A doença falciforme é genética e hereditária, caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica, ficam endurecidas e adquirem o aspecto de foice (daí o nome falciforme), o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos, causando danos e provocando dor.
De acordo com a enfermeira, Regina Figueiredo Teixeira, que atende pacientes falcêmicos no Ambulatório de Hematologia do Tocantins (Hemoto), no Estado existem em média 500 pessoas com a doença e em tratamento nos hemocentros de Palmas e Araguaína. “Essa média de pessoas faz tratamento no Estado e alguns sintomas da doença são dores fortes nos ossos, dores articulares, fadiga intensa, atraso no crescimento, tendência a infecções, problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais”, destacou.
Já o diagnóstico, segundo a biomédica que atua no Hemoto, Jaqueline Parente, pode ser dado em poucos dias após o nascimento. “O diagnóstico nos bebês é realizado através de exames do teste do pezinho, que deve ser realizado antes do bebê receber alta da maternidade. E para pessoas adultas, através de exame de sangue eletroforese de hemoglobina que detecta o traço ou a doença”, explicou.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento aos portadores da doença. No Tocantins, todo o tratamento é feito no Hemoto, localizado no Hospital Geral de Palmas (HGP) e no Hemocentro Regional de Araguaína. Já a medicação é oferecida pela Assistência Farmacêutica do Estado.
Quando descoberta a doença, o paciente deve ter acompanhamento médico baseado num programa de atenção integral. Nesse programa, os pacientes são acompanhados por uma equipe composta por profissionais treinados para orientar a família e o paciente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade da doença, tratar adequadamente as crises e praticar medidas para prevenção.
Ainda segundo a enfermeira Regina Figueiredo, a equipe é formada por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, dentistas. “Um paciente com diagnóstico de doença falciforme pode ter uma melhor qualidade de vida quando é monitorado. É fundamental que o tratamento comece precocemente, de forma preventiva para evitar as crises. Uma febre em um paciente que tenha a doença pode ser sinal de alerta, por exemplo”, destacou a enfermeira.
Conscientização
O empresário Renato Rodrigues, de 51 anos, recebeu o diagnóstico da doença quando tinha 10, logo após a morte de sua irmã mais velha em virtude da doença. “Com a morte fomos orientados a fazer o exame e descobrimos que tanto meu pai quanto minha mãe tinham o traço da doença. A partir daí fomos informados que dos cinco irmãos, dois tinham a doença, dois tinham o traço e um era normal”, contou. O traço falciforme tem a hemoglobina "S" mas também a "A", hemoglobina normal, o que significa que a pessoa tem uma taxa inferior a 50% de hemoglobina "S", ou seja, ocorre um equilíbrio, mantendo a pessoa saudável.
Hoje, Renato faz tratamento no Ambulatório de Hematologia de forma regular e tem todo o acompanhamento necessário para não ter crises. “Faço controle de três em três meses e a medicação recebo da Assistência Farmacêutica. Hoje, minha vida é muito melhor”, destacou.
O paciente é presidente da Associação dos Falcêmicos do Estado do Tocantins (Afeto), que trabalha para disseminar conhecimentos sobre a doença aos profissionais e orientar usuários em relação aos seus direitos e acesso aos serviços de saúde. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) tem convênio com a Associação e oferece recursos humanos para ajudar na assistência aos pacientes.
Dia Mundial de Conscientização
E tendo em vista a comemoração do Dia Mundial de Conscientização sobre a doença falciforme, celebrado no dia 19 de junho, a Afeto realiza evento que vai contar com palestras. A ação acontece nesta sexta-feira,19, no Sebrae, próximo ao Ministério Público Estadual (MPE). (Ascom Sesau)