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Polí­tica

Pesquisa Vox Populi contratada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) aponta que, 57% dos entrevistados são a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff na votação que acontecerá no próximo domingo, 17. A pesquisa detectou também que 50% acreditam que a oposição está sendo oportunista e se aproveitando do desgaste do governo da presidente Dilma Rousseff para tirá-la do poder, sem pensar que isso pode aumentar as dificuldades do Brasil. Também chama atenção o alto índice de reprovação ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), líder da articulação definida pelos governistas como "golpe". 61% dos entrevistados avaliam Temer negativamente e, para 49% dos entrevistados, o processo de impeachment que está tramitando no Congresso Nacional é vingança do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.

Já o ex-presidente Lula, apesar de todas as notícias negativas veiculadas na imprensa envolvendo seu nome, continua sendo avaliado como o melhor presidente que o Brasil já teve. Esta é a avaliação de 45% dos entrevistados. Em fevereiro esse índice era de 40% e em dezembro de 2015, de 44%. O segundo colocado é Fernando Henrique Cardoso, com 15%. 

Para o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, os resultados da pesquisa mostram que os brasileiros estão absolutamente divididos quanto ao processo de impeachment e sabem que as questões mais importantes para a classe trabalhadora, como reaquecimento da economia e geração de emprego e renda "não serão resolvidas pelos golpistas. Muito pelo contrário, vão piorar", diz.  

Segundo Vagner Freitas, numa sociedade democrática, sem apoio social, nenhum deputado ou senador "embarcaria na aventura de cassar o mandato de uma presidente eleita democraticamente que não cometeu nenhum crime”. Para Vagner, os trabalhadores e a sociedade em geral, querem mudanças na agenda da economia, geração de emprego, manutenção de programas sociais e não propostas como as que vêm sendo feitas pela oposição para o salário mínimo e a reforma da previdência. “A turma do Temer só fala em arrocho salarial e sacrifício para a classe trabalhadora. E isso os trabalhadores não vão concordar nunca”, salienta.

A pesquisa CUT/Vox Populi mostra que a divisão dos brasileiros em torno da possível cassação do mandato de Dilma não está apenas nos que são pró e contra o impeachment ou quanto aos benefícios ou prejuízos para o Brasil, para a classe trabalhadora e toda a sociedade. Os brasileiros estão divididos também quanto ao oportunismo dos parlamentares, quanto ao comportamento do “quanto pior melhor”.  

Oportunismo da oposição

Metade das pessoas ouvidas pela pesquisa, exatos 50%, contra 45% registrado em dezembro de 2015, acredita que a oposição está sendo oportunista, se aproveitando do desgaste do governo com a crise econômica para tirar Dilma do poder. Isso, sem pensar que o processo vai aumentar as dificuldades do Brasil. Já 41%, contra 39% de dezembro, acham que a oposição está apenas fazendo seu papel e que a saída de Dilma vai ajudar o Brasil a resolver seus problemas.

Aumentou também o percentual dos que criticam o oportunismo do senador Aécio Neves (PSDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 57% dos brasileiros, Aécio e FHC só pensam nos seus próprios interesses quando apoiam o impeachment, pois não aceitaram a derrota eleitoral de 2014 e querem assumir o poder a qualquer custo – em dezembro o índice era de 49%. Outros 33% acham que eles estão pensando no Brasil e fazendo o que é correto – em dezembro o percentual era de 34%.

Ao contrário da certeza absoluta dos grandes meios de comunicação, a população está dividida e não sabe se Dilma será ou não afastada do cargo na votação do impeachment. O percentual dos que acreditam que Dilma será cassada é exatamente igual aos dos que não acreditam nesta possibilidade -  44%. Outros 12% não souberam ou não responderam a pergunta ‘Dilma sofrerá um impeachment?’. Em dezembro de 2015, 46% não acreditavam no impeachment contra 39% que acreditavam que Dilma seria cassada.

A pesquisa CUT/Vox Populi revela que a crise econômica reflete na opinião da população sobre a cassação da presidente. Para 50% dos brasileiros, o fato de Dilma não fazer um bom governo justifica o impeachment. Para 43% dos entrevistados, não é razão para golpe o governo ser ruim.

Para 45% dos entrevistados, a presidenta Dilma sairá fortalecida se não houver impeachment. Para 29% enfraquecida e para 20%, fica igual está agora. Para 36%, o impeachment é anti-democrático e trata-se de um golpe, enquanto para outros 52% não é um golpe.

O presidente da CUT considera que estes dados reforçam "o papel manipulador da mídia".

Avaliação de Temer

61% dos entrevistados avaliam Temer negativamente e 33% positivamente. Em dezembro de 2015 a avaliação negativa era de 47% e a positiva de 41%.

Vingança de Cunha

Para 49% dos entrevistados o processo de impeachment é vingança do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, réu em processo no Supremo Tribunal Federal. 28% discordam desta afirmação, 13% não concordam nem discordam e 10% não souberam ou não quiseram responder.

Nordeste Contra o Impeachment

O maior percentual de pessoas contra o impeachment foi registrado na região Nordeste, onde 54% são contra e 40% favoráveis. Já no Centro Oeste/Norte foi registrado o maior percentual a favor do impeachment com 65% a favor e 28% contrários. Em seguida, vem a região Sudeste, com 63% a favor e 32% contra; e a região Sul com 62% a favor e 33% contra. 

Pesquisa

A pesquisa foi às ruas entre os dias 9 e 12 de abril para avaliar sentimentos e opiniões dos brasileiros do campo e da cidade, a respeito do processo de impeachment contra a presidente Dilma. Foram ouvidas 2 mil pessoas com idade superior a 16 anos, em todos os estados, exceto Roraima, e no Distrito Federal, de áreas urbanas e rurais de  118 municípios  das regiões Centro Oeste/Norte, Nordeste, Sudeste e Sul.