Uma semana após abertas as inscrições, 8.236 candidatos já disputam as 3.020 vagas oferecidas para o Curso Técnico em Agronegócio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). No Tocantins são oferecidas 240 vagas, distribuídas por sete municípios do Estado: Aliança do Tocantins, Almas, Araguaçu, Araguaína, Araguatins, Gurupi e Palmas. As inscrições se encerram no dia 9 de fevereiro e, até lá, o Senar acredita que a tendência é a procura ser tão alta como no processo anterior, quando em alguns polos, como Goiânia, a concorrência chegou a 19,7 candidatos por vaga.
Com o agronegócio liderando a economia do País, a alta concorrência não é de se espantar, principalmente levando-se em conta que a qualificação hoje é fundamental em um mercado de trabalho cada dia mais exigente. Emprego tem de sobra no setor agropecuário, mas não para todos, como demonstrou a última pesquisa do Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada / Escola Superior de Agricultura da USP). Segundo o levantamento, em 2017, o número de ocupações para profissionais sem instrução no agronegócio até caiu. Já para os mais qualificados, pelo contrário, o nível de emprego cresceu.
Na avaliação do professor da Universidade de São Paulo, José Pastore, doutor honoris causa em Ciência e PhD em Sociologia, a tendência do mercado é continuar aquecido para os profissionais do campo mais instruídos. “Historicamente, o setor agropecuário perde trabalhadores devido à introdução de tecnologias mecânicas. Mas, mesmo assim precisa de mão de obra para lidar com essas tecnologias assim como as inovações químicas e biológicas. Neste caso, as culturas tendem a ser mais intensivas em mão de obra e exibem o trabalho humano e maior quantidade e por mais tempo”.
Além de mais oportunidades de emprego, quem tem maior nível de qualificação tende a conquistar um salário ou renda melhor, observa Pastore. “Com a entrada maciça de novas tecnologias na agropecuária, as exigências educacionais são maiores e os salários tendem a subir. Ouço constantemente que esse tipo de profissional é difícil de ser contratado, pois a disputa é grande e a oferta é limitada”.
Para o professor, o crescimento do agronegócio e, consequentemente da economia brasileira passa pela qualificação profissional. “A agropecuária tem sido a locomotiva do crescimento brasileiro e a principal responsável pelas divisas oriundas das exportações. Isso deve continuar e até aumentar nos próximos anos. O mundo tem fome e precisa de fibras. O Brasil pode ofertar isso. Para tanto, é preciso correr com a qualificação da mão de obra para se elevar ainda mais a produtividade do setor agrícola. Tudo o que puder ser feito para elevar a educação e a versatilidade dos jovens para o trabalho no campo é válido, importante e urgente. O Senar, por partir da realidade da demanda, tem dado uma contribuição valiosa para a preparação profissional desses jovens”.
Prioridade para profissionais do campo
Neste primeiro processo seletivo de 2018 para o Curso Técnico em Agronegócio a classificação dos inscritos será determinada pelo seu desempenho no Ensino Médio. E terão prioridade as categorias profissionais indicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), novo parceiro do Senar na realização do curso, juntamente com o Ministério da Educação (MEC). Assim, ao se inscrever para a seleção, o candidato deve anexar o histórico escolar ou um documento oficial de conclusão do Ensino Médio (certificado ou declaração).
Para ter prioridade na concorrência, o candidato precisa anexar também um documento comprovando que exerce uma das funções avaliadas pelo Mapa como prioritárias para acesso às vagas, ou seja: agricultor familiar ou de médio porte; agente de assistência técnica e extensão rural cadastrado no Programa Rural Sustentável; técnicos vinculados a empresas do setor agropecuário ou órgãos oficiais credenciados no Programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar (ATeG). Do total de inscritos na primeira semana, apenas a metade completou o cadastro até o momento.
O Curso Técnico em Agronegócio do Senar é gratuito e semipresencial, ideal para quem vive no campo ou no interior e não tem tempo ou possibilidade de frequentar aulas em uma escola regular. Oitenta por cento das aulas são a distância, disponibilizadas na internet e em vídeos. Para reforçar os conteúdos, o aluno conta com apostilas elaboradas com exclusividade para o curso. Os 20% de aulas presenciais são em propriedades rurais, agroindústrias ou nos polos de apoio da rede do Senar. No atual processo seletivo estão sendo oferecidas vagas em 90 localidades, distribuídas por 22 estados do País e no Distrito Federal. As inscrições são feitas no site http://www.senar.org.br/etec/, onde está publicado o edital do concurso.