Dores de cabeça, irritação nos olhos e náuseas, sãos alguns dos sintomas que a professora aposentada Joaninha Pereira Alencar, moradora do setor Aeroporto, em Porto Nacional/TO, vem sentindo frequentemente, devido ao mal cheiro proveniente de produtos químicos, como o veneno inseticida, komvector EW 440, que se encontra acondicionado de forma irregular no interior da sede da antiga Sucam/Funasa.
Desde o último sábado, 13, a dona de casa, está com problemas de saúde causados pelo odor forte provocado pelo veneno. A residência da dona Joaninha Pereira Alencar faz divisa com o prédio onde funcionava a Sucam, onde o material encontra-se acondicionado em galões que estão no interior de um galpão, em salas, sem portas e com janelas quebradas, na antiga sede Funasa. Apenas um muro, separa a casa da aposentada, do local onde está abandonado os tambores com produtos químicos perigosos.
O problema enfrentado pela família da dona Joaninha já se arrasta há anos e, desde julho do ano passado, tornou-se mais preocupante, devido ao odor causado pela substância.
A Secretaria de Saúde do município prometeu tomar providências sobre o acondicionamento do produto em local seguro, mas até o momento nada foi feito.
Prédio Abandonado
O antigo prédio da Sucam/Funasa, está desativado e abandonado há décadas. No local apenas a presença de matagal, salas abandonadas, vidraças quebradas, portas danificadas e, o mais grave, nos fundos do prédio há um galpão onde estão abandonados três tambores, não identificados, provavelmente com produtos químicos, devido ao odor que é produzido no ambiente. Neste galpão, é possível identificar recente movimentação de terra no local, provavelmente usada para cobrir o vazamento do produto, após reclamações de alguns moradores.
Em outro espaço do galpão, numa sala sem porta e sem proteção, há um tambor de 200 litros, identificado como inseticida komvector EW 440, indicado para o controle de insetos vetores de dengue, febre amarela, malária falarioso e encefalite. O tambor na cor azul também está com vazamento e exalando forte cheiro de cola. Bastante debilitada, dona Joaninha Pereira, tem sofrido com o cheiro forte de veneno. “Sinto muitas dores de cabeça, irritação nos olhos e ânsia de vômito”, diz a aposentada.
Durante a entrevista, dona Joaninha Pereira recebeu a visita de uma amiga, a também aposentada, que também reclamou do forte odor. “O cheiro forte de veneno está impregnado aqui nas minhas narinas, nos olhos, eu fico até constrangida de falar algo, pois sou visita”, disse.
De acordo com o esposo da dona Joaninha Pereira, o comerciante Osias Alencar Coelho, foram feitas várias reclamações junto aos órgãos de controle de saúde do município, mas só apresentaram soluções paliativas. “Estou indignado pois é um caso de saúde pública, que se arrasta a anos, onde minha família vem sofrendo com cheiro de veneno, pois nossa casa, faz divisa com o prédio onde por muitos anos foram manipulados e acondicionados vários produtos químicos, como DDT, pesticida usado no combate a vários vetores, usado pela antiga Sucam/Funasa” disse.
Ainda de acordo com o senhor Osias, o local é uma área que está infectada e abandonada pelos órgãos responsáveis da saúde, onde sempre apresenta problemas como mau cheiro, matagal, muriçoca, fossas sépticas abertas. “Todos os anos, entro aí dentro e coloco óleo queimado nas fossas sépticas que estão abertas, já até rocei, pois, o matagal, traz muriçocas e bichos peçonhentos e ainda tem o cheiro do veneno que invade nossa residência”, disse
Ainda de acordo com o senhor Osias Alencar, após procurar a secretaria municipal de saúde, desde o ano passado, recebeu a informação dos técnicos e do próprio secretário de saúde do município, que uma solução seria apresentada quanto ao destino dos produtos químicos, mas até o momento nenhuma providencia definitiva foi tomada para solucionar o problema. Para ele, o problema maior é o descaso e a ingerência do gestor público em resolver um problema de saúde pública que se arrasta a anos, pois a área foi utilizada pelo Governo Federal e depois pelo município, com a manipulação de produtos químicos perigosos, e hoje se encontra abandonada, com sérios riscos de contaminação, causando problemas de saúde a vizinhança.
Outra moradora do setor e vizinha, é a enfermeira aposentada, Ivanilde Mascarenhas. Ela tem buscado soluções junto aos órgãos de saúde do município e aos órgãos de fiscalização. “Já levamos o problema à secretaria municipal de saúde, inclusive discutido amplamente junto ao conselho municipal de saúde, mas tivemos apenas soluções paliativas como aterramento superficial do local onde os produtos estavam sendo manipulados e mal acondicionados, mas o local está contaminado e tem causado problemas sérios de saúde a vizinhança”, disse
Inseticida Kombector EW440
Na ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ), o inseticida komvector EW 440, é uma substância que apresenta risco para o meio ambiente, líquida, n. E. (malationa) Número de risco: 90 Fogo: Incêndios envolvendo este produto podem liberar gases tóxicos e irritantes. Sua decomposição térmica pode emitir gases tóxicos. Saúde: Evitar contato com a pele e olhos. Pode causar danos à saúde se ingerido, inalado ou absorvido através da pele.
Prefeitura de Porto Nacional
A Secretaria da
Saúde de Porto Nacional informa que já tomou todas as medidas necessárias de
segurança através do manejo do inseticida no local e registrou boletim de
ocorrência junto à Polícia, por entender ser esta, mais uma ação criminosa,
orquestrada e denunciada por vândalos, já que esta invasão foi a terceira
registrada, com derramamento intencional de inseticida, nos mesmos moldes.
O prédio é de propriedade da Funasa e foi interditado a
pedido do Ministério Público Estadual. A Prefeitura de Porto Nacional ainda informa que requereu à Funasa a doação do terreno, para que, após a retirada dos produtos e
limpeza seja utilizado para ações em saúde.
O Conexão Tocantins não encontrou o responsável pela assessoria de comunicação da Funasa para falar sobre o assunto e aguarda o posicionamento do órgão.