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Polí­tica

Foto: Divulgação

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Com a presença dos jornalistas Amaury Ribeiro Junior, Leandro Cipoloni e Luiz Carlos Azenha, autores do livro O Lado Sujo do Futebole nomeado pelo presidente Romário, da CPI do Futebol,  como relator “ad hoc”, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) quer que a comissão aprofunde todas as investigações para cumprir o seu papel, buscando informações sobre dirigentes, cartolas, clubes, empresários e empresas envolvidas, no sentido de esclarecer para a população brasileira, todas as irregularidades que ocorrem na entidade maior do futebol, a CBF, cujos dirigentes foram presos recentemente pelo FBI, em Genebra, na Suíça.

“A justiça tem que ter um só peso e uma só medida”, argumentou Donizeti, ao citar a CPI da Carf, cujos depoentes conseguiram liminar para permanecerem calados, o que impede o avanço das investigações, enquanto a operação Lava Jato mantêm investigados presos até que concordem com a delação premiada. Impressionado com os depoimentos dos jornalistas, o senador quis saber, entre outras coisas, se há manipulação de resultados, com o controle dos árbitros, ou irregularidades nos contratos exclusivos de transmissões de jogos. “Se a CBF controla os árbitros, controla também os resultados?”, questionou o senador.

Donizeti foi informado pelos depoentes que “o sistema está podre”, envolvendo a entidade, a Receita Federal, o Ministério Público e até mesmo o Banco Central. As denúncias envolvendo os ex-presidentes Ricardo Teixeira, José Maria Marins e o atual Marco Polo Del Nero, além dos empresários José Hawila, Wagner Abraão e empresas como a Nike, Adidas, Traffic, e mais recentemente a Ambev, mostram um verdadeiro esquema de corrupção que vai desde propinas, negociatas até contrabando e lavagem de dinheiro, atingindo o esporte mais popular do mundo.

Considerado pelos jornalistas como um patrimônio cultural brasileiro, o futebol precisa ser preservado, garante o senador tocantinense. Ele quer mudanças na lei, que permitam um controle social do futebol.

“Para que serve uma Copa do Mundo?”, perguntou Amaury Junior, e ele mesmo respondeu: “Para os meios de comunicação contrabandearem equipamentos e sonegarem impostos”, esclarecendo que os investidores vieram lavar dinheiro no Brasil, e que ainda hoje Sandro Rossel, ex-presidente do Barcelona, recebe dinheiro referente a Copa da Fifa no Brasil. Só para se ter uma ideia, os jornalistas denunciaram 200 autos de contrabando de equipamentos apenas para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Nos depoimentos, os jornalistas demonstraram que há uma verdadeira máfia envolvendo a Rede Globo, a Nike, Adidas, entre outros patrocinadores, com contratos milionários de direito de transmissão, transferência e venda de atletas, num esquema que envolve operações fraudulentas e até lavagem de dinheiro. “A receita multou a Globo em R$ 600 mil reais e o processo sumiu, depois a Globo pagou a multa porque o crime já tinha sido prescrito”, falou um dos depoentes.

O relator Donizeti Nogueira solicitou os documentos para materializar a denúncia e apresentará um requerimento de convocação do então auditor da Receita, do procurador que não deu andamento, e da mulher acusada de sumir propositalmente o processo até que o crime prescrevesse. Os depoentes entregaram ao presidente Romário, um CD e farto material para a Comissão Parlamentar de Inquérito e se comprometerem a contribuir em tudo o que for possível.