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Cultura

A alimentação fornecida às etnias participantes dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), que acontecem de 23 a 31 de outubro em Palmas/TO, levará em conta muito mais que a simples quantidade de calorias. Em um evento carregado de história, cultura e tradições milenares, o alimento faz parte do estilo de vida dos povos e valoriza o comportamento e a formação das etnias.

Ao todo, 140 profissionais estarão envolvidos na área de alimentação e bebidas, com a produção estimada em 220 toneladas de alimentos, durante os 15 dias que envolvem os  JMPI 2015. Após os jogos, a experiência será transformada em um livro.

De acordo com Luiz Camargo, coordenador de Alimentos e Bebidas do Comitê Nacional Executivo dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, cada participante oficial terá direito a quatro refeições diárias, além de um kit saudável com alimentos típicos da região. “Desde o início dos trabalhos pensamos na importância do alimento para a cultura de um país, de uma nação ou de um grupo étnico. Para os povos indígenas, o alimento tem uma importância relevante e que permeia boa parte do estilo de vida”.

A elaboração do menu para os jogos foi fruto de um trabalho complexo, que incluiu levantamentos da história das etnias e contato constante com as principais fontes de informações da área. “Através de pesquisas, interlocuções com o ITC (Comitê Intertribal, Memória e Ciência Indígena) e referências históricas, os cardápios estão projetados e desenvolvidos para atender todos os países e grupos étnicos (etnias brasileiras) que participam dos JMPI. Projetamos o máximo de variedade de alimentos e preparos, dentro das informações que buscamos”, completou o coordenador.

Além de valorizar a cultura indígena, os JMPI vão incentivar também a aquisição de alimentos de produtores e cooperativas indígenas, muitos já certificados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário com o selo de Produtor Indígena. Muitos produtos são amplamente consumidos no Brasil e, no mundo, são referência de produtos domesticados, cultivados e apresentados pelos povos indígenas, como o açaí, o palmito, a tapioca, o mel nativo, peixe, ervas, tucupi e muitos outros. “O objetivo também é fomentar a economia dessas regiões, além de adquirir alimentos de alta qualidade e de enorme referência cultural”, acrescentou Camargo.

A produção da alimentação dos JMPI seguirá critérios rígidos e será realizada por profissionais capacitados e qualificados, com experiência no controle da segurança alimentar, por meio do apoio da Universidade Federal do Tocantins, pelo seu curso de Nutrição e de Engenharia de Alimentos, além da fiscalização e apoio da Anvisa e Ministério da Saúde.

Livro

A produção e o conceito da alimentação dos povos indígenas, assim como os esforços de fornecimento para os jogos mundiais, serão tema de um livro que será produzido em parceira com a Universidade Federal do Tocantins. “Vamos documentar todo os serviços durante os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, destacando cada país, cada etnia”, comentou Camargo. “Queremos que o livro sirva como referência para outras atividades, eventos e pesquisas sobre a importância do alimento para os povos tradicionais, questões sociais, culturais e antropológicas”, concluiu.