Em 2016, a agricultura de base agroecológica vem conquistando cada vez mais espaço, impulsionada pelo Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), em um trabalho conjunto com os agricultores familiares. Entre as experiências de sucesso está a Comunidade Bom Jesus, localizada na zona rural de Chapada de Areia, a 100 km de Palmas, onde se destaca a produção sustentável. Lá, sob a orientação dos extensionistas rurais e beneficiados pela Chamada Pública em Agroecologia, os agricultores estão migrando do sistema de produção convencional para o agroecológico e vêm colhendo bons resultados.
Domingos da Mota é um desses produtores que trilha um caminho alternativo. Em sua propriedade, ele abandonou a monocultura para adotar outras práticas de produção, baseadas no uso de defensivos naturais, na adubação orgânica, e, onde somente era cultivado o milho, o produtor consorcia com o jiló, o feijão e hortaliças. “O modelo convencional de plantio, utilizando apenas uma cultura, ocasionava a degradação e a fragilidade do solo, dificultando a produção. Além disso, a área era frequentemente atacada por pragas. Agora, sem o uso de produtos químicos, a qualidade dos produtos será melhor, com alimentos mais saudáveis e livres de doenças que poderiam ser provocadas pelo uso de agrotóxicos”, disse.
A agricultora Antônia Leão, também moradora da Comunidade Bom Jesus, a partir de cursos e projetos do Ruraltins, há mais de dez anos produz alimentos no sistema agroflorestal. Em uma área de 2.500 m² plantou espécies nativas do cerrado, agrícolas e frutíferas, tais como, baru, ipê, mandioca, urucum, algodão, feijão caupi, jabuticaba, banana, coco babaçu, pitanga, graviola, limão, cana, lima, açaí, dentre outras, além de instalar uma horta agroecológica circular. O investimento na agroecologia deu tão certo que sua propriedade se tornou uma unidade de referência, sempre visitada por diversas instituições e escolas.
“Por meio da orientação técnica e uma produção diferenciada, tenho sempre alimentos de boa qualidade, contribuindo ainda mais para o aumento da minha renda”, ponderou a agricultora, complementando que a Chamada Pública reforça a continuidade do trabalho já desenvolvido.
Sistema agroecológico
Para a engenheira ambiental e extensionista do Ruraltins, em Paraíso, Rute Carlos Marinho, fazer a transição do sistema convencional para o agroecológico exige um trabalho constante de educação e orientação com o produtor. “O papel dos extensionistas é compartilhar informações, pois a agroecologia é um trabalho conjunto de troca de conhecimentos técnicos juntamente com o saber popular do agricultor”, pontou.
Ainda de acordo com a Rute Carlos, o primeiro passo é explicar sobre a importância do sistema na produção de alimentos saudáveis e os seus benefícios, não só ambiental, como também social e econômico. “O sistema agroecológico tem como finalidade a produção de alimentos saudáveis, a adubação orgânica, bem como, a diversificação de culturas e a conservação do solo. Com isso temos um produto diferenciado no mercado, o que vai fomentar a geração de renda para a unidade familiar produtora e trazer a independência financeira do agricultor”, concluiu.
O presidente do Ruraltins, Pedro Dias, destaca que a função primordial do órgão é contribuir, de forma participativa, com o desenvolvimento rural sustentável, orientando o produtor sobre as novas tecnologias de produção e acompanhando o seu desempenho. “Hoje há uma demanda crescente por produtos oriundos do sistema agroecológico, com isso temos que direcionar todo o nosso conhecimento nesse sentido, para que os produtores possam aderir a esse sistema, pois além de ser uma fonte de renda, é uma forma de produção que visa à saúde e a segurança de quem produz e de quem consome, como também o respeito ao meio ambiente”, frisou.
Mais beneficiados
Por iniciativa da extensão rural, outras 1.250 famílias estão sendo incentivadas a adotarem métodos e práticas da produção agroecológica, que tem como objetivo trabalhar o desenvolvimento social, econômico e ambiental das famílias, bem como consolidar práticas produtivas da agroecologia existentes, focadas na produção saudável de alimentos, livres de agrotóxicos.
Ao todo, serão investidos mais de R$ 6,5 milhões, em ações da Chamada Pública em Agroecologia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), contemplando oito municípios na região central, sete na região sul e 11 no Bico do Papagaio, extremo norte do Estado.