Em 2018, foram registrados no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT) 161 casos de atendimento por acidentes com escorpião; dentro deste número, em janeiro e fevereiro ocorreram 11 casos, sendo que este ano, no mesmo período já somaram 37 atendimentos. O aumento significativo dos casos é um alerta para que a população se atente para cuidados e medidas de prevenção. A Unidade de Saúde é filiada à Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e fica instalada no município de Araguaína (TO).
A médica residente em clínica médica Rejane Cris ressalta que o diagnóstico precoce e o tempo entre a picada e a administração do soro são cruciais para evitar casos graves, portanto o ideal é procurar o médico o quanto antes. “A partir das manifestações clínicas, o acidente pode ser considerado leve, moderado ou grave. O quadro clínico é bastante variável e irá depender do tamanho do escorpião, das características biológicas do indivíduo, da espécie, da quantidade de veneno inoculado e se o paciente é alérgico ao veneno”, explicou.
Ainda de acordo com a profissional, geralmente a dor é o sintoma mais comum seguido de edema (inchaço) e parestesia (formigamento) no local da picada. Alguns casos são considerados graves, principalmente em crianças e idosos, dentre os sintomas, os mais relatados são vômitos, náuseas, turvação visual, dispneia (falta de ar) e podem levar a alterações cardíacas e morte.
Para o tratamento é realizado a soroterapia que tem o objetivo de neutralizar o veneno circulante, e também administrado medicações para dor.
Orientações do CCZ
De acordo com a médica veterinária do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Araguaína, Luciana Coelho Gomes, é necessário controlar as populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já que a erradicação não é possível e nem viável, no entanto, o controle pode diminuir o número de acidentes, consequentemente a morbi-mortalidade.
As principais medidas para evitar o aparecimento de escorpiões nas residências são basicamente: manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar; acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados; eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos, cupins e outros pequenos animais; evitar a formação de abrigos de escorpiões , como restos de materiais de construção, entulhos e lenhas; manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões; vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borrachas e telar as aberturas de ralos, tanques e pias.
Ao encontrar um escorpião em casa, mesmo que aparentemente ele possa estar morto, proteja suas mãos para removê-lo (com luvas e utilização de pinça), e caso a pessoa tente matar, o melhor que seja colocado de imediato num frasco bem tampado, e com cuidado para que não seja picado. O mesmo pode ser entregue na Unidade de Vigilância em Zoonoses, para que seja identificado e/ou enviado para identificação no Laboratório Estadual de Entomologia, em Palmas (TO).
Tipos de escorpião
A veterinária do CCZ explica que existem 1600 espécies de escorpiões no mundo, dentre elas apenas 25 são de interesses de saúde, os do gênero Tityus são os maiores causadores de acidentes no Brasil. A maioria das espécies desse gênero são venenosos, que são os escorpiões de coloração amarela, e de tamanho menor (alguns encontrados em Araguaína).
Importante ressaltar que o controle químico (borrifação de venenos) é ineficaz no combate a esses animais, pois os mesmos costumam se esconder em frestas de paredes e conseguem ficar um tempo (alguns dias) sem respirar na presença de oxigênio.
Mais informações
A população pode ajudar no combate a esses animais seguindo as orientações de limpeza de suas residências, da parte externa e interna, e que caso aconteça um acidente com esse animal, a pessoa seja levada de imediato a uma Unidade de Saúde. E caso haja alguma dúvida, pode entrar em contato com a UVZ, por meio do número do telefone