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Cultura

Foto: Arquivo pessoal/ Facebook Geuvar Oliveira Geuvar Oliveira
  • Capa de uma das edições de Mugambi

O cartunista tocantinense Geuvar Oliveira está fazendo uma campanha de divulgação do seu mais recente trabalho, o quadrinho “Mugambi”. Com uma pendência financeira que já virou uma ação na justiça, Geuvar resolveu promover seu trabalho para conseguir arrecadar recursos para sanar a dívida da casa onde vive com a família.

Em 2016 o cartunista teve problemas financeiros e não conseguiu cumprir com todos os pagamentos do financiamento da casa própria junto à Caixa Econômica Federal. Com as parcelas em atraso a casa foi à leilão. Ele recorreu à justiça para cancelar o leilão, mas, mesmo que tenha uma decisão favorável, Geuvar vai precisar juntar o dinheiro suficiente para pagar o financiamento.

Foi daí que veio a ideia de promover o quadrinho Mugambi para arrecadar o dinheiro. O cartunista postou em seu perfil no Facebook um vídeo onde apresenta seu trabalho e orienta as pessoas sobre como podem ajudar sua causa. A proposta é simples, o interessado deposita o dinheiro em uma das duas contas de Geuvar e recebe um exemplar do HQ no e-mail ou em casa pelo correio. Os valores são R$ 10 a HQ digital e R$ 20 o volume físico.

Além disso Geuvar também criou uma vaquinha eletrônica na internet para quem quiser colaborar. A vaquinha está disponível no site kickante, é só clicar no link.

O cartunista

Geuvar começou a desenhar na adolescência, por volta dos 12 anos. Na década de 1990 começou a trabalhar profissionalmente como cartunista autônomo e para empresas. Ele é a cabeça por trás da Liga do Cerrado, um cartum genuinamente tocantinense que fez sucesso há alguns anos no estado e se popularizou na internet.

O Mugambi é seu trabalho mais atual. Com um herói negro e elementos do folclore tocantinense, a saga se desenrola, entre outros locais, na Ilha do Bananal. O volume III, que conta o final da saga, será lançado em breve.

“A inspiração para Mugambi é a própria realidade, a luta pela sobrevivência, por direitos, respeito, humanidade. Mugambi é negro, o que já é uma causa, personagens negros e negras protagonistas são necessários para uma relação de representatividade. Mugambi fala para mim, que sou negro, e para quem não é. Fala de uma humanidade interna em cada um, que precisa ter mais destaque que a cor da pele”. Definiu o cartunista.

Para Geuvar a arte dos quadrinhos no Brasil que já viveu momentos de sucesso nos anos 1970 e 1980, passa por um momento de inexpressividade, causada possivelmente pela “invasão dos HQ’s estadunidenses”. Sem uma política de apoio do nosso produto a HQ nacional foi dizimada. Mas já fazem alguns anos que os quadrinistas brasileiros estão retomando e isso parece ser para ficar, está surgindo muito trabalho relevante no país. No Tocantins, como tudo aqui está germinando e já faz um tempo, mas a terra aqui é muito seca, tem que aguar, precisamos de muitos pessoas (leitores) aguando essa horta cultural”.

Por enquanto o cartunista, por meio do projeto Arte da Palavra do Sesc, está viajando pelo país divulgando os quadrinhos produzidos no Tocantins e já pensa em novos projetos. “Tenho um projeto já em andamento, bem interessante é uma HQ com a temática amazônica”.Finalizou Geuvar, sem revelar detalhes para não estragar a surpresa.