O Serviço de Atenção Especializada às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savis) vem atendendo a pessoas de todo o Estado, em parceria com delegacias de polícia e postos de saúde municipais. De acordo com a área técnica da Saúde da Criança, 34 municípios já foram capacitados para prestarem atendimento de urgência e emergência no interior do Tocantins. A vítima de violência sexual recebe atendimento de urgência quando procura os hospitais em até 72 horas, período em que a medicação adequada tem eficácia quando administrada.
O Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR) é referência neste tipo de atendimento, contando com equipe multiprofissional capacitada para fazer além do atendimento de urgência e emergência, o atendimento ambulatorial. Dados apontam que de janeiro até o dia 21 de outubro, o Savis da maternidade registrou 185 novos atendimentos, incluindo casos de estupro a vulnerável. Além disso, foram contabilizados seis casos de aborto previsto em lei, já que a maternidade também é referência para este tipo de atendimento.
Além do Dona Regina, o Hospital Materno Infantil Tia Dedé, em Porto Nacional, faz o atendimento de urgência/emergência e também ambulatorial com equipe multiprofissional capacitada, incluindo médico, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e outros. Somente neste ano, 96 novos atendimentos foram registrados no Tia Dedé, sendo que destes, 41 foram atendimentos de urgência e 55 ambulatoriais. Nos hospitais Regional de Gurupi e Regional de Araguaína o atendimento está em fase de implantação.
Para a coordenadora do Savis do HRG, Rita Pedrini, a principal função do serviço é oferecer um acolhimento humanizado para as pessoas em situação de violência. “É preciso olhar a pessoa que precisa do atendimento naquele momento delicado. Por isso é importante o trabalho multiprofissional, acolhendo, medicando e orientando o paciente. É importante que todos saibam que existe o serviço e que o atendimento é ofertado”, destacou.
Aumento da procura
“Temos percebido o aumento da procura por atendimento e acreditamos que isso se deve a divulgação do serviço. A violência sexual era velada, as pessoas não tinham muitas informações como hoje. Agora, elas podem procurar as unidades hospitalares a qualquer momento e receberem atendimento adequado e humanizado”, explicou a coordenadora do Savis do Dona Regina, Zelma Moreira.
Ainda de acordo com a coordenadora, a maioria das pessoas que sofre violência sexual procura primeiro a saúde para fazer o atendimento de urgência, tomar a medicação que em até 72 horas impede a contaminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), como sífilis, hepatite B e C, HIV/Aids, e a pílula de emergência para evitar uma possível gravidez.
“A pílula de emergência também é administrada em até cinco dias após o ocorrido, para dificultar que ocorra uma gravidez”, acrescentou a coordenadora.
Atendimento
O serviço oferece dois tipos de atendimento: o agudo e o crônico. O agudo trata de casos de vítimas que procuram o Savis em até 72 horas após a violência, prazo em que se pode administrar com eficácia a medicação que impede a contaminação de DSTs e a pílula de emergência para evitar uma possível gravidez.
Já o atendimento crônico se dá quando a vítima sofreu abuso no passado ou sofre constantemente. Nesse caso a medicação não é administrada no momento do atendimento, mas é oferecido a vítima atendimento psicossocial. Além disso, a pessoa passa por exames laboratoriais e, se for o caso, recebe o tratamento específico.
Ainda de acordo com a coordenadora do Savis, Zelma Moreira, "independente do atendimento, todas as vítimas são acompanhadas pelo período de seis meses, prazo em que são feitas coletas de sangue e observação quanto a manifestação de alguma DST”.
Ela explica ainda que o serviço oferecido é bastante criterioso, restritivo e humanizado, além de evitar a revitimização. “Muitas vítimas têm receio de procurar ajuda, às vezes com medo ou vergonha, mas o Savis presta um serviço humanizado, com equipe capacitada para evitar que a pessoa sofra ainda mais”, disse.
Aborto previsto em lei
Zelma informou ainda que com até 20 semanas de gravidez a mulher vítima de violência sexual pode e tem o direito assegurado de fazer o aborto previsto em lei.
“Ela só precisa manifestar o desejo, não precisa de ocorrência policial, não precisa fazer corpo delito ou se quer passar pelo Instituto Médico Legal, esse é um direito da mulher violentada”, disse ela, completando que os procedimentos do IML, por exemplo, se fazem necessários e importantes para coleta de vestígio e captura do agressor, sendo importante que a vítima não tome banho após o ato de violência.
O Savis do Dona Regina é referência nos casos de aborto previsto em lei e conta com equipe multiprofissional para realizar o acolhimento de vítimas de violência sexual 24 horas por dia. Além do atendimento psicológico, o Savis do oferece exames de sífilis (VDRL ou RSS), anti-HIV, hepatite B e C, hemograma e teste de gravidez (BHCG).