, aumento de 21%.

População e economia

A população total do Matopiba é de 5,9 milhões, sendo que Imperatriz (MA) tem o maior contingente populacional, 566 mil pessoas. Os dados mostram rápido crescimento da população urbana, que em 2000 era de 69 mil pessoas – número que saltou para 124,3 mil dez anos depois.

Do total de 250.238 estabelecimentos rurais, 85% têm mais que 100 hectares e exploram principalmente lavouras temporárias e permanentes, hortícolas, bovinos, leite, porcos, aves e ovos.

Os dados coletados pela Embrapa mostram concentração de renda e pobreza na região. Do total de estabelecimentos, 80% são muito pobres (renda mensal de 0 a 2 salários mínimos) e geraram apenas 5,22% de toda a renda bruta do Matopiba. 14% são pobres e geraram 8,35 % da riqueza na região. 5,79% são classe média e responsáveis por 26,74% da renda.  Somente 0,42% das propriedades são ricas (renda mensal de 200 salários mínimos) e geraram 59% da renda bruta da região.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Matopiba soma R$ 46,9 bilhões, sendo que o Maranhão responde por 41% desse total, seguido por Tocantins (36,7%), Bahia (18,47%) e Piauí (3,74%). O PIB per capita da região é de R$ 7,95 mil, abaixo da média do Nordeste (R$ 9,56 mil), do Norte (R$ 12,7 mil) e do país (R$ 19,77 mil).

Natureza

Há três biomas no Matopiba, mas o cerrado prevalece em 90,9% de toda a área. Em seguida está Amazônia (7,2%) e Caatinga (1,64%). Quatro regiões hidrográficas importantes estão localizadas ali, a Tocantins-Araguaia, o Parnaíba, o Atlântico Nordeste Ocidental e o São Francisco. Na área de óleo e gás, o Maranhão se destaca como o 8º maior produtor do país, com o campo de Gavião Real.

Quadro agrário

Segundo estudos do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) da Embrapa, em toda a extensão do Matopiba há 19% áreas legalmente atribuídas, sendo 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas, 745 assentamentos e 36 quilombolas.