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Opinião

Neste texto será exposto o encontro entre um casal em que um deles tem características de caçador ativo, que vai atrás, se impõe, procura ocupar o máximo de espaço da relação, e o outro, romântico, calmo, deixando o outro ocupar os espaço em muitas das situações, porém ativo nas ações românticas. As características independem do sexo. São vinculadas à personalidade. Esse conflito é mais comum nas relações amorosas do que se imagina e engana-se quem pensa que já sabe o desfecho.

Essa relação caracteriza-se pela dominação, ambos utilizando estratégias e ações bem diferentes. Os dois entendem que ganhar é ter o outro sob seu domínio. No entanto, esse conflito não será decidido por quem vence, mas por quem perde, ficando este previsível e, consequentemente, sem graça na visão do outro. Desse modo, não estão em busca da harmonia e de uma construção saudável da relação amorosa, mas de vencer o jogo.

Os dois estão jogando, mas utilizando estratégias próprias. O caçador se impõe pelo vigor, forçando a ideia de que é ele quem dá as cartas, mas se desespera diante do poder de escolha do romântico. A liberdade é tudo que o dominador não quer de seu cônjuge. O caçador joga iscas, ocupa espaço e faz o jogo da insegurança com o romântico. Ele dá a entender que pode abandonar a relação a qualquer momento e enfatiza o quanto o outro vai sofrer sem sua companhia. A todo momento se faz próximo, fogoso, dominador e em seguida coloca-se indiferente, distante e autossuficiente. Busca, com isso, aniquilar o romântico, mas, se conseguir, vai deixá-lo previsível e sem graça. Consequentemente, sai do jogo para buscar outra relação (mais informações em viveratividadesempsicologia.blogspot.com). 

Acontece que o romântico também tem suas estratégias. O romântico também quer a dominação do caçador e, para isso, tenta aprisiona-lo nos pequenos atos românticos, que vão da gentileza ao agrado, dos cuidados que atraem a atenção do outro. Monta um ambiente de necessidade e escassez, fazendo o caçador depender de seu carinho, suas gentilezas, dos jogos fogosos do sexo e das surpresas. Por resultado, vai aprisionando o caçador no visgo do romantismo. Se o caçador não ficar atento, vai declinando vagarosamente seu vigor, suas ações começam a ficar previsíveis e passa a reproduzir as atitudes do romântico que antes criticava. Se ele completar esse ciclo, perde. Pois o romântico, nesse caso, não quer um igual. Sua satisfação é dominar quem se considera mais do que ele. Sua diversão é deixar o caçador preso, como se numa teia de aranha. Quando consegue, o outro e o jogo perdem a graça.

Psicólogo Flávio Melo Ribeiro
CRP12/00449
flavioviver@gmail.com