Com a proposta de contribuir para o resgate da língua materna e tradições do povo Krahô-Kanela, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e Universidade Federal do Tocantins (UFT) realizam desde o ano 2000 o Projeto de Revitalização da Língua e da Cultural Krahô-Kanela. No período de 23 a 27 deste mês, acontece o intercâmbio entre os indígenas Krahô (da região de Itacajá) e os Krahô-Kanela (localizado no município de Lagoa da Confusão), que recebem os visitantes na Aldeia Lankraré.
Durante o intercâmbio serão realizadas oficinas da língua materna Krahô, com professores da Escola Indígena Wyapri, da aldeira Lakraré e da Escola Indígena 19 de Abril, da aldeia Manoel Alves. Líderes e representantes dos dois povos trocam experiências em rodas de histórias, cantigas e danças. Técnicas de confecção de artesanatos e pinturas corporais também estão previstas.
O professor Renato Krahô, da Escola Estadual Indígena 19 de abril, integra o projeto de revitalização e relata a necessidade desses encontros para o resgate das tradições. “Nós fomos convidados a participar do projeto para dar apoio aos nossos parentes Krahô-Kanela, que praticamente perderam o contato com a língua e achamos conveniente ajudar. Nestes anos todos eles já foram para nossa aldeia e nós para a deles fazendo esse intercâmbio, palestras, conversas, porque são através desses momentos que se dá o processo de revitalização”, frisa.
O secretário da Educação, Adão Francisco de Oliveira, que é titular do Consed na Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação (MEC), participa do evento nesta quarta-feira, 25. “Este projeto envolve os professores indígenas, a comunidade e a liderança Krahô-Kanela, com a finalidade de contribuir para a construção de uma proposta ortográfica desse povo, baseada na escrita de seus parentes mais próximos, os Krahô. O resgate da cultura, língua e tradições, também vem sendo apoiado ao longo dos anos, o que inclui o ritual do batismo, do qual vou participar e receber um nome indígena. Isso representa uma forma de reconhecimento do apoio que vem sendo dado para que seja revertido o processo de perda da identidade dos Krahô-Kanela”, enfatiza.
Educação Indígena no Tocantins
No Tocantins estão matriculados 5.616 alunos indígenas em 93 escolas estaduais em cerca de 140 aldeias. Para atender aos estudantes, atuam nestas unidades de ensino 231 professores indígenas, desses, 69 são professores concursados com nível superior.
A comunidade escolar da Escola Indígena Wyapri e da Escola Indígena 19 de Abril usam material didático próprio editado na língua materna. Os livros foram elaborados pelos Krahô e Krahô-Kanela, em parceria com a UFT e a Seduc e financiados pelo Ministério da Educação, visando à manutenção da língua e da cultura Krahô, no intuito de promover a educação bilíngue, intercultural que leva em consideração os aspectos socioculturais, históricos e linguísticos desse povo.