O recurso de R$ 909.012,29 mil destinado apenas para a contratação de artistas ao evento Palmas Capital da Fé gerou questionamentos de alguns vereadores na sessão desta terça-feira, 21, na Câmara de Palmas. Milton Neris (PP) disse não saber em que mundo vivem o prefeito Carlos Amastha (PSB) e os secretários da cidade. "Eu não sei em que mundo o prefeito de Palmas está vivendo e também em que mundo os secretários dele estão vivendo. Propor nesse momento gastar R$ 900 mil do dinheiro dos palmenses é uma falta de respeito porque o desemprego nessa cidade está tão grande, a situação financeira do município não é boa, não tem dinheiro para pagar a data-base e o prefeito rasgando dinheiro", afirmou.
O Capital da Fé será realizado de 24 a 28 deste mês e entre os artistas mais caros estão o Padre Fábio de Melo e o cantor Anderson Freire, sendo que Fábio receberá R$ 170 mil por um show no dia 26 e Freire R$ 112.068,00 mil por show no dia 28.
Segundo o vereador Milton Neris, o Executivo de Palmas alega não ter caixa para pagar a data-base dos servidores da Capital, no montante de R$ 27 milhões, e que através de Medida Provisória colocou dispositivo para que só seja quitado o direito dos servidores em caso de disponibilidade financeira. Ao mesmo tempo, o vereador questiona os recursos destinados aos artistas e informa problema detectado com o Padre Fábio de Melo na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. "O executivo não tem caixa para pagar a data-base, que é direito dos servidores, mas tem caixa para arrumar R$ 170 mil e pagar no cachê do Padre Fábio. Será que a estrela maior desse evento vale R$ 170 mil? Pergunto porque lá em Natal, conforme matéria que está em minhas mãos, o próprio Fábio teve que prestar esclarecimento sobre um cachê de R$ 221 mil", informou. Segundo Neris, o arcebispo de Natal disse que não tinha disponibilidade financeira para pagar algo tão caro, porém a Prefeitura da cidade se dispôs a quitar.
O vereador Neris ainda lembrou dos constantes aumentos de impostos na Capital. "A Prefeitura que está neste momento querendo aumentar o IPTU da população, a taxa de lixo em 208%, a taxa de iluminação em 42%, tirar o desconto de pagamento à vista que é 20% para 10%, mas ela em momento nenhum vê dificuldade de tirar R$ 900 mil do contribuinte de Palmas para eventos", criticou. O vereador defendeu um evento mais barato, com a participação de artistas que cobrem menos.
Chamar o Povo de Palmas de Otário
O vereador Lúcio Campelo (PR) disse não ser contra o Capital da Fé, mas também criticou o montante destinado aos artistas, questionando a forma como está sendo realizado. Segundo ele, o show do Padre Fábio de Melo não custa os R$ 170 mil. "Eu fico preocupado com este tipo de comportamento, R$ 170 mil para o show do Padre Fábio de Melo, mas sabemos que esse show não custa isso. Agora fica o questionamento: como é que o Padre Fábio de Melo, uma pessoa de glamour, conhecimento nacional e internacional, uma pessoa cristã, se propõe a esse tipo de situação, porque nós sabemos que não vai custar R$ 170 mil?!", questionou.
Segundo Campelo, o Padre Fábio não deveria ser conivente. "Está faltando da sociedade cobrar coerência dos atos e acho que o Padre Fábio de Melo não deveria ser conivente com essa situação. Que venha, faça o seu show, ganhe o seu dinheiro, mas dentro da realidade que vive o nosso País", disse.
Ainda de acordo com Campelo, a gestão de Palmas está pagando caro por cantores comuns, que ainda não alcançaram a fama. "Cantores comuns, inclusive tem esse DJ JP que faz uma festa aqui em Palmas por R$ 1 mil, quando cobra caro, e o valor disso daqui está R$ 126.500 mil dividido para três cantores comuns, que ainda não alcançaram tal fama", criticou. Para Campelo, a gestão precisa dar explicações para a sociedade. "Isso aqui é chamar o povo de Palmas de otário".
Outros vereadores comentaram.