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Saúde

Foto: Divulgação

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A falta de medicamentos importantes e problemas no funcionamento do ultrassom do Hospital Geral Público de Palmas (HGP) preocupa a área médica do hospital. "Hoje no dia 02/05 enfrentamos uma situação caótica, principalmente por falta de medicamentos e manutenção de serviços básicos de manutenção", relatou um médico que prefere não ser identificado. 

Para o médico, que trabalha no HGP, os problemas corriqueiros no HGP desmotiva os profissionais. "Estou desmotivado, me sentindo por vezes responsável por esses crimes (decorrentes da falta de medicação aos pacientes) como co-autor, porém minha paixão por minha profissão e pelo HGP e meus pacientes me fazem erguer a cabeça e tentar um meio não convencional de mudar as coisas", defende. 

Entre os medicamentos em falta, listados pelo profissional do HGP, a Morfina injetável, um potente analgésico usado em dores moderadas a graves. "Seu uso é indicado principalmente em pacientes com a dor do câncer, que é considerado a pior de todas suplantando a dor do parto, acabou em todo hospital, e o HGP por ser o destino final de pacientes com quadros avançados desta doença, no dia de hoje não tem condições adequadas para aliviar o sofrimento dos pacientes com essa terrível dor", relatou o médico nessa terça-feira, 2. 

Segundo o médico também estaria em falta o Tramal injetável, analgésico para dores leves a moderadas, usado principalmente em pacientes com fraturas e traumas; o Clexane subcutâneo, anticoagulante, usado em diversas especialidades com a função de realizar profilaxia (prevenção) de embolia pulmonar em pacientes acamados, tratar quadros de embolia, de infarto agudo do miocárdio, de acidente vascular encefálico isquêmico e etc; Furosemida injetável, um diurético de alta potência, medicamento que, segundo o médico, não tem substituto para ele, e sua falta pode ser responsável por óbitos. "Ele é usado em muitas situações, mas uma situação muito corriqueira no HGPP é paciente com insuficiência cardíaca que chega no hospital com dispnéia (falta de ar) por congestão e utilizamos essa droga para estimular a diurese do paciente para aliviar o seu quadro, o não uso da medicação leva a morte por edema agudo de pulmão. Utilizamos também em pacientes com cirrose, insuficiência renal e etc, é um crime o hospital não ter a disponibilidade dessa droga", informou o profissional. 

De acordo com o médico, um dos pacientes do hospital tem um quadro de cirrose, correndo risco de ir para a UTI e a medicação prescrita ao paciente não foi feita ontem, terça-feira, por falta. "No caso específico desse paciente, ainda faltou o Hepa-merz que é um medicamento usado para redução da amônia circulante (comprado pela família com receita dada pela equipe), e pasme, faltando bromoprida, que é um antiemético (remédio para vômitos). Ainda sobre esse mesmo paciente, há 4 dias atrás ele apresentou uma hemorragia digestiva alta (vomitou sangue), e a conduta nesses casos é a endoscopia, primeiro para definir o diagnóstico e as vezes tratar via endoscópica o sangramento, porém, para mais uma vez o azar desse paciente, o endoscópio do HGPP está quebrado e sem previsão de conserto", relatou o profissional. 

HGP 

Em entrevista ao Conexão Tocantins, a diretora adjunta do HGP, Renata Duran, informou que todos os medicamentos citados já foram repostos. "Às vezes acontece faltas pontuais e a gente tenta buscar soluções, seja comprando local ou movimentando de outra unidade. Aconteceu essa falta pontual e a gente conseguiu repor de imediato, já foi normalizado", afirmou. 

Sobre as recorrentes vistorias da Defensoria e Ministério Público do Estado no HGP constatando falta de medicamentos e condições básicas e, ainda, questionada sobre o porquê da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau) não dispor de um fundo de recursos próprios para a compra dos insumos, a diretora Renata afirmou: "Na verdade eu como estou no hospital, essas informações maiores devem ser na Secretaria (Sesau), com os setores pertinentes. O que a gente vê aqui é um esforço para tentar sanar esses problemas, com o pessoal da licitação para agilizar, do estoque para agilizar, esforço de todos os setores. Já melhorou bastante!", adiantou. 

Sobre os equipamentos, a diretora informou que ainda hoje o ultrassom deve ser entregue. "É um equipamento complexo, não se resolve com qualquer tipo de manutenção", informou.

A diretora ainda defendeu que mesmo com a falta dos medicamentos e equipamentos ontem, nenhuma emergência deixou de ser atendida. Renata não considerou a situação caótica. "Não considero que estava. As medicações a gente conseguiu de imediato, foi sanado e o ultrassom deve ser entregue hoje", frisou. 

Sesau

A Secretaria de Estado da Saúde informou que cada unidade hospitalar dispõe de um fundo de recursos próprios para aquisição emergencial de medicamentos e que a compra de medicamentos pela Secretaria é feita através de licitação. 

A pasta ainda informou que as faltas pontuais acontecem quando há o atraso no processo de entrega, por parte da empresa ganhadora do certame (nesses casos a empresa é notificada pela pasta) ou, quando a licitação dá deserta (não há interessados em fornecer insumos ou medicamentos). (Matéria atualizada às 09h20min de 08/05/2017)