Em 2017, a aprovação da Lei 13.415/2017 mudou os rumos do Ensino Médio brasileiro. A proposta de reforma apresenta mudanças ao currículo da modalidade. No Tocantins, quem começar o primeiro ano na escola Serviço Social da Indústria (SESI) de Gurupi, neste primeiro semestre, já entrará nos moldes da reforma. São 36 vagas que já foram preenchidas.
O novo currículo está diretamente interligado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), no primeiro ano do Ensino Médio. Os alunos serão direcionados a aprender sobre o mundo do trabalho. Enquanto no segundo e terceiro ano, a prioridade será a área de conhecimento das ciências da natureza, ou seja, os estudantes matriculados aprenderão sobre física, química e biologia.
A gerente estadual da unidade executiva Sesi, Veruska Wielmound, entende que o aluno precisa, desde a educação básica estar preparado para o mercado de trabalho. E defende a criação de novas estratégias de avaliação do estudante.
“Prova não é o que prepara o aluno para o mercado de trabalho. Prova é para demonstrar que ele sabe o conteúdo. E a aplicabilidade, e solução de problema? O modelo de avaliação é bastante qualitativo (no novo Ensino Médio). Ele é um modelo de observação e registro de aluno por aluno. É um registro individualizado olhando todo o comportamento do aluno no decorrer da sala de aula”, explica Wielmound.
Além do currículo específico voltado para ciências da natureza, os estudantes também participarão de oficinas de complemento. Neste semestre, por exemplo, os alunos vão passar duas tardes do mês com um profissional que ensinará técnicas de redação. A expectativa, segundo Wielmound, é que no próximo semestre os alunos também tenham oficinas de robótica.
“Muitas vezes, o professor vai entrar em sala de aula com dois ou três professores de outra área. Todo planejamento deles vai ser interdisciplinar. Um assunto contribui para o outro, que contribui para o outro, e assim as áreas se correlacionam”, afirma Wielmond, sobre as estratégias de ensino.
Proposta pedagógica
A proposta prevê que no primeiro ano do Ensino Médio, o aluno seja preparado para o mundo do trabalho, que inclui uma formação genérica para as profissões da indústria, orientação profissional e desenvolvimento de competências socioemocionais. Já no segundo ano, além das áreas de conhecimento, os alunos vão ter acesso aos fundamentos e práticas de formação. Por fim, no terceiro ano, a carga horária vai ser de formação técnica e profissional dedicada às aprendizagens específicas de cada curso.
O diretor-geral do Senai e integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), Rafael Lucchesi, entende que essa é uma maneira de modernizar o ensino dos estudantes e que isso vai melhorar a qualidade dos trabalhadores da indústria. “É claro que temos um grave problema na indústria brasileira que a baixa qualidade, a baixa escolarização da média populacional brasileira, o que faz com que a produtividade do trabalho no Brasil seja muito baixa”, afirma Lucchesi.
Lei 13.415/2017
Aprovada em 2017, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabeleceu uma mudança no formato do Ensino Médio, e ampliou o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para mil horas. Dessa forma, ela define uma nova organização curricular, que é mais flexível e que deve seguir uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um conjunto que orientações que deve nortear a elaboração dos currículos das escolas públicas, privadas e das redes de ensino em todo o país.
De acordo com o texto, a mudança tem como objetivo garantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens brasileiros e aproximar as escolas à realidade dos estudantes. Todas as escolas devem se adaptar ao novo currículo até 2020.