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Esportes

A próxima edição da Copa do Mundo de Rugby, considerada como o torneio mais esperado e disputado da modalidade, acontecerá no ano de 2019, no Japão. Contudo, o que tem realmente intrigado a imprensa e ganhado manchetes mundo afora é a orientação para que os jogadores e até mesmo os torcedores evitem expor as suas tatuagens enquanto estiverem em solo japonês.

Para aqueles que não estão familiarizados com o esporte, essa recomendação pode parecer trivial, porém, no universo do rugby as tatuagens são muito frequentes, tanto em atletas de países ocidentais, como também em jogadores de outras ilhas do Pacífico. 

Segundo Alan Gilpin, que é um dos diretores da competição, os atletas receberam esse conselho pelo fato das tatuagens não serem bem vistas pelos japoneses. Por essa razão, eles foram instruídos a usar camisetas de manga comprida e a tentar manter os desenhos cobertos ao sair em público. Gilpin ainda destacou que os jogadores se mostraram bastante compreensivos acerca dessa questão, acima de tudo dispostos a respeitar as tradições e os costumes do país que irá sediar o evento. 

Para isso, a equipe responsável pela gestão da competição preparou um workshop com os times que participarão do torneio. Nele, os jogadores foram instruídos sobre a razão desses costumes existirem no Japão e a importância dos mesmos serem considerados.

 Equipe da Nova Zelândia se pronuncia

Mais reconhecida como All Blacks, a seleção da Nova Zelândia, uma das mais fortes do torneio e uma equipe com grande tradição no rugby, falou acerca do tema em uma entrevista oficial. De acordo com Nigel Cass, um dos líderes da comissão técnica, o grupo de esportistas do País, incluindo aqueles que são conhecidos por suas tatuagens, como Aaron Smith e Sonny Bill Williams, concordaram em disfarçá-las durante a competição sempre que estiverem em público. 

O atleta Elliot Dixon, que já defendeu a equipe neozelandesa e nos dias de hoje defende a camisa do time japonês Ricoh Black Lambs, é outro que também se manifestou sobre o tema. Segundo ele, na capital Tóquio, uma cidade globalizada e com muitas influências externas, os japoneses lidam melhor com os turistas de outros países que deixam as suas tatuagens a mostra. Porém, nas outras regiões do Japão, esse ainda é um assunto considerado bastante controverso.

Tatuagens são polêmicas para japoneses

Desde os anos 50, com a televisão e a chegada expressiva do cinema em todo o País, os filmes e os programas televisivos criaram a crença de que existe uma ligação direta entre as tatuagens e os membros da máfia japonesa, a Yakuza. Essa máfia, que é uma das maiores do mundo há décadas, possui por estimativa mais de 30 mil membros, os quais para serem aceitos no grupo, precisam passar por um ritual de iniciação que consiste em desenhar todo o corpo com tatuagens que seguem a técnica milenar conhecida como "irezumi".

Para se ter uma ideia do quanto essa crença está enraizada entre os japoneses, uma pesquisa feita no ano de 2015 comprovou que 56% dos estabelecimentos do setor hoteleiro do país não deixam que os hóspedes com tatuagens utilizem os spas e as piscinas do local. Com o intuito de reverter esse cenário, que não é favorável para o turismo, as agências do setor já requisitaram que os hotéis acabem com essas normas e compreendam que, devido as questões culturais, as tatuagens estão cada vez mais comuns no resto do mundo.