Tornar o ambiente hospitalar mais leve para os pacientes e acompanhantes é o propósito das oficinas “Arte é vida” e “Entrelaçando”, realizadas pela Coordenação de Humanização do Hospital Infantil de Palmas (HIP). Os projetos são elaborados dentro da Política de Humanização do Ministério da Saúde, que visa melhorar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) a fim de valorizar o cidadão usuário oferecendo acolhimento e um ambiente mais humanizado dentro dos hospitais.
Durante o longo período de internação, que pode durar até anos, os acompanhantes são acometidos por uma carga de estresse gerada por várias situações, como a saída de suas residências. Essas condições, segundo Ednalva Ferreira, técnica em enfermagem que integra a Coordenação de Humanização, contribuem para desenvolver comportamentos prejudiciais que vão desde o uso excessivo do cigarro até deixar os filhos sozinhos no hospital para saírem para a rua. “É nesse momento que o projeto entra com a proposta de amenizar esse quadro, aliviar a tensão, dando aos responsáveis mais tranquilidade para enfrentar a adversidade”, observou.
Em dezembro de 2015, quando o projeto foi apresentado, a aceitação era tímida, mas com o passar do tempo muitas mães foram influenciadas, segundo conta a coordenadora de Humanização e assistente social, Maria Catarina Machado Paz. “A partir do momento em que as mães se interessaram pela arte, passaram a ficar mais tempo no quarto com as crianças, diminuiu-se o uso do cigarro e, ainda, passaram a gerar renda com o novo ofício, auxiliando no sustento da família”, disse.
As modalidades como aplique, crochê, pintura, biscuit e colagem são oferecidas no leito e também no pronto socorro, com oficinas rápidas devido a rotatividade dos pacientes.
Produção
Para a manutenção do projeto, a diretora do HIP, Leilane Alves, explica que é acordado com as mães que a cada produção de duas peças uma vai para a ela e a outra é destinada a exposição que acontece no hospital, onde os produtos são adquiridos pelos próprios servidores. Com a renda, outros materiais são comprados para dar continuidade ao projeto.
Sempre em busca de novos parceiros, a diretora a explica que os interessados em doar devem procurar a coordenação de Humanização do HIP e conhecer a lista de materiais utilizados nas modalidades desenvolvidas nas oficinas. "O projeto Entrelaçando sobrevive de doações e da produção das mães. Por isso precisamos continuar motivando as mães a aprender, sem esse estímulo não há produção e, consequentemente, o projeto pode parar”, alertou.
Arte é vida
Uma demanda individual muitas vezes resulta em ações que passam a beneficiar o coletivo. Foi assim que surgiu o projeto “Arte é vida”. Cansada da brinquedoteca, uma criança pediu uma agulha para fazer crochê. Ao invés da agulha, devido os perigos para a criança, foi oferecida a pintura em tecido, realizada com material não tóxico.As pinturas desenvolvidas por crianças de 9 a 12 anos, internadas no HIP, são fotografadas e se transformam em cartões de natal, utilizados pela unidade.
A dona de casa, Elaine Marques, moradora de Palmas que acompanhou a filha de 7 anos, avalia que as atividades oferecidas pelo hospital tem ajudado muitos pais e filhos durante a internação. “Tanto as oficinas, quanto os espaços criados dentro do hospital, como a pracinha e a brinquedoteca, ajudam na recuperação das crianças", considerou.
Para a diretora Leiliane, o efeito da arte na vida das crianças contribui muito para o reestabelecimento da saúde, uma vez que desperta um novo aprendizado e abre janelas para um mundo diferente, para a construção do imaginário. “Nesse processo muitos podem descobrir seus talentos. Esses resultados são gratificantes e nos levam a acreditar que estamos no rumo certo. Isto é incentivo para que a equipe da humanização continue com seu trabalho diferenciado”, finalizou.