A montagem da estrutura para a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que vão ocorrer em Palmas de 20 de outubro a 1º de novembro repercutiu na imprensa nacional negativamente. A estrutura começou a ser montada por um consórcio de empresas participante da licitação antes mesmo da conclusão do procedimento de escolha e do anúncio do vencedor da disputa no processo licitatório, segundo informa o site do jornal O Globo. A divulgação sobre o início dos trabalhos do consórcio, foi feita pela Prefeitura de Palmas na última segunda-feira, 21, durante entrevista do secretário Extraordinário dos Jogos Indígenas da Prefeitura de Palmas, Hector Franco, no local onde será realizado o evento.
Segundo as informações de O Globo, a licitação internacional é conduzida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), parceiro do Ministério do Esporte e da Prefeitura de Palmas na organização do evento. A unidade da Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou ao site por duas vezes, que o processo licitatório para serviços, da ordem de R$ 30 milhões, ainda não foi concluído. Segundo O Globo, a informação foi recebida por alguns líderes indígenas que teriam ainda na noite da última quinta-feira, 24, ameaçado não participar dos jogos tendo em vista que algumas etnias já se manifestaram pela não participação no evento.
A informação de que um consórcio de empresas participantes da disputa já fazia a entrega das estruturas pré-moldadas para a Vila dos Jogos e para os espaços de convivência foi feita pela Prefeitura de Palmas também em seu site oficial. No site da Secretaria Municipal Extraordinária dos Jogos Indígenas consta a informação que o consórcio que começou a fazer a entrega das estruturas pré-moldadas foi escolhido pelo edital de licitação número 28278/2015, o mesmo que ainda não foi oficialmente concluído, informa O Globo.
Licitações
Um convênio do PNUD com o Ministério do Esporte, assinado em maio deste ano, garantiu repasses de R$ 34 milhões para a realização dos jogos e a incumbência da licitação ao órgão. Até agora, segundo informa O Globo, já foram liberados R$ 10 milhões pelo Ministério dos Esportes para o evento. O ministério também fez um convênio com a Prefeitura de Palmas e já liberou mais de R$ 4 milhões.
A presidente Dilma Rousseff fez o lançamento dos jogos em evento no Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha, em Brasília, no dia 23 de junho deste ano.
Segundo informação da Prefeitura de Palmas, o consórcio que começou a atuar na estrutura dos Jogos dos Povos Indígenas é formado pelas empresas SRCOM, P&G e Midline. Segundo O Globo, representantes de outros empreendimentos participantes da licitação relatam que começaram a perceber uma movimentação de fornecedores antes do anúncio dos vencedores, sendo que, estes representantes teriam argumentado que a proposta de preços do consórcio não foi a menor dentre as apresentadas.
Estrutura e Legado
A montagem das estruturas do complexo esportivo, espaços de convivência e uma aldeia, começou a ser feita com estruturas pré-moldadas completamente em desacordo com o que foi apresentado no projeto original da Prefeitura de Palmas que alardeou aos quatro cantos um projeto que deixaria como legado várias estruturas físicas, como por exemplo, um museu indígena e um campo de beisebol com arquibancadas. No projeto original da Vila dos Jogos Indígenas que foi apresentado pela Prefeitura de Palmas e aprovado pelo Ministérios dos Esportes e Comitê Organizador consta uma arena principal ao ar livre com capacidade para 5 mil pessoas, grande aldeia global para acomodação da etnias brasileiras, raia olímpica para natação e canoagem, campo de beisebol para as delegações estrangeiras, um museu dos povos indígenas, praça de alimentação com refeitório com nutricionistas, oca digital com 50 computadores com internet de alta velocidade, posto médico e estruturas de segurança.
Como não foi construída a grande aldeia global, a Prefeitura de Palmas irá disponibilizar espaço de algumas escolas municipais para hospedagem dos indígenas.
O evento contará com atletas de 22 países e, até o momento, 23 etnias nacionais.
Ministério e Pnud
O Ministério do Esporte afirmou ao O Globo já ter pedido informação ao PNUD sobre o procedimento. "O processo de licitação é de responsabilidade do PNUD", disse. Segundo o site, o ministério sustentou que manteve acordo de cooperação técnica com o PNUD por se tratar de "entidade com reconhecida capacidade no apoio à organização de grandes eventos internacionais".
O PNUD, por sua vez, segundo O Globo, deu um detalhamento do procedimento licitatório e informou que divulgou amplamente a licitação dentro e fora do Brasil. Ainda segundo informação do órgão ao site, foi promovida uma visita técnica em Palmas com as empresas interessadas e foi feita uma audiência, com 17 empresas. Três consórcios participaram da disputa. "As empresas participantes são conhecidas e estabelecidas no mercado de grandes eventos, tendo inclusive participado de outros processos licitatórios do PNUD", informou o PNUD via assessoria de imprensa.
Segundo O Globo as empresas SRCOM e P&G, foram procuradas mas não se obteve retorno das mesmas. (Da redação com informações O Globo.Com) (Atualizada às 09h10)
Confira o vídeo promocional sobre os Jogos Mundiais Indígenas