Quem participou do 1º Simpósio Pecuária Dinâmica, que ocorreu nos últimos dias 9 e 10 de maio na Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins), pode conhecer as maravilhas que a adoção de tecnologias na pecuária pode promover na criação intensiva ou extensiva de gado, qualificando a pecuária de precisão. Diversos pecuaristas do Estado se mostraram interessados em modernizar sua criação.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Pedro Paulo Pires, que falou sobre o desenvolvimento de softwares e hardwares para uso na pecuária, diversos produtores ficaram impressionados com as possibilidades trazidas pela adoção de tecnologias no pasto. “Nós mostramos as ferramentas, equipamentos, softwares que já estão disponíveis para que o produtor e o técnico gerenciem a produção, saibam quais são os números, o rendimento de cada animal, informações do meio ambiente, bolsa de valores, campanhas de vacinação, etc”, pontua Pires.
Atualmente é possível controlar eletronicamente todas as atividades em campo, incluindo a altura de pastagem e o tempo de permanência dos animais por área. Também é viável verificar se determinado piquete está engordando da mesma forma que o piquete vizinho, o que indicaria o nível de fertilidade do solo. “A pecuária de precisão te dá essas informações, mede os números para que você tome as decisões”, destaca o pesquisador, que lamenta a baixa a adoção dessa modalidade entre os criadores brasileiros. “Trata-se de uma grande mudança de comportamento e o pecuarista é muito resistente. O nosso papel é mostrar que esse caminho não tem volta: se o Brasil quiser produzir o que ele se propôs, ele obrigatoriamente tem que passar pelo controle da produção”, enfatiza o pesquisador.
Elevação de produtividade
Quem também falou sobre pecuária de precisão durante o seminário foi o analista Pedro Alcântara, da Embrapa Pesca e Aquicultura. Na sua palestra, ela abordou sobre como elevar a produtividade e rentabilidade na recria e terminação a pasto. Por esse sistema, é priorizada a capacidade de suporte (com adubação nitrogenada) e o desempenho individual (por meio de suplementação), visando o abate com idade até 24 meses. “Por esse método há um potencial produtivo de 40 a 50 arrobas por hectare ao ano”, destaca ele.
O analista também falou sobre o ABC Corte que está sendo desenvolvido no Tocantins. Trata-se do projeto Rede de Transferência de Tecnologias do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono para a Bovinocultura de Corte do Tocantins com ênfase na intensificação da produção de carne em pastagens. Aqui, cada técnico assume a responsabilidade de implantar uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) entre os produtores que ele já acompanha. Essa URT é então utilizada pra disseminar tecnologias e validar os sistemas para aquela região.
Pastagens degradadas
Se a tecnologia pode ser uma poderosa aliada para o produtor, o cuidado com a pastagem é a base para a boa produtividade. E na hora de recuperar a pastagem degradada vários fatores devem ser considerados, tais como: um bom diagnóstico do que precisa ser recuperado; a análise do ambiente interno e externo da propriedade; o conhecimento das alternativas de recuperação disponíveis e a escolha da opção mais adequada. Para Marcelo Cunha, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura que falou sobre Recuperação e Reforma de Pastagens Degradadas, não existe solução única para alcançar boas produtividades em sistemas de produção animal em pastagens, nem uma solução é melhor do que a outra. “Os técnicos precisam evitar aplicar a mesma receita de bolo para todos os casos. Cada propriedade deve ser tratada de forma diferenciada, para que as chances de sucesso aumentem”, destaca o pesquisador.