Ingressar em uma universidade, fazer um curso superior e garantir um futuro melhor no mercado de trabalho. Esses são sonhos e desejos de grande parte dos alunos brasileiros, tanto de escolas particulares, como das redes públicas de ensino. Em Guaraí, na região centro-norte do Tocantins, a iniciativa de um professor da rede estadual de ensino tem aproximado jovens alunos de seus sonhos em nível superior.
Há quatro anos, o professor de Biologia, Júlio Ibiapina, decidiu mudar a realidade de estudantes de escolas públicas de Guaraí. Percebendo a carência dos alunos do Centro de Ensino Médio Oquerlina Torres e a dificuldade em serem aprovados nos vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ele optou por tomar uma atitude e começou a ministrar aulas de reforço visando aos preparativos para as provas de admissão das universidades brasileiras.
No princípio, ele conta, foi o apoio de um empresário da região que garantiu a manutenção das aulas ministradas em um primeiro momento apenas por Júlio e sua esposa, Liberta Lamarta. “O empresário Paulo Mota financiava os professores e oferecia premiação para os alunos, as escolas e os professores que se destacassem”, lembrou o professor Júlio.
Desde o princípio, as aulas são ministradas aos sábados, com disciplinas consideradas críticas para os alunos, como Redação, Língua Portuguesa, Matemática, Física, Química e Biologia. Nos últimos dois anos, após a saída de Paulo Mota do projeto, a Faculdade de Guaraí (FAG), local onde Júlio também dá aula, assumiu a parceria e atualmente financia os professores e cede o local onde as aulas são ministradas semanalmente.
Ao todo, são atendidos 150 alunos de escolas públicas de Guaraí e região, todos comprovadamente estudantes regulares de escolas públicas. As inscrições são feitas anualmente, e as aulas realizadas entre agosto e o último sábado antes da aplicação das provas do Enem. “Todos os anos, nós temos muito mais inscritos do que o número de vagas. Por isso, os alunos não podem perder mais do que dois sábados de aulas, senão cedem a vaga para outros da fila de espera”, completou o idealizador do cursinho.
Mas, em uma breve conversa com os alunos, pode-se perceber que perder as aulas não é uma vontade deles. Com um índice de evasão de quase zero, segundo Júlio Ibiapina, os alunos enxergam nos aulões e nas revisões de conteúdo das provas, uma grande oportunidade de garantir um futuro melhor.
“Com uma oportunidade do tamanho dessas, não dá nem preguiça de estudar no sábado”, garantiu Bruno Ferreira, aluno do cursinho. Para ele, que pretende cursar Agronomia, poder ter esse reforço nos preparativos para o Enem e os vestibulares é muito importante. “O grande diferencial das aulas do cursinho é uma abrangência maior de conhecimentos e os ‘macetes’ para a hora de fazermos a prova”, completou.
Vitor Bastos também participa dos aulões aos finais de semana e frisou que já está sentindo a diferença. “Neste ano já passei em um vestibular e percebi que as aulas extras foram um fator positivo. Quando fiz o Enem, no ano passado, não me senti tão preparado e seguro como neste ano”, salientou.
A aprovação dos alunos que frequentam as aulas na FAG chega a 85% nos vestibulares e no Enem, conforme levantamento feito pelo professor Júlio Ibiapina. Desta forma, são cada vez mais frequentes as histórias de ex-alunos que conseguiram uma carreira após terminarem os estudos.
É o caso de Natanael Gomes Lima. Ele foi aluno do cursinho em 2013, na primeira turma promovida pelo professor. Morando em Fortaleza do Tabocão, município vizinho a Guaraí, o ex-aluno percorria semanalmente os 35 Km que separam os municípios para estudar. Hoje ele segue os passos do professor Júlio e ministra aulas de Biologia em uma escola particular de Guaraí.
“Para mim valeu a pena, pois me incentivou e me ajudou a organizar os conteúdos de estudo. Acredito que sem o cursinho, minhas chances de passar no vestibular seriam bem menores”, complementou.
Para os próximos anos, a expectativa do idealizador do cursinho é que cada vez mais alunos procurem as aulas de reforço para o Enem e para os vestibulares. “Nós queremos ajudar esses alunos, que têm potencial, a passar nas universidades e garantir um futuro melhor”, finalizou Júlio.